Criadora madeirense leva a Itália marca consolidada.
A estreia de Fátima Lopes (conforme revelou hoje o DIÁRIO) em feiras internacionais de calçado e de Luís Onofre em sapatos masculinos são duas das novidades portuguesas na edição da maior feira mundial do setor -- a MICAM -- que hoje arrancou em Milão, Itália.

FatimaLopescalcado

Em declarações à agência Lusa, a estilista Fátima Lopes justificou a aposta na internacionalização da sua marca de calçado com o facto de só agora, dois anos e cinco coleções depois do início da parceria que fez com a fabricante de sapatos de Felgueiras Joia da Europa, a "máquina estar montada".

"A marca Fátima Lopes já tem 23 anos em termos de coleções de vestuário, mas nestes anos nunca foi possível criar coleções sérias de calçado porque a ideia sempre foi fazer coleções exclusivas, únicas e com um 'design' completamente original", afirmou.

Depois da estreia na MICAM - onde Portugal está representado com uma comitiva recorde de 98 empresas, a segunda maior delegação estrangeira depois de Espanha - a coleção de Fátima Lopes parte em outubro para o 'show room' em Paris e segue posteriormente para a Ásia, para feiras em Macau e Cantão.

Garantindo que a marca de calçado, "a exemplo da moda, tem 100% o ADN Fátima Lopes, com linhas muito elegantes, geométricas, gráficas e femininas", a estilista diz ter apostado "no 'design', na qualidade e no conforto" e num "público-alvo muito abrangente, porque há desde os ténis aos sapatos de salto médio/baixo, 'stilletos', 'pumps', sapatos compensados e de cunhas".

Depois de uma primeira aposta no calçado feminino, a marca Fátima Lopes estreia nesta temporada primavera/verão 2017 uma coleção de ténis unissexo que, segundo a estilista, "marca o início da aposta que vai ser feita no calçado masculino".

Quanto aos mercados-alvo no processo de internacionalização, a estilista diz serem "transversais", incluindo desde a Europa à Ásia, passando pelo Médio Oriente e pelos EUA.

Sem querer avançar expectativas em termos de faturação no segmento do calçado, Fátima Lopes afirma apenas que "é uma aposta muito grande" que espera que venha a representar "muito volume", e confessa-se, nesta sua primeira experiência na maior feira de calçado do mundo, muito apreensiva com as cópias.

"A coleção está a ter uma grande aceitação, porque é muito original, e prova disso é que muita gente vem cá para ver e copiar. Estamos já a pensar que o nosso próximo 'stand' vai ter que ser muito mais fechado, para impedir o acesso fácil de quem vem para copiar", sustentou.

Longe de ser uma estreia na MICAM, onde marca presença desde o ano 2000, num total de "quase 32 edições" (a feira é bianual), o 'designer' de calçado Luís Onofre trouxe desta vez a Milão a sua primeira coleção de calçado de homem, que assume ter resultado de "uma brincadeira" e de "muitos pedidos" de vários clientes.

"Já tinha feito calçado de homem uma vez, em 2003, na altura com uma coleção muito simples que, até por questões de produção, acabou por não funcionar. Mas agora espero que seja a valer, pelo menos está a ser feito de uma forma mais profissional e com algo diferente, de que sentia falta no mercado, que eram modelos básicos, precisamente o oposto da coleção de senhora", afirmou.

Apesar desta mais recente aposta, Onofre diz esperar "continuar a ser conotado com o calçado feminino, porque a minha principal fonte de inspiração é sempre a mulher": "O homem é um acréscimo onde não ponho expectativas muito altas, mas se correr muito bem, melhor ainda", disse à agência Lusa o empresário de São João da Madeira.

Na base desta reduzida expectativa Luís Onofre adianta estar o facto de, desde logo, "os homens não valorizarem tanto o sapato como as senhoras", do que resulta que "compram, se calhar, dez vezes menos" que a clientela feminina.

Ainda assim, o criador garante ter "um prazer enorme em fazer [calçado de] homem", onde usou "os melhores materiais do mundo, com peles próprias com alguma espessura e resistência", e cujo resultado foi "uma coleção muito simples e básica, acima de tudo confortável", que tem a peculiaridade de ter incorporada uma palmilha especial, compensada, que "dá uns centímetros extra de altura aos homens".

Com uma faturação de 8,5 milhões de euros em 2015, ano em que as vendas foram bastante penalizadas pela contração do seu principal mercado - o russo -- Luís Onofre prevê vendas de nove a 12 milhões de euros este ano, mais de 90% das quais para exportação, sobretudo para os países nórdicos, França, Espanha, EUA e África (desde a África do Sul ao Gana, Gabão, Moçambique e Angola).

in Diário de Notícias da Madeira