As Ilhas do Canal da Mancha, onde se incluem Jersey e Guernesey, não fazem parte do Reino Unido – são dependências da Coroa Britânica com leis próprias e, consequentemente, não são membros da União Europeia. Contudo, existe um protocolo assinado entre as Ilhas e o Reino Unido que dá às ilhas livre acesso ao comércio com a União Europeia.

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Estas ilhas são actualmente o local de residência de mais de 10.000 emigrantes portugueses, na sua maioria madeirenses. Em Jersey, o referendo tem dado muito que falar uma vez que a maioria dos residentes da ilha não pode votar.
O ministro das Relações Externas de Jersey, Sir Philip Bailhache, afirmou recentemente que a saída do Reino Unido da União Europeia não é uma mais-valia para Jersey uma vez que a Ilha poderia eventualmente perder os acordos de negócios que tem actualmente com a União Europeia. Sir Philip recorde-se, é um grande amigo da Madeira. Foi ele que em 1998, quando era Governador de Jersey assinou o acordo amigável entre Jersey e a Madeira, na altura com o então presidente do Governo Regional Alberto João Jardim.
A preocupação entre os Portugueses cá residentes é palpável. Uma vez que Jersey é uma ilha com leis muito próprias tanto nas área do trabalho como na área de habitação, teme-se que os empregos sejam afectados e que, ou se volte de novo às cartas de permissão de trabalho, ou que seja necessário o uso do visto para poder vir para cá trabalhar. Actualmente já existe restrição neste campo – a maioria das empresas tem de pedir permissão para empregar pessoas que residam há menos de cinco anos em Jersey.
Os emigrantes que cá estão há mais tempo e têm residência própria ou trabalhem por conta própria não sabem se o seu estatuto de residentes e empregadores será afectado. Pensa-se que quem tem filhos nascidos em Jersey não perderá os seus direitos, mas ninguém sabe ao certo uma vez que este assunto não tem sido muito debatido pelos órgãos oficiais e reina a incerteza.
A maior esperança da comunidade é que as coisas se mantenham como estão uma vez que as Ilhas actualmente não fazem parte da União Europeia e, em teoria, nada mudará se o Reino Unido sair. No entanto, sendo Jersey um grande centro financeiro com protocolos com o Reino Unido é inevitável que esta indústria, actualmente a mais poderosa na ilha, seja afectada e consequentemente implique mudanças nos postos de trabalho e, por acréscimo, nos outros sectores.
O futuro é incerto mas, entre a comunidade Portuguesa residente em Jersey não se fala de regresso à terra natal se o Reino Unido sair da União Europeia. Mas fala-se em possíveis estratégias para ficar cá.

in Diário de Notícias da Madeira