Integrar e facilitar a vida de quem chega à Região desamparado é a missão da Venecom, Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos da Madeira.

Perto de uma centena de pessoas passaram ontem pela sessão levada a cabo pela organização, no auditório do Instituto de Emprego, em busca de respostas à complexa burocracia portuguesa.

Venecom

Esclarecer quais os documentos e os processos necessários para se integrar na comunidade, quer em relação ao registo civil, quer na Educação, foram as principais dúvidas dos presentes, sendo que existem muitas barreiras colocadas a estas questões.

“A maior dificuldade” prende-se com “a emissão dos documentos que é feita na Venezuela”, esclareceu Marilin Moniz, vice-presidente da associação, explicando que existe “um polvo por detrás destes documentos”, sendo “difícil” e levando “muito tempo” a obter os papéis necessários para se manter legalmente na Madeira, pois têm de ser pagos “favores” para acelerar o processo naquele país sul-americano.

“Eles vão ficando aqui. Vêm com o visto de turista, ficam 6 meses cá e alguns conseguem trabalho até terem a documentação necessária”, disse Marilin, dando a conhecer casos que “estão à espera há dois anos” pelo visto português, mostrando-se preocupada com a lentidão. E nem a propósito, Maria de Lurdes Serrano, directora da Conservatória dos Registos Centrais, esteve a responder a muitas questões dos presentes, embora não às dos jornalistas.

Houve ainda espaço para algumas críticas endereçadas à Ordem dos Médicos Portugueses, que não reconhece o curso tirado na Venezuela no nosso país. “Ficam aqui há espera para ter trabalho num bar qualquer”, lamentou em relação aos médicos luso-venezuelanos.

Marilin Moniz disse ainda que faltam apoios sociais para estas pessoas “porque não têm dinheiro”, exemplificando com números: A Venecom prestou auxílio a 674 pessoas.

“Não podem ficar em casa”

Marco Gomes, director regional da Educação, esteve presente no encontro de elucidação e avançou que “as escolas têm a informação para receber todos os alunos”, e que depois será encontrada a forma de ultrapassar “aquelas que são as dificuldades no que diz respeito à documentação”.

“Há um valor fundamental: Os alunos dos seis aos 18 anos estão enquadrados no ensino obrigatório e como tal têm de estar na escola”, alertou Marco Gomes, frisando que “as crianças não podem ficar em casa”.

Quanto às equivalências será necessário pedir ao sistema educativo a compatibilidade académica e, nesse sentido, será preciso “anexar documentos que comprovem, traduzidos em português e autenticados pela embaixada do país”, informou o director.

Como exemplo da força de vontade dos luso-venezuelanos, Marco Gomes motivou a sala e encheu-a de orgulho ao anunciar que uma aluna do Campanário chegou há dois anos à Madeira e “já é a melhor da escola”, isto depois de explicar como funcionava o sistema de ensino em Portugal, nomeadamente sobre as ofertas formativas. Cerca de 400 alunos foram integrados nas escolas até agora.

In Diário de Notícias da Madeira