A Comunidade Madeirense em Trinidad e Tobago vai ver reforçada a presença diplomática portuguesa naquele país. A informação foi avançada, ontem, pelo diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa (DRCCE), Rui Abreu, após uma reunião por videoconferência, mantida com a Conselheira da Diáspora Madeirense pelas Caraíbas, Jo-Anne Ferreira.

RA CARAÍBAS

 


“Há boas notícias para a comunidade madeirense”, enfatizou Rui Abreu, anunciando que o Cônsul-geral de Portugal em Caracas, Licínio Macedo, decidiu enviar uma missão diplomática para Trinidad e Tobago para atender às necessidades da comunidade portuguesa. “Os cidadãos portugueses que tinham problemas urgentes para resolver, nomeadamente o de documentos caducados, já podem, agora, renovar o passaporte e o cartão de cidadão”.
Rui Abreu lembrou que há cinco meses enviou uma missiva a Licínio Macedo, dando conta da existência de um conjunto de madeirenses residentes em Trinidad e Tobago que necessitavam de tratar de assuntos com o Consulado-Geral de Caracas. Mas por dificuldades económicas e, também, devido ao encerramento do espaço aéreo da Venezuela, ficaram impedidos de viajar até a capital venezuelana.
Naquela missiva, Rui Abreu enviou uma lista dos nacionais, que tinham assuntos pendentes, sugerindo uma eventual permanência consular naquele país do Caribe. Os esforços do Governo Regional, através da DRCCE, foram recompensados.
“A situação está a ser bem resolvida. O governo decidiu fretar um avião particular, para trazer uma missão diplomática portuguesa de Caracas, que irá renovar, por dia, até 300 passaportes e cartões de cidadão”, sublinhou a Conselheira. A manter-se o objetivo da renovação de 300 documentos por dia, prevê-se que em poucos dias a missão consular consiga renovar os documentos de todos os portugueses residentes em Trinidad e Tobago.
Mas aquilo que a comunidade madeirense verdadeiramente anseia é por uma missão consular presente algumas vezes por ano, ou até mesmo por algo mais permanente. “Se o Consulado de Caracas enviar alguém para cá numa base permanente, vai resolver muitas questões da nossa comunidade”, confessou Jo-Anne Ferreira.
Variante de Manaus chega ao Caribe
No que concerne à situação pandémica, a conselheira informou que a situação está a piorar, que a variante de Manaus já entrou em Trinidad e Tobago, e como tal será decretado um novo confinamento no país. “Há mais contágios e mais pessoas infetadas, à semelhança do que acontece a nível global”, referiu, dizendo que este aumento ficou a dever-se a dois fatores.
O primeiro teve a ver com “as pessoas que não cumpriram as recomendações do governo durante a época da Páscoa, aproveitando para frequentar praias e festas”. O segundo prende-se com a entrada de estrangeiros pelas fronteiras marítimas. “As fronteiras nacionais aéreas estão fechadas, mas as fronteiras marítimas não estão bem protegidas. Então há uma invasão continua de refugiados venezuelanos que procuram asilo, trabalho, e a nova variante Manaus acabou de chegar a Trinidad e Tobago. Pensamos que foi através dos refugiados venezuelanos, que têm contacto com a fronteira brasileira, que fez com que esse movimento do vírus tenha subido até o Caribe”, explicou a conselheira.
Vulcão em São Vicente: países vizinhos enviam ajuda
Por último, mas não menos importante, Jo-Anne Ferreira deu conta do ambiente que se vive em São Vicente, no Arquipélago de São Vicente e Granadinas, na sequência da erupção do vulcão La Soufrière, que levou à evacuação de milhares de pessoas.
“A erupção e as cinzas vulcânicas estão a afetar não só São Vicente, mas também outras ilhas e países vizinhos. Há vicentinos que querem ir para outros países, mas com o covid-19 tudo é mais complicado”, explicou, continuando: “O primeiro-ministro de São Vicente, que é descendente de madeirenses, está a fazer de tudo para proteger o país. Não quer que os vicentinos se desloquem para outros países sem estarem vacinados, porque ao regressarem, podem estar infetados e, consequentemente a situação pandémica do país poderá agravar-se.”
Neste momento os países vizinhos estão a enviar aviões, membros do exército, mantimentos, remédios, e outros bens necessários para apoiar as pessoas em crise, concluiu.