Sérgio Marques espera não ter de aplicar plano de contingência para os emigrantes. Ontem, de manhã, um dia depois de regressar de uma viagem de vários dias à Venezuela, Sérgio Marques participou, no parlamento regional, num debate requerido pelo PSD, precisamente sobre a situação das comunidades madeirenses. A crise, social e económica, que atinge aquele país da América Latina, segunda maior comunidade madeirense - serão cerca de 300 mil -, dominou a discussão.

altorisconavenezuela
O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, que prometeu enviar á Assembleia Legislativa um relatório pormenorizado da viagem, reconheceu a existência de um plano de contingência, da responsabilidade do Governo da República, para atender a um eventual regresso significativo de emigrantes.
Sérgio Marques garante que o Governo Regional tem garantido a sua operacionalidade na Madeira. “Esperemos que não seja necessário”, sublinha o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus.
O governo regional, garante, está a articular todas as acções com o Governo da República, com quem diz ter uma relacionamento “profícuo”, mas está “igualmente empenhado em garantir que a Região esteja preparada para as necessidades e dificuldades com que se venha a confrontar”.
Sérgio Marques não tem dúvidas de que a situação na Venezuela é “muito preocupante” fruto de uma crise que conduziu a uma destruição do poder de compra, com uma inflação que poderá atingir os 2000% em 2017.
“Há esperança de que o referendo revogatório possa ser uma saída para a situação”, refere o governante regional.
Na intervenção de abertura do debate requerido pelo PSD, Sérgio Marques recordou as diversas acções desenvolvidas para aproximar a região das comunidades, criando programas de divulgação da língua e da cultura e apoio aos empresários que pretendem investir na sua terra de origem.
O Fórum Madeira Global, a 8 e 9 de Agosto, vai contar com representantes das várias comunidades, alguns deles políticos de relevo, é uma das medidas para melhorar a comunicação com as comunidades.
Até ao fim do mandato estará pronto o projecto do Centro Interpretativo da Diáspora Madeirense.
A Venezuela é a “maior preocupação” no que diz respeito às comunidades madeirenses devido a uma crise “provocada por um governo agarrado ao poder” e que impede o funcionamento dos “mecanismos democráticos”, afirmou Adolfo Brazão.
O deputado do PSD fez a intervenção de abertura do debate, começando por recordar a situação da África do Sul, onde residem cerca de 360 mil madeirenses que enfrentam a insegurança que já provocou “dupla emigração”, agora para a Austrália. A saída do Reino Unido da UE, resultado do referendo, é outro motivo de preocupação, uma vez que pode afectar os 125 mil madeirenses que lá residem.
Nas interpelações a Sérgio Marques, Rui Barreto, líder parlamentar do CDS, sugeriu que o presidente do Governo Regional defenda, na próxima reunião do Conselho de Estado - deverá realizar-se na próxima semana -, que Portugal se ofereça para mediar o conflito político na Venezuela.
Também Sílvia Vasconcelos, do PCP, sugeriu a presença da Região nas cimeiras e reuniões entre Portugal e a Venezuela.
A deputada do PCP também defende que os representantes das comunidades no órgão de consulta do GR sejam eleitos.

TAP e Banif complicam

n Sérgio Marques regressou, na quarta-feira, da Venezuela e demorou 18 horas a chegar à Madeira. Se o voo fizesse uma escala na Madeira, esse tempo seria muito menor. As ligações aéreas com os países onde existem grandes comunidades madeirenses foram um dos temas destacados no debate na ALM. “Para que é que serve ter a TAP na esfera pública”, pergunta o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, perante o mau serviço prestado aos emigrantes.
O governante não compreende a razão para que pelo menos um dos três voos semanais de Caracas para Lisboa não faça escala na Madeira.
Em relação à África do Sul, para onde a TAP deixou de viajar, Sérgio Marques considera que é uma situação incompreensível.
A TAP foi um dos temas debatidos no plenário da ALM, com muitas críticas ao facto de não haver uma preocupação com as ligações a países com grandes comunidades portuguesas.
n O Bando Santander prepara uma proposta para os lesados do Banif que foi adquirido pelo banco espanhol. A informação foi avançada por Sérgio Marques no debate parlamentar.
O governante garante que a situação dos lesados do Banif, muitos deles emigrantes é “incontornável na relação com as comunidades”. O governo, assegura, tem esta como uma questão “prioritária” e tem desenvolvido esforços, junto dos novos donos do banco, o Banco Santander e das entidades nacionais para que seja apresentada, rapidamente, uma solução aos investidores no Banif.
Vários deputados da oposição, nomeadamente Jaime Leandro, líder parlamentar do PS, criticaram o executivo regional por não ter uma posição “enérgica” na questão dos lesados do Banif. Comportamento que, refere o deputado socialista, contrasta com o que se verifica em relação ao governo dos Açores.
Gil Canha, deputado independente, afirmou que haveria “negociações do Santander” para beneficiar alguns clientes em prejuízo dos “mais pobres”.

Falatório

“[O presidente do Governo Regional] não tem feito tudo o que estaria ao seu alcance para defender os lesados do Banif”.
Jaime Leandro (PS)

“Faço um estrondoso apelo em defesa dos nossos emigrantes, na terra desse grande libertador da América Latina que foi Simon Bolivar”.
Ricardo Vieira (CDS)

“É nossa intenção, ainda no decorrer da actual legislatura, reabrir o processo (lei eleitoral), porque o que não é legítimo nem justo é o Estado impedir os madeirenses de votarem para a sua assembleia legislativa, a casa da democracia da sua terra natal”.
Sérgio Marques

“O Banif era um banco laranja, do regime que roubou em milhares de euros os emigrantes. (...) Ninguém foi acusado, ninguém está com pulseira electrónica”.
Gil Canha (independente)

“A calamidade social na Região levou à emigração de muitos madeirenses, nos últimos anos. Emigraram para não passarem fome”.
Roberto almada (BE)

“Aprovaram uma resolução para prender o Coelho oito anos. (...) Têm o diabo no coração e querem ver-me preso.(...) Querem prender o Luaty Beirão da Madeira”.
José manuel Coelho (PTP)

in Diário de Notícias da Madeira