Foram 12 dias de visita oficial à África do Sul, percorrendo Joanesburgo, Pretória, a Cidade do Cabo e Durban, para manter a proximidade com a Diáspora, e ouvir uma das maiores Comunidades, que ronda os 500 mil madeirenses e descendentes. Uma visita do diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu, a terras sul-africanas, que para além do forte cariz social, também teve o desígnio de captar investimento para Região.
“O balanço desta visita foi muito positivo. Não só alcançámos os objetivos, como ainda conseguimos ultrapassá-los”, disse o governante que, em pouco mais de uma semana, manteve contactos com dezenas de empresários madeirenses, com 12 associações de beneficência, com membros do corpo diplomático português e, ainda, com o governo sul-africano. Pelo meio, entregou o louvor do Governo Regional ao árbitro internacional madeirense, Vítor Gomes. Visitou, ainda, o Comendador António Martins Júnior, de 103 anos de idade, o grande impulsionador do folclore madeirense na Região e na África do Sul.
Diáspora recetiva ao investimento na Madeira
No que respeita à captação de investimento da Diáspora para a Madeira, Rui Abreu sublinhou os contactos mantidos com os empresários madeirenses, e com o governo da África do Sul. “Falei com os empresários madeirenses sobre a recuperação económica na Região e sensibilizei-os para a importância do investimento da Diáspora na nossa Terra e eles mostraram-se recetivos. Aproveitei para dar o exemplo dos vários empresários da Venezuela e da África do Sul, que estão a investir na Madeira, nos setores do Turismo e do Imobiliário, e que estão a obter bons resultados”.
Rui Abreu ressalvou que “apesar das dúvidas, que as recentes medidas anunciadas pelo Governo da República trouxeram em matéria de investimento na Habitação, os emigrantes madeirenses mantiveram-se interessados em investir na Madeira”.
África do Sul interessada em estabelecer parcerias com a RAM
A captação de investimento estrangeiro também teve lugar na visita à África do Sul, mais precisamente na reunião que Rui Abreu manteve com o ministro das Finanças da Província de Gauteng (onde estão localizadas as cidades de Joanesburgo e Pretória), Jacob Mamabolo.
“O Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), as Energias Renováveis, o Turismo e o Ensino Superior foram as áreas que mais interesse suscitaram ao ministro, que quer desenvolver várias parcerias com a Madeira” , adiantou Rui Abreu. O responsável pela pasta das Comunidades sublinhou a importância estratégica do setor das Energias Renováveis para a África do Sul que atravessa fortes constrangimentos no fornecimento de energia.
Crise energética preocupa madeirenses
Mais do que a violência, os emigrantes estão preocupados com a crise energética que atingiu o país há quase dois anos e que levou o governo sul-africano a declarar o ‘Estado de Calamidade’ no país.
“Os cortes de energia têm um horário estabelecido para cada cidade ou região. Os cortes acontecem várias vezes por dia”, disse Rui Abreu, referindo que esta “é uma situação difícil para as famílias, para as empresas e para o país”, uma vez que “traz custos acrescidos de produção, aumento do preço dos produtos vendidos ao consumidor final, e consequentemente, custos acrescidos para a economia sul-africana”.
Para manter as empresas a funcionar, os empresários madeirenses estão a investir na instalação de geradores elétricos e em painéis solares. “Foi a forma que encontraram para manterem a normalidade, para continuarem abertos e para manterem os produtos frescos”.
Rui Abreu, destaca o espírito empreendedor e resiliente dos emigrantes madeirenses. “Os nossos emigrantes são um exemplo para todos nós. Todas as dificuldades que aparecem são ultrapassadas, com coragem e sacrifício. Isto é uma lição de vida.”
Quanto a responsabilidades da República
“Os nossos emigrantes sentem-se abandonados pela TAP. Os lesados do BES e do BANIF sentem-se traídos pela República. Os que regressar para a Madeira ou para os Açores sente-se discriminado por Lisboa. Neste último caso, basta olhar para uma das medidas mais importantes do ‘Programa Regressar’, que prevê apoios apenas para quem regressa a território continental, excluindo aqueles que querem regressar para as regiões autónomas”, apontou Rui Abreu.
No que respeita à TAP, a comunidade madeirense continua à espera da ligação aérea direta da entre Joanesburgo e Lisboa. Uma ligação prometida pela TAP antes da crise pandémica. “Agora a presidente da TAP anunciou que, a curto prazo, não haverá novas rotas, incluindo a da África do Sul, o que traz muitos transtornos para a Diáspora Madeirense”.
O governante defende que “a TAP tem um dever acrescido de voar para a África do Sul”, uma linha que abandonou há 12 anos, pois “sendo uma empresa detida por capitais públicos, tem de prestar, obrigatoriamente, um serviço público às várias parcelas do território português, e à Diáspora”.
Os Lesados do BES e do BANIF, por seu turno, já deveriam ter esta questão resolvida. “Está na hora da República avançar, de uma vez por todas, com a criação do tão prometido ‘Fundo de Compensações’ destinado a ressarcir os Lesados”.
O responsável pela pasta das Comunidades apontou também a questão do pacote com as novas medidas para a Habitação, que está a deixar os emigrantes sul-africanos apreensivos e com dúvidas sobre se devem ou não investimento no imobiliário em Portugal.
Rui Abreu entende que “estas questões devem ser resolvidas o quanto antes por Lisboa, para que o bom trabalho do Governo Regional junto da Diáspora não seja colocado em causa”.