Fórum reúne cerca de 150 participantes oriundos das várias comunidades madeirenses no mundo
Reforçar a ligação com as comunidades e a aproximação destas entre si, como afirmou Sérgio Marques na apresentação do Fórum Madeira Global, são os objectivos que o Governo Regional pretende atingir com uma iniciativa que reúne cerca de 150 membros das várias comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo.
O fórum começa amanhã de manhã, no Casino da Madeira e vai debater os problemas comuns às várias comunidades, a história da emigração madeirense e empossar os membros do novo Conselho da Diáspora Madeirense.
“Promover aquela visão de que somos um só povo, uma só comunidade, independentemente de onde estejamos”, defendeu o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus que tem a seu cargo as comunidades e é responsável pela organização do fórum.
O Fórum Madeira Global foi uma das propostas que saíram do I Encontro das Comunidades, realizado no ano passado e é de participação aberta a todos os membros das várias comunidades madeirenses.
Na reunião, que termina terça-feira, tomarão posse os 21 membros do Conselho da Diáspora Madeirense, um órgão consultivo que contará com representantes das principais comunidades.
A criação do Conselho da Diáspora foi aprovada recentemente pela Assembleia Legislativa da Madeira, com críticas de alguns deputados da oposição pelo facto de os representantes das comunidades serem indicados pelo Governo Regional. A eleição directa dos conselheiros, nas comunidades foi defendida como forma de garantir uma representação com maior legitimidade.
Do conselho farão parte (ver destaque) representantes da África do Sul (três), Venezuela (três), Reino Unido (três, sendo um das ilhas do Canal), Austrália (dois), Brasil (dois), resto da Europa (dois), Estados Unidos (um), Mar das Caraíbas (um), Canadá (um), Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (um) e ainda os presidentes das casas da Madeira do Porto e de Coimbra.
Dados dos consulados apontam para a existência de cerca um milhão de emigrantes madeirenses, de primeira, segunda e terceira geração, com maior presença na Venezuela, África do Sul e Reino Unido.
Durante o mês de Agosto, um número significativo de emigrantes visita a Madeira, o que favorece a participação no fórum que, segundo Sérgio Marques, tem um custo muito reduzido de cerca de 10 mil euros.
Programa cultural
O programa do Fórum Madeira Global também inclui momentos culturais. Logo no início, o grupo ‘Ninfas do Atlântico’ cantará o Hino Nacional e o Hino da Região e ao início da tarde de amanhã terá lugar a actuação do grupo Dançando com a Diferença.
Para terça-feira, antes do primeiro painel, terá lugar um momento cultural da responsabilidade do Teatro Experimental do Funchal.
Painéis
Política em madeirense
É o primeiro painel e deverá decorrer entre as 11 e as 13 horas de amanhã. Conta com a participação do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, do deputado o PSD Adolfo Brazão, José Nascimento (advogado. África do Sul), Paulo Porto (advogado, Brasil) e Ana Cristina Monteiro (advogada, Venezuela).
Um painel em que deverá ser discutida a participação política dos madeirenses e seus descendentes nos países de acolhimento. José Nascimento, advogado próximo do ANC, é um dos exemplos de participação activa.
Também deverá ser aborda a questão da eleição de representantes das comunidades para o parlamento madeirense, uma medida que obriga a alterar a lei eleitoral. A fraca participação dos emigrantes nas eleições portuguesas também deverá motivar o debate.
Solidariedade Social
O início da tarde (15h00 às 16h30) é reservado a um painel que conta com a secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais, Rubina Leal e Osvaldo Freitas (Venezuela), Ivo de Sousa (África do Sul) e Lucinda Viveiros (Venezuela). Os representantes das comunidades têm actividades relacionadas com lares e centros de apoio a idosos e a pessoas carenciadas.
As medidas de apoio ao regresso dos emigrantes, com particular atenção para a Venezuela, onde a situação social e económica é grave, deverão ser os temas principais de discussão.
Pensões de reforma e rendimento mínimo, são apoios de que muitos emigrantes necessitam quando regressam à Madeira.
Fiscalidade e Investimento
A situação dos lesados do BES e do Banif é um tema incontornável do terceiro painel do primeiro dia do Fórum Madeira Global (17h00 – 18h30) e que terá, como representante do Governo Regional, o secretário regional da Economia, Turismo Cultura, Eduardo Jesus. Paulo Matias (Alfândega do Funchal), Pedro Alves (especialista em fiscalidade) e José Egídio Monteiro (empresário, Venezuela), são os outros intervenientes num painel em que o quadro fiscal português será abordado.
A reivindicação de um sistema fiscal próprio para a Região Autónoma da Madeira, defendida pela maioria dos partidos, estará em discussão, como medida de apoio ao investimento dos emigrantes na sua terra natal.
A Diáspora como afirmação da Madeira no Mundo
O painel que encerra o primeiro dia do Fórum tem início marcado para as 21h00 de amanhã e volta a contar com a participação o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque que terá a companhia de Manny de Freitas, deputado do parlamento da África do Sul, Alberto Vieira, historiador e Maria Beatriz Rocha-Trindade, socióloga e docente universitária, com trabalhos sobre migrações.
Este painel deveria contar com a participação de Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Grenadinas que no entanto cancelou a vinda à Madeira por motivos de agenda.
A relação da Região com as comunidades e a evolução histórica das migrações madeirenses serão os temas a abordar.
A família madeirense no mundo
‘A família madeirense no mundo, preocupações e anseios’ é o título do único painel de terça-feira (10h15 às 13h00) que antecede a tomada de posse dos membros do Conselho da Diáspora Madeirense.
Sérgio Marques, secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus que tem a seu cargo a pasta das comunidades, participa num debate com José Manuel Baptista, vice-reitor da Universidade da Madeira, João Carlos Freitas, doutorado em Filosofia e durante muito tempo representante da comunidade madeirense em Londres e Ana Carolina Galvão, licenciada em Design e filha de madeirenses que emigraram para o Brasil.
Um painel em que deverá ser abordado o futuro das várias comunidades de emigrantes.
