O Governo português possui um plano de contingência para a comunidade portuguesa na Venezuela, em caso de agravamento da situação no país.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse recentemente que, “à luz da lei portuguesa, dispomos sempre de planos de contingência, também procurando responder a eventuais problemas que ocorram, e esses planos de contingência existem em relação a todas as regiões onde se localizam comunidades portuguesas”, referiu em conferência de imprensa conjunta em Lisboa com o chefe da diplomacia de Havana, Bruno Rodríguez Parrilla.
“O que vale para o todo vale para cada uma das suas partes e, portanto, nós temos um plano de contingência em relação a eventuais problemas com a situação dos portugueses na Venezuela, como temos planos de contingência em relação a eventuais problemas com portugueses na República Democrática do Congo ou em outros espaços”, assinalou, mas escusando-se a divulgar a natureza.
O chefe da diplomacia portuguesa recordou ainda, numa referência específica à situação política e social na Venezuela, que “Portugal tem cerca de cinco milhões de naturais de Portugal ou com nacionalidade portuguesa vivendo no estrangeiro, e em relação a todos eles temos obrigações constitucionais de proteção consular e de proteção em circunstâncias de insegurança ou de outros incidentes que possam pôr em perigo o sue bem-estar ou as suas próprias condições de existência”.
O seu homólogo cubano, que hoje iniciou uma visita oficial a Lisboa, optou por sublinhar a “relação fraterna” entre Havana e Caracas, assegurou ser “testemunha do enorme carinho que existe na Venezuela por Portugal” e insurgiu-se contra qualquer “intervenção ou ingerência estrangeira” no país da América do Sul, que tem direito a afirmar a sua “autodeterminação”.
Emigrantes estão a regressar
Por sua vez, o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, disse que a situação de radicalização na Venezuela não pode durar “muito tempo”, admitindo que se regista um regresso de muitos dos emigrantes naquele país.
O chefe do governo insular admitiu que está a registar-se um regresso de emigrantes, uma situação que considerou normal neste tipo de contextos.
“Estamos a apoiar e alguns deles vêm para a Madeira, há uma comunidade já muito grande em Miami, na Colômbia”, referiu.
Miguel Albuquerque referiu que o Sistema Regional de Saúde da Madeira tem registado “um aumento quer dos tratamentos dos emigrantes, quer no consumo dos medicamentos”.
Também mencionou que se verificou “uma afluência muito grande de pessoas da Venezuela que, chegando à Madeira com dificuldades, inscrevem-se no desemprego”.
O líder madeirense salientou que as autoridades regionais estão a acompanhar a situação, estando em contacto com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e que o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira, Sérgio Marques, esteve reunido com os diversos centros sociais naquele país.
“Estamos a tentar apoiar a nível de medicamentos e por via das instituições de solidariedade social”, vincou Miguel Albuquerque, sustentando que o “relacionamento relativamente ao Estado é complicado, uma vez que tendo uma comunidade emigrante muito grande não pode ter posições que depois tenham reflexo sobre a comunidade lá residente”.
O presidente do governo regional assegurou que a Madeira tem “um contacto permanente com a comunidade” na Venezuela, argumentando que “não há uma família madeirense que não tenha um residente” naquele país.
“As infraestruturas do país estão a sofrer imenso. A Venezuela é um país muito rico e que tem neste momento problemas de produtividade e de distribuição. Fazemos fé que as coisas vão melhorar”, concluiu.