Os conselheiros das comunidades portuguesas exortaram o Governo a ouvir mais os emigrantes, em vez de impor uma política feita "a partir de Lisboa", para evitar "assistencialismo e paternalismo".
"Se não queremos assistencialismo nem paternalismo, como diz o próprio Governo, é importante que a política das comunidades venha das comunidades para Portugal e não de Portugal para as comunidades, ou que, pelo menos antes de ser devolvido para as comunidades, que elas sejam mesmo escutadas", disse Flávio Martins, presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP).
O conselho permanente do CCP, com 12 conselheiros, foi ouvido ontem por deputados com assento na comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, no parlamento português, onde este órgão se reúne até hoje.
"A visão é sempre a partir de Lisboa. As pessoas aqui de Portugal deveriam ouvir mais as comunidades, não apenas o CCP, mas as comunidades mesmo", considerou o responsável do CCP, que elogiou a iniciativa do atual executivo de levar membros do Governo ao encontro de emigrantes, nos chamados "Diálogos com a Comunidade".
Durante a audição, Amadeu Batel, conselheiro pela Europa, deplorou o que disse ser a "não inscrição das comunidades portuguesas no espaço político português", defendendo que "há muito trabalho a fazer" na educação das novas gerações sobre os emigrantes.
"Não vale a pena darmos direito de voto a 1,2 milhões de emigrantes. Tem de se motivar [as pessoas] e para isso tem de haver uma política concertada", sustentou, aludindo à proposta do Governo de facilitar a inscrição dos emigrantes através do recenseamento automático.
Flávio Martins também reconheceu que o CCP "precisa de se afirmar mais, a nível institucional", e uma das propostas em cima da mesa é a criação de uma página na internet deste organismo.