Albuquerque pondera conceder bolsas para pós-graduações nos EUA
O presidente do Governo da Madeira garante ter “ganho o dia” com a visita que fez ontem ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “O futuro mora aqui”, confidenciou Miguel Albuquerque após duas horas de descoberta dos diversos projectos do Media Lab.
Do que viu e lhe foi explicado ao pormenor pelo director de desenvolvimento e estratégia do MIT Media Lab, Peter Cohen, o governante conclui que a Região está no caminho certo em termos de inovação tecnológica e de diversificação da sua base económica.
“Isto que se está a fazer no MIT é extraordinário é só vem dar razão à opção que a Madeira fez pelo M-ITI. É algo que lemos nos livros mas constatar in loco aquilo que é um processo da evolução tecnológica é extraordinário, desde a nanotecnologia, à inteligência artificial, à manipulação dos materiais, à impressão 3D. Isto tudo vai revolucionar o mundo e evidentemente a Madeira tem que estar ao nível deste ensino de ponta”, revela.
A Região prepara-se por isso para ter uma maior intervenção na área das tecnologias, junto dos núcleos fundamentais. Casos da Universidade e das empresas do sector tecnológico. “Temos que reforçar essa estratégia, temos que pensar no assunto e temos uma série de informação que nos foi facultada pelo director do Media Lab. Agora vamos tomar decisões”, observa.
Várias alternativas estão em equação. Miguel Albuquerque - que leva na bagagem um jogo didáctico para crianças ‘banana piano’ que resulta dos projectos de interacção homem/computador - quer ter escolas básicas e secundárias a pensar numa lógica tecnológica, tirando proveito dos bons alunos em matemática e robótica. Admite envolver empresas locais em projectos pioneiros, porventura candidatos a programas em universidades que valorizam a criatividade.
Miguel Albuquerque abre o jogo: “O Media Lab está disponível para colaborar connosco. Já colabora com outros governos e cidades estrangeiras. Mas o mais importante neste momento era a possibilidade de apoiar com bolsas de estudo alguns estudantes de pós-graduação - e nem precisam de ser de engenharia informática, pois podem ser até da área do design - para termos bons alunos. Temos essa hipótese. Vamos pensar nisso na certeza que será um grande investimento”.
Futuro: implicações ponderadas
n Três investigadores, todos com menos de 30 anos, mostraram à comitiva que acompanha a visita de Miguel Albuquerque aos EUA e Canadá a diversidade de soluções que criam rupturas e novos mundos. Caso da crescente substituição do homem pela máquina. Aliás, no MIT, os efeitos nos postos de trabalho são assumidos sem complexos.
Contudo, para além da substituição das funções de rotina, o que mais impressionou Albuquerque foi ter constatado que se “trabalha para que a inteligência artificial, a quem são incutidos princípios como a ética, seja capaz de emitir juízos de valor e proceder a novas funções”. Neste momento já existem carros sem condutor mas falta saber que procedimentos o computador deve adoptar se por exemplo atropelar alguém.
O armazenamento do DNA é tido como momento vanguardista. “Estão a fazer a recolha de toda a informação genética, com biliões de dados acumulados, que pode ser usada nas missões espaciais em robôs que se misturem com a componente humana”, refere.
Um instituto imponente
100
No MIT trabalha-se com um horizonte de 100 anos, que na prática podem ser de 20. Quem diria que em tão pouco tempo os materiais que usamos no nosso dia-a-dia, como uma camisola, fornecessem informação relevante, permitissem telefonar ou consultar arquivos?
80
O Media Lab é apoiado por 80 membros, muitos dos quais verdadeiras multinacionais que garantem anualmente ao Instituto mais de 60 milhões de dólares. Coca-Cola, Lego, Ikea, Twitter, Unilever são alguns dos apoiantes de vulto.
25
Estudantes, investigadores e membros trabalham em 25 grupos de pesquisa e em mais de 350 projectos.
6
O projecto interactivo ‘scratch’ é um caso de sucesso e envolve mais de 6 mil histórias, jogos e animações.
1985
O MIT Media Lab Abriu portas em 1985 com a missão de combinar o futuro digital com um novo estilo da invenção criativa.
Programa
Albuquerque viajou ontem para o Canadá
Depois de passagens por New Bedford, Newport, Providence e Boston, o líder madeirense viajou ontem para o Canadá, com duas cidades na rota: Montreal e Toronto.
Em Montreal, onde se estima que a comunidade portuguesa seja composta por 65 mil pessoas, embora só 600 sejam madeirenses, Albuquerque visitou a sede da Caixa Desjardins Portuguesa, uma instituição financeira de referência da Comunidade Portuguesa do Quebec e um convívio na Missão Católica Portuguesa de Santa Cruz.
A última etapa do périplo presidencial contempla ainda uma passagem por Toronto. Para além de encontro com empresários no Consulado Geral de Portugal, Miguel Albuquerque e comitiva visitam a galeria dos Pioneiros, património da Comunidade Portuguesa, que em 2003 foi fundada por dois madeirenses, casos de Bernardete Gouveia e de José Mário Coelho, com o intuito de perpetuar a memória e as histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Antes do regresso a Portugal, há ainda um encontro com a comunidade no Canadian Madeira Club, instituição fundada em Junho de 1963, 10 anos após a chegada do primeiro grupo de madeirenses.
Albuquerque terá encontros com entidades governamentais e municipais em Toronto e Montreal, estando prevista audiência com o Ministro das Finanças, Charles de Sousa e com o Presidente da Câmara de Montreal, Denis Coderre. Preside também a reunião com empresários e operadores turísticos portugueses e canadianos alusivo ao tema “Oportunidades de negócio e o sector turístico da Madeira”.
In Diário de Notícias da Madeira