O luso-americano Jack Martins foi presidente de Câmara de Mineola, tornou-se senador estadual e agora acredita que se pode tornar o novo congressista do estado de Nova Iorque na Câmara dos Representantes nas eleições de novembro.

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“A luta do nosso tempo acontece em Washington. E acontece nestas eleições. Vamos decidir qual o lugar do governo na nossa sociedade e isso vai influenciar a vida dos nossos filhos”, disse Martins à Lusa.

O político republicano de 49 anos é filho de imigrantes de uma aldeia chamada Alheira, nos arredores de Barcelos, que se estabeleceram na cidade de Mineola, estado de Nova Iorque, nos anos 60.

“Estão muito orgulhosos do meu percurso e sentem que fizeram a escolha certa”, garante. “Em que outro país o filho de um casal de imigrantes teria a oportunidade de se candidatar para um cargo público ao mais alto nível?”

Jack Martins é atualmente senador estadual em Nova Iorque, representando o sétimo distrito desde 2010.

Antes disso, foi durante oito anos presidente da Câmara de Mineola, no mesmo estado, para onde os pais imigraram nos anos 60.

“Éramos uma família típica de imigrantes. As prioridades dos meus pais eram o trabalho e proporcionar oportunidades para os filhos. Foi nesse ambiente que cresci, junto da comunidade portuguesa, em que, honestamente, não havia muito envolvimento político”, lembra.

O apoio da comunidade, no entanto, foi essencial nas suas primeiras eleições. Os imigrantes portugueses angariaram fundos, tornaram-se voluntários e compareceram nas urnas em massa.

“Muitas comunidades recentes pensam que não se devem envolver porque sentem que não pertencem. Quando essa transição acontece, quando decidem que esta é sua terra, que vão participar e ter voz ativa no governo, isso é muito importante. Com a nossa comunidade, felizmente, isso aconteceu no fim dos anos 90 início dos anos 2000, quando me preparava para candidatar”, explica.

O presidente do Comité Republicano Nacional do Congresso (NRCC), Greg Walden, disse este mês que “Jack Martins passou a sua carreira política a lutar pelas famílias e negócios de Long Island e é a escolha perfeita para representar o terceiro distrito de Nova Iorque”.

O responsável republicano disse que “Jack tem um percurso cheio de sucessos, que incluem repelir o desastroso imposto para o MTA [Agência de Transportes], o aumento do apoio financeiro para as escolas e a descida dos impostos sobre rendimento para os níveis mais baixos dos últimos 60 anos.”

Esta é a primeira vez que o luso-americano concorre a um cargo nacional, procurando substituir o democrata Steve Israel, que se vai retirar depois de 16 anos no cargo.

Martins sente que tem “a oportunidade de ir para Washington e fazer a diferença.”

“Existe uma tensão hiper-partidária que faz com que nada seja feito. As coisas arrastam-se e as decisões não são tomadas, mesmo que todos concordem que seguimos na direção errada. Se há algo que trouxe a todos os locais por onde passei foi a capacidade de trabalhar com os outros e conseguir que as coisas sejam feitas”, explica.

Martins não tem medo que o candidato do seu partido, Donald Trump, prejudique a sua eleição.

“Vou votar no candidato do meu partido. Discordarei de Trump em alguns temas e o meu adversario vai discordar de Clinton em outras. Mas concorro sozinho. Não abraço mais ninguém e certamente que ninguém fala por mim”, diz.

Martins acredita que os responsáveis políticos devem ter cuidado com os movimentos populistas que surgem nos Estados Unidos e na Europa e não os desvalorizar.

“Assistimos a este movimento populista e acho que é extremamente poderoso. Alguns gostam de falar em polarização, mas acho que é mais correto dizer que as pessoas estão ansiosas, preocupadas e até zangadas com a incapacidade do governo em resolver assuntos que são muito importantes para elas”, diz.

Quando se candidatou por Mineola, Martins precisou conquistar um eleitorado de 20 mil pessoas. Para o Senado, o número aumentou para 320 mil pessoas. Agora, na corrida à Câmara dos Representantes, o número ultrapassa os 710 mil eleitores.

A mudança de escala, no entanto, não assusta o político, que integra o grupo de 11 políticos que o partido Republicano destaca como uma promessa para as eleições de novembro.

“A minha história é sempre a mesma. Filho de uma família de imigrantes. Dono de um pequeno negócio. Marido e pai. A única diferença é que a estamos a contar a mais pessoas e que, entretanto, o currículo cresceu”, conclui.

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