O Conselho da Diáspora Madeirense, composto por 21 conselheiros efetivos designados em fevereiro de 2016, deverá realizar-se em janeiro do próximo ano, já não de forma presencial, mas muito provavelmente em modo virtual, contando também com a presença do presidente do Governo Regional.
Inicialmente, tal como anunciado em julho, a reunião magna deste órgão consultivo do Governo Regional que visa o acompanhamento permanente das questões relacionadas com as comunidades madeirenses, deveria reunir-se no início de 2020, aproveitando a vinda dos conselheiros à Região para a passagem das festas de Natal e Ano Novo. Contudo, com o agravar da situação da pandemia a nível mundial, se já seria difícil reunir todos, agora muito mais. Portanto a opção passará por fazer o Conselho da Diáspora em formato online.
Essa foi uma das ideias lançadas na passada sexta-feira, 20 de novembro, pelo diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu, numa reunião em videoconferência com os conselheiros dos Estados Unidos da América, Canadá e Austrália, respetivamente José Leonel Teixeira, José Rodrigues e José Manuel Góis. Cada um, à vez, explicou como tem sido viver este período.
No Canadá, nomeadamente na região de Ontário, o confinamento aperta e os cafés, padarias e restaurantes vão deixar de ter hipótese de fazer negócio no inverno. "Será quase impossível continuar a operar", diz o conselheiro José Assunção Rodrigues de 54 anos, natural de Santa Cruz. A comunidade está sem casos a registar, mas "a Casa da Madeira, que realizou 26 eventos em 2019 e este ano não fez nenhum, bem como a do Alentejo, estão sem atividade", lamenta. "A comunidade continua unida, apesar de ser das ,aos pequenas, mas sem a atividade que sentimos falta. Não pensam regressar à Madeira, a não ser que seja para férias", disse.
Já Manuel Góis, 63 anos e natural de Machico, garante que na Austrália a situação é bem diferente, aliás, "a evolução está muito positiva, sem casos há três semanas, mas com muitas restrições e sem possibilidade de viajar para lado algum, muito menos de férias", atirou. "A atividade dos clubes de emigrantes está toda paralisada, mas podemos fazer eventos sem muita gente. Apenas jantar e ouvir música, como acontecerá a 5 de dezembro, numa Noite de Fados para 60 pessoas. Felizmente os apoios estatais (600 dólares canadianos) incentivam as pessoas a continuar", disse o empresário residente em Sidney.
Por fim o caso mais complexo são os EUA, onde as recentes eleições presidenciais significaram a derrota do atual residente da Casa Branca, o republicano Donald Trump, e a vitória do democrata Joe Biden. "o coronavírus fez-lhe muito mal, possivelmente não teria perdido a reeleição", reconheceu o funchalense de 67 anos, residente em Rhode Island. Também ali, os clubes estão sem atividade, mas estão crentes que em agosto do próximo ano poderão voltar a realizar a festa madeirense, ele que nem vê o filho, a viver em Washington desde março, quanto mais viajar para a Madeira.
"Não realizámos o Forum Madeira Global - deveria ter ocorrido em simultâneo em julho -, mas vamos tentar organizar um Conselho da Diáspora um pouco diferente desta reunião, mas neste tipo de solução através de vídeo-conferência", informou Rui Abreu, acreditando que pelas informações já recolhidas esta é a melhor solução. Todos concordaram.
in DN-Madeira 21.11.2020