Braulio Rocha aterrou no Canadá em 2013 com uma mala cheia de esperança e apenas 40 euros na algibeira. Passados 8 anos, o JM dá-lhe a conhecer a inspiradora história deste madeirense, fotógrafo profissional, que não teve medo de arriscar.
À imagem de variadíssimos madeirenses, Braulio Rocha emigrou para o Canadá em janeiro de 2013, em busca de um futuro mais risonho. O homem natural de Santo António, começou por ser empregado de limpeza, superou-se e é fotógrafo profissional. A história é inspiradora e digna de filme de Hollywood, mas muitos foram os obstáculos a ultrapassar.
“Comecei do zero, a limpar casas de banho. Foi um período de muito trabalho e sacrifício, cheguei a trabalhar 20 horas consecutivas sem descanso”, explica.
“Cheguei a Montreal apenas com a mala com a minha roupa e com 40€ na algibeira”, continua.
Hoje, ainda incrédulo, conta como surgiu a oportunidade de começar a fotografar.
“Um dia, estava na sinagoga judia onde era empregado de limpeza. Estava a decorrer um evento judeu, cerimónia que acontece quando uma criança completa sete dias, muito importante para a comunidade judia”, descreve.
“Eu estava lá a limpar o chão e vi a avó do bebé aflita porque o fotógrafo tinha tido um acidente de viação ou um furo num pneu, já nem me recordo”, continua.
Oportunidade
Foi nesse momento que Braulio Rocha viu uma oportunidade.
“Eu tinha uma Canon450d que comprei na Madeira, antes de vir para o Canadá. Era uma câmara velha, mas tinha-a ali no carro. Fui ter com a família e disse: «peço desculpa, eu ouvi a conversa, se quiserem faço umas fotografias para vocês. Não precisam de pagar nada porque não sou profissional, só para não perderem a oportunidade de terem o evento guardado em fotografias.»”
As famílias aceitaram e durante duas horas, o emigrante cobriu a cerimónia. Mas a surpresa surge quando entrega as fotos.
“Eles gostaram bastante. Pagaram-me 180 dólares, fiquei muito contente”, recorda.
Experiência que mudou a vida de Braulio Rocha.
“Acendeu-se uma luz na minha cabeça, contraí um empréstimo para comprar uma câmara e todo o equipamento necessário.”
No entanto, o empreendedor “pensava que ia ser apenas um part-time, para fazer algum dinheiro extra”.
“Nunca pensei que se iria tornar o sucesso que se tornou, nem nos meus sonhos mais malucos pensei que me iria tornar no maior fotógrafo na comunidade judia de Montreal”, confessou.
Braulio Rocha, profissional da fotografia desde 2019, tem clientes “de toda a América do Norte”, mas não só.
“Tenho clientes desde Nova York ate Los Angeles, Atlanta, Coreia do Sul, Austrália. Também fotografamos eventos por todo o Canadá, Estados Unidos, Jamaica, Inglaterra e Portugal”, descreve.
Uma história surreal, como o próprio explica.
“Surreal mesmo. Quando saí da Madeira, nem nos meus melhores sonhos alguma vez pensei que ia estar nesta situação”, termina ao exteriorizar o cumprir de um sonho.
A perseguir o amor e um futuro melhor
“Vim para aqui porque a minha namorada, que hoje em dia é a minha mulher e parceira de negócios, é filha de emigrantes madeirenses que residem no Canadá”, confessa ao JM, o homem natural de Santo António.
No verão de 2012, quando a conheceu, Braulio Rocha sentia “uma química”.
“Ela esteve na Madeira três semanas, depois voltou para o Canadá. Mantivemos contacto. Regressou no natal do mesmo ano e voltámos a estar juntos”, conta.
Até que surge um desafio. A atual mulher de Braulio Rocha desafia-o a mudar de vida e aventurar-se até ao Canadá.
“Aceitei e uma semana depois aterrei no Canadá, no dia 17 de janeiro de 2013”.
O casal acabou por juntar-se e criar o seu próprio negócio.
“Adoramos fotografar casamentos e fazer parte de um dia tão especial na vida de um casal. É uma grande alegria ver uma noiva com lágrimas de felicidade ao ver as fotos do casamento pela primeira vez”, descreve Braulio Rocha, referindo-se aos momentos que imortaliza através de fotografia.