Com 92 anos, Carlos Pereira de Lemos conta com mais de 30 anos como cônsul honorário de Portugal em Melbourne, mas, apesar da idade, continua a reclamar mais responsabilidades, como a emissão de documentos.

O cônsul honorário mais antigo foi hoje aplaudido na abertura do seminário “Rede honorária de Portugal no Mundo: Realidade e Potencial”, recebendo felicitações do primeiro-ministro, António Costa, e do secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.

Carlos Pereira de Lemos, condecorado pelos Estados português, de Timor-Leste e Austrália, é responsável por um consulado honorário que presta serviço a uma comunidade de cerca de 18 mil pessoas.

“Chegamos a receber 60 chamadas por dia”, comentou, à Lusa. No consulado honorário trabalha “uma pessoa e meia”, porque “não há dinheiro para pagar salários”.

Do Governo português recebe “um pequeno subsídio”, que não cobre as despesas.

“Não é um grande negócio ser cônsul honorário”, ironiza, mas a falta de dinheiro é compensada com “a honra de representar o país”.

“Para quem vive fora de Portugal, estas coisas têm um significado ainda mais importante”, comentou.

O seu consulado e o de Perth são os únicos que estão autorizados na Austrália a emitir os documentos, mas Carlos Pereira de Lemos reclama mais meios e critica a “relutância” do Ministério dos Negócios Estrangeiros em alargar as competências dos consulados honorários.

“Os cônsules honorários não são estúpidos, são pessoas capazes de fazer coisas e são responsáveis”, comentou.

Pedro Gonçalves, cônsul honorário em Los Teques, Venezuela, afirma que “seria uma maravilha” se as suas funções fossem alargadas.

“A minha comunidade [mais de 40 mil pessoas] é uma comunidade esquecida. Nestes sete, oito anos, foram feitos perto de 15 mil atos consulares”, mas o consulado honorário limita-se a reencaminhar a documentação para os serviços de Caracas, descreveu.

Pedro Gonçalves, natural da Madeira, relata que “entre 10 a 15 por cento dos jovens estão a sair” da Venezuela, principalmente para países hispânicos, enquanto os idosos preferem regressar a Portugal, “por causa da saúde e dos medicamentos”.

“Eu continuo a apelar à minha comunidade que tenha paciência, força e que continue a trabalhar por esse grande país, com grande riqueza, que recebeu a nossa comunidade de braços abertos”, comentou Pedro Gonçalves, que trabalhou com o Governo do antigo Presidente Hugo Chávez.

Durante dois dias, quase metade dos 234 cônsules honorários participam em Lisboa no primeiro encontro com membros do Governo e responsáveis públicos.

Nem todos são portugueses e alguns têm mesmo relações muito longínquas com Portugal.

Mais conhecimento sobre o número e localização dos lusodescendentes de forma a suportar melhores políticas públicas e privadas nesta área é um dos objetivos do primeiro fórum dedicado às gerações seguintes da diáspora, na quarta-feira em Lisboa.

Emigrantes da Venezuela ofereceram uma imagem de Nossa Senhora do Coromoto, Padroeira da Venezuela, no passado dia 15 de Abril, na igreja paroquial de São Martinho.

Como tem vindo a acontecer ao longo dos anos, os emigrantes madeirenses procuraram mais uma vez celebrar as suas raízes, num jantar que decorreu sábado, 14 de Abril, no Canadian Madeira Club.

O grupo madeirense Dançando com a Diferença e a Companhia La Ribot, através deste espectáculo, pretendem promover a inclusão.