O Governo Regional está apostado em dar continuidade ao trabalho em curso para que haja uma ligação aérea directa entre os Estados Unidos e a Madeira. Miguel Albuquerque coloca como forte hipótese a concretização de uma operação que envolva um voo charter, semanal, opção que não só recupere o mercado americano, nos anos 50 e 60 muito presente na ilha, mas também dê resposta a um sonho da comunidade madeirense.

VooCharterEUA

“Estou muito optimista. Temos todas as condições para termos um voo directo para a Região e que está a ser pensado há alguns meses pela Associação de Promoção.

Este mercado é imenso e as pessoas têm uma grande disponibilidade financeira para o turismo”, refere o chefe do executivo, embora admita que ainda falta divulgar mais o destino junto dos operadores americanos.

Se em conjunto com os hoteleiros madeirenses houver um esforço para encher os aviões, “temos possibilidades de captar este mercado que sobe em Lisboa de forma exponencial e que poderá ajudar a Região a precaver-se se surgir instabilidade nalguns mercados tradicionais”, garante.

O sector em alta, com mais de sete milhões de dormidas no ano passado, agradece o empenho. E a determinação: “Vamos conseguir. Este é um mercado muito grande mas com boas condições para ser trabalhado. Também há alguns anos diziam que não se conseguia exportar Vinho Madeira para os EUA e conseguimos. É altamente competitivo mas não devemos ter medo da competitividade. Devemos ter medo é quando nos fechamos sobre nós próprios e pensamos que é difícil conquistar o mundo”.

Miguel Albuquerque quer também mais turistas americanos na Madeira para aumentar os índices de fidelidade ao destino. A percentagem de repetentes ronda actualmente os 30%, valor que pode crescer se “a diversidade da oferta e a arte de bem receber” vingarem. “O destino é seguro, tem belezas naturais únicas e não há servilismo”, enfatiza.

Comunidade agradece
Apesar de ligações aéreas directas a Portugal serem hoje mais frequentes, desde cidades como Boston, Nova Iorque ou Miami, a comunidade agradece e aplaude a intenção do executivo. Porque quer estar mais próxima das origens. Porque não admite perder tanto tempo em ligações por vezes demoradas. Porque julga ter capacidade para tornar a operação atractiva.

O aplauso vigoroso fez-se notar no fim do primeiro dia da visita de Miguel Albuquerque aos Estados Unidos da América e ao Canadá. A comunidade de New Bedford rejubilou com a ideia apresentada, fazendo votos que permita que o presidente do Governo participe no próximo ano num evento com dimensões inéditas em todo o mundo português.

Este ano, os quatro dias de festa do Santíssimo Sacramento atraíram mais de 250 mil pessoas e renderam cerca de um milhão de dólares, canalizado para apoios sociais. Um momento que enche de felicidade uma comunidade que tem forte intervenção na cidade.

“A ilha da Madeira pode ter o maior orgulho nesta comunidade que aqui vive...É uma comunidade com vitalidade, com força e com dignidade. Vive dias gloriosos com a expressão máxima na festa do Santíssimo Sacramento e tem postura de unidade admirada em New Bedford”, enalteceu emocionado o Cônsul de Portugal Pedro Carneiro, que foi elogiado pelo “trabalho sério” por Miguel Albuquerque.

Ganhar escala em vez de festinhas
Nos dois primeiros dias da visita aos Estados Unidos da América e ao Canadá o presidente do Governo cumpriu com um dos objectivos do périplo: visitar a comunidade, reforçando uma relação que já é “adulta e madura”, sem deixar ninguém de fora, envolvendo a segunda e terceira gerações, num compromisso permanente com o futuro.

Miguel Albuquerque entende que importa preservar as componentes ligadas à afectividade e à amizade, mas é hora de acentuar uma nova dinâmica. “Durante muitos anos fizemos uma ligação à diáspora através de uma política mais festiva e de saudade. Neste momento temos que aproveitar a diáspora portuguesa para ganharmos escala e valor económico. Portugal sendo um país cosmopolita e aberto ao mundo e sendo ultraperiférico tem a mais valia de ter uma comunidade espalhada em todo o mundo com gente em lugares de decisão na área económica, administrativa e política e temos que estabelecer essas parcerias para podermos crescer em escala”, sublinha.

É por isso que julga ser necessário “encarar de uma forma inovadora” a cooperação a manter com os países da diáspora, como já acontece com a África do Sul, o que implica estabelecer vínculos permanentes quer a nível político, mas também a nível empresarial. Daí que integrem a comitiva empresários ligados às áreas da inovação, imobiliário e negócios internacionais.

Num encontro com a comunicação social, em formato de conferência de imprensa, pois foram inúmeras as solicitações para entrevistas, Miguel Albuquerque exibiu ainda a credibilidade e transparência do CINM, a potencialidade da Região no domínio das novas tecnologias e no mar. Portuguese Times, O Jornal, Portuguese Channel, Rádio Voz do Emigrante, Standard Times, WJFD foram os meios interessados na meia-hora de conversa com o líder do governo madeirense.

Miguel Albuquerque aconselhou ainda possíveis investidores a verem a Madeira como plataforma com boa posição estratégica, com capacidade de garantir benefícios credíveis e capaz de dar dimensão geopolítica aos negócios e vantagens competitivas.

Uma montra em New Bedford
A exemplo dos Açores e de Cabo Verde, a Região vai passar a ter uma montra no New Bedford Whaling Museum que é geminado com o Museu da Baleia da Madeira.

O espaço interactivo e pedagógico foi visitado na tarde de sábado por Miguel Albuquerque, tendo sido recebido pelo presidente do Museu, James Russell, ficando o compromisso que em breve deverão chegar aos EUA os documentos e adereços que ligam a Região ao mar e às baleias, à emigração e às tradições. Uma braguinha está já prometida.

New Bedford é conhecida como a ‘Cidade das Baleias’, devido ao facto de possuir um dos mais importantes portos da indústria balear do mundo. Está completamente identificado com o Mar e a rica história do Museu revela uma relação íntima com as comunidades que serve.

O Museu foi fundado em 1903 pelos filhos dos progenitores da indústria baleeira norte-americana, motivados pelo orgulho cívico e o enorme desejo de preservar os artefactos.

Ontem Miguel Albuquerque também visitou um museu onde perduram as ligações dos madeirense com as origens, no Madeira Field, espaço que denota quão importantes são as recordações da terra natal para todos quantos deixaram a Madeira bem cedo.

O domingo ficou reservado a uma visita ao Portuguese Discovery Monument. Inaugurado em 1988 pelo Presidente Mário Soares, o monumento simboliza as boas relações existente entre Portugal e Estados Unidos, mercê do importante contributo da comunidade luso-americana a todos os níveis.

4% de madeirenses na comunidade lusa no no sudoeste de Massachusetts
Albuquerque voltou, 10 anos depois, a uma comunidade que tem bem vivas as “ligações afectivas” com a Região. Uma comunidade influente com cerca de 4% de madeirenses entre os 100 a 150 mil portugueses e lusodescentes que vivem no sudoeste de Massachusetts.

Em New Bedford 41% dos seus 95 mil habitantes são portugueses, Fall River (49% dos seus 88 mil habitantes) e Taunton (28% dos seus 55 mil).

Estima-se que a comunidade portuguesa residente nesta área consular seja proveniente das seguintes regiões: Arquipélago dos Açores (70%); Portugal Continental (26%), Arquipélago da Madeira (4%) e dedica-se essencialmente às seguintes áreas de atividade: industria (80%), construção civil (10%), pesca (5%) e serviços (5%).

in Diário de Notícias da Madeira