Natural de Braga, André Zhou fala com sotaque do norte e torce pelo Futebol Clube do Porto, mas considera-se “filho de dois mundos diferentes”.
Filho de emigrantes chineses, nascido e criado em Portugal, há 29 anos, André Zhou é agora proprietário do Viva!, o único restaurante em Xangai onde é servido o mais famoso petisco do Porto, a francesinha.
“É um dos pratos que mais gosto em Portugal e que nenhuma outra cozinha faz”, diz à agência Lusa André Zhou, sobre a opção de levar até à capital financeira da China aquele ‘ex-líbris’ portuense.
Servida com ovo e batata frita e regada no molho essencial, a francesinha do Viva! é fiel à versão ‘tripeira’ e apenas o nome em chinês foi adaptado.
“Sendo um prato português e para não criar confusão com os nossos clientes chineses, chamei-lhe portuguesinha picante”, explica o empresário.
Inaugurado há dois anos, o Viva! fica em Weihai Lu, próximo de uma das ruas comerciais mais frequentadas do centro de Xangai.
O menu, escolhido por Bruno Magro, chef e consultor português radicado na China desde 2008, inclui ainda moelas, amêijoas à Bulhão Pato ou secretos, entre outras iguarias típicas de Portugal.
“Escolhemos pratos com que os chineses se identificam mais, com condimentos que eles geralmente usam aqui na China”, conta André.
Entre as iguarias que saem melhor, o empresário destaca o arroz de marisco, o frango piripíri, as lulas e os bolinhos de bacalhau.
A sapateira recheada, a opção mais cara no Viva!, que custa 280 yuan (quase 40 euros), também sai bem: “É um prato bonito, os chineses gostam de tirar fotos e partilhar no Wechat (o aplicativo chinês que junta funções do WhatsApp e Facebook)”.
Para os cerca de 300 portugueses radicados em Xangai, o Viva! tornou-se já um ponto de encontro.
Numa sexta-feira à noite, depois dos pratos limpos e arrumados, as mínis da Super-Bock e o vinho português tornam-se a especialidade da casa.
“Não somos muitos, mas quando nos juntamos, é sempre uma festa”, descreve André Zhou.
Após a final do Europeu de futebol, que Portugal ganhou à França, o Viva! só fechou às 10 da manhã do dia seguinte: “Ficámos a beber e a saltar. Foi espetacular. Nunca me vou esquecer”.