O presidente do governo madeirense, Miguel Albuquerque, considerou hoje que, depois de as duas regiões autónomas terem estado "muitos anos de costas voltadas", no último ano, tem existido "uma cooperação profícua e ativa" que deve ser aprofundada.
"As regiões estiveram muitos anos de costas voltadas e, neste momento, temos todas as condições para melhorar e dar maior visibilidade a essas relações e para que exista, como está a existir, um diálogo permanente entre as duas regiões", disse Miguel Albuquerque à agência Lusa.
Fazendo um balanço positivo do trabalho desenvolvido desde a realização da denominada Cimeira Açores-Madeira, que decorreu entre os dias 29 de janeiro e 02 de fevereiro de 2016, no arquipélago açoriano, o governante madeirense considerou que foi possível estabelecer uma "cooperação que tem sido profícua, ativa e se tem desenvolvido de uma forma muito útil para as duas regiões".
No âmbito deste encontro foram estabelecidos cerca de uma dezena de protocolos de cooperação em diferentes áreas.
O chefe do Governo da Madeira sustentou que foi "cumprido um número bastante elevado das metas que estavam consignadas" nesses acordos, nomeadamente nas áreas da cultura, artesanato, saúde, ambiente e florestas, pescas e aquacultura.
Albuquerque admitiu que houve um "abrandamento" nos projetos nos últimos meses, devido à realização das eleições legislativas nos Açores, e acrescentou que, "uma vez esgotado o ato eleitoral", os executivos regionais têm de "trabalhar em função daquilo que são os interesses primaciais das regiões e dos povos que representam".
No seu entender, visto que "os governos são os mesmos, o que interessa é na verdade acentuar esta cooperação entre as duas regiões autónomas", até porque estão reunidas "todas as condições para retomar com muita dinâmica”.
"Temos de dissociar os interesses de Estado das conjunturas partidárias", realçou, assegurando que existe "um ótimo relacionamento institucional com o Governo dos Açores" e que as duas regiões vão continuar a "neste ano a trabalhar ativamente".
Miguel Albuquerque destacou que, devido à sua condição de zona ultraperiférica e arquipélago, as duas regiões devem ter "uma cooperação muitas vezes definida" no âmbito das instituições da União Europeia.
Os dois executivos insulares têm "ainda áreas para desenvolver, designadamente a nível do comércio", referiu.
Ainda assim, sublinhou, aquilo que já foi alvo de protocolo "não se limitou a ficar no papel e tem dado os seus frutos".
Na área das pescas, por exemplo, o acordo permitiu que os barcos da Madeira fossem autorizados a pescar nos bancos dos Açores, tendo 30 embarcações açorianas sido licenciadas para utilizar as águas madeirenses. A Madeira também deu formação e os dois executivos continuam a trabalhar em matéria de aquacultura.
O Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram) ministrou formação em trauma e catástrofe no arquipélago dos Açores, estando igualmente em curso a realização de um estudo que visa o registo oncológico, de rastreio do cancro de mama, colo do útero, do cólon e reto e oral.
Albuquerque mencionou ainda diversas ações de intercâmbio cultural ao nível das bibliotecas, arquivos e no acolhimento de uma exposição de artistas açorianos, apontando que foram enviadas para várias instituições nos Açores publicações editadas na Madeira.
Sobre a representação das duas regiões que abrirá em Bruxelas – outra iniciativa resultante do encontro de 2016 -, o líder madeirense comentou que o trabalho está "avançado".
"É determinante e importante que as duas regiões aproveitem as respetivas valências em muitos domínios para obtermos benefícios recíprocos para os açorianos e madeirenses", declarou.