A Câmara Municipal do Funchal, juntamente com uma comitiva oficial vinda de Gibraltar, colocou esta manhã uma coroa de flores no monumento em honra deste povo que esteve no Funchal durante a II Guerra Mundial.

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A cerimónia decorreu junto à capela do Parque de Santa Catarina e contou com mais de uma dezena de gibraltinos, alguns descendentes dos refugiados e, entre eles, Luís Pereira, um dos 2.000 acolhidos, na altura, pelos madeirenses.

O carinho que nutre pela Ilha é visível e se há coisa que não esquece, é a forma como foi acolhido naquele momento difícil da sua vida.

«Tivemos muito boa integração, tanto que quinze raparigas de Gibraltar casaram-se com madeirenses. E ainda há uma senhora que vive cá», referiu Luís Pereira, recordando que, na altura, os gibraltinos ficaram acomodados em hotéis, pensões e casas particulares nos arredores do Funchal.

«A Madeira é a minha segunda casa», disse o homem, agora com 90 anos de idade e que costuma vir com frequência à Madeira. «Venho pelo menos duas vezes por ano, na Festa da Flor e na Festa do Vinho», especificou, revelando que já trouxe consigo vários gibraltinos, descendentes daqueles que se refugiaram na Madeira e não só.

«Gibraltar tem 30.000 habitantes e 10% já visitou a Madeira», referiu.

Madalena Nunes, vereadora da CMF com o pelouro da área social, demonstrou a sua vontade em manter vivos os laços de proximidade com este povo, «que contribuiu para um pedaço de história muito bonito» na história da Madeira.

Numa altura em que estávamos perante «um Funchal fechado», a vereadora reforçou o papel dos gibraltinos que «trouxeram uma lufada de ar fresco, que acabou por ter uma grande influência em toda a sociedade que aqui morava».

«Esta é uma história bonita e só demonstra que se nos conhecermos melhor uns aos outros, o mundo pode ser mais feliz e ter mais paz, que é disso que estamos a precisar», disse Madalena Nunes, referindo ainda que hoje, numa altura novamente marcada pela presença de refugiados na Europa, é preciso ter em conta que «as cidades também se fazem com esta construção das pessoas que lá habitam e que trazem consigo muitos aportes importantes».

 

In Jornal da Madeira