A comunidade portuguesa nos Estados Unidos está mais envolvida na próxima eleição presidencial dos Estados Unidos do que alguma vez na história do país.

“A cada ano que passa, a participação da comunidade aumenta e isso vê-se nos resultados eleitorais”, disse o presidente da Portuguese-American Leadership Council of the United States (PALCUS), Fernando Rosa, à Lusa.

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O responsável diz que “existe um processo de sensibilização para as pessoas participarem” e que, “apesar de já se verem os resultados positivos”, ainda há mais a fazer.

A comunidade portuguesa era, tradicionalmente, pouco participativa nas eleições nacionais e locais. Muitos dos imigrantes ficavam sempre com o estatuto de residente legal (Cartão Verde), nunca requerendo a nacionalidade norte-americana, o que os impedia de votar.

O presidente da National Organization of Portuguese Americans (NOPA), Francisco Semião, conta que iniciativas como o Portuguese American Citizenship Project, que foi iniciado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, têm aumentado a participação dos portugueses.

“Em relação à próxima eleição, as noticias mostram um recorde a nível de participação durante as primárias, por isso podemos extrapolar que a comunidade luso-americana também faz parte desta onda e reconhece a importância da eleição”, explica.

O responsável diz que “a partir das conversas com os membros da NOPA” percebe que os luso-americanos “vêm a eleição como muito importante porque vai determinar se o pais continua no mesmo rumo ou se vão ser revertidas as politicas dos últimos oito anos.”

Semião diz que as pessoas percebem que, “acima de tudo, o próximo presidente vai nomear pelo menos dois juízes do Supremo Tribunal” e que “os dois candidatos apoiam ou estão contra ideologias e políticas fundamentais para a nossa diversa comunidade.”

A nível nacional, 252,254 pessoas requereram a sua nacionalidade entre janeiro e março deste ano, comparado com os 187,635 três meses anteriores.

Em estados como Massachusetts, onde existe uma grande comunidade lusófona de portugueses, brasileiros e cabo-verdianos, os Serviços de Imigração e Cidadania anunciaram um aumento de 35 por cento relativos ao mesmo período do ano anterior.

O período de espera é, no entanto, entre cinco e sete meses e, com a eleição a cinco meses de distancia, é ainda uma incógnita quantos destes novos eleitores poderão participar.

Fernando Rosa, sublinhando que responde como cidadão e não líder da PALCUS, diz que “o povo sente-se alineado, um tanto ou quanto fora do sistema e procura alguém que apoie as suas ideias, quer elas sejam ou não realizáveis.”

“A grande questão é qual candidato será capaz de conquistar os indecisos e independentes e qual será capaz de desequilibrar a balança nesta eleição”, acrescenta Semião.

Este aumento de participação, explica Fernando Rosa, é motivado pelos candidatos que serão anunciados nas convenções nacionais dos partidos no final do mês, Hillary Clinton pelos Democratas e Donald Trump pelos representantes.

“É ema eleição complicada, devido as opiniões um tanto ou quanto radicais de Trump, que dispara para todos os cantos e que parece ser contra tudo o que não é ele. E depois Hillary, uma pessoa muito mais qualificada para assumir a presidência, mas que traz consigo uma questão de credibilidade”, explica Rosa.

A nível de representantes, Portugal tem a oportunidade de, pela primeira vez, ter quatro congressistas luso-americanos na Câmara Dos Representantes.

Se Devin Nunes, David Valadão e Jim Costa conseguirem a reeleição, poderão vir a ter a companhia de Jack Martins, do estado de Nova Iorque, que se candidata pela primeira vez pelo terceiro distrito deste estado.

“Concorrer ao nível federal é extremamente difícil. Não é só com a comunidade Portuguesa que se elegem indivíduos para esses cargos, mas em certas eleições o peso da comunidade pode ser a pequena diferença que leva à vitória”, explica Rosa.

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