No 'chiquérrimo' bairro de Constancia na Cidade do Cabo, África do Sul, o JM teve encontro marcado com o aniversariante, Comendador António Martins Júnior, onde reside juntamente com o filho António Martins e sua família.
António Martins Júnior, completa, hoje, o seu 100º aniversário natalício. Os familiares lamentam profundamente não poderem celebrar com uma festa especial devido à covid-19, mas as suas netas projetaram outros planos muito criativos para que o avô sinta que é uma pessoa especial e amada. Os planos incluem gravações de som e em vídeo para mensagens alusivas ao 100º aniversário do avô que ele irá depois ouvir.
Relembrando toda a sua vida, o emigrante começou por dizer que com a tenra idade - 10 anos - foi para a Escola de Artes e Ofícios. “Aprendi muito como fazer certas reparações, consertos e acabei o curso de marcenaria. Foi muito útil”, garantiu.
O madeirense faz ainda menção de um grande homem, um grande pastor de almas, o padre Laurindo.
Ao JM, o ancião que viu a luz do dia no pitoresco sítio da Achadinha, freguesia da Camacha, no 11 de novembro de 1920, contou, sem qualquer hesitação ou esforço de memória, que veio para a África do Sul no ano de 1956, de barco. “Lembro-me muito bem do nome do navio, o “Moçambique“, da Companhia Nacional de Navegação . Vim com toda a minha família, incluindo o meu sogro e o Jordão, um sobrinho”, explicou.
Folclore na Camacha
O centenário emigrante recorda com saudade e emoção o Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha do qual foi fundador e ensaiador, fazendo menção a Maria Ascensão a última a entrar para o grupo a qual foi seu par no grupo folclórico que, insiste, fundou e ensaiou.
“Também privei de muito perto com o Dr. Nóbrega, uma das muitas pessoas amigas, que já não estão entre nós”, diz com um semblante bem expressivo de saudade.
Descreveu ainda, com invulgar orgulho, o facto de ter sido o inventor, o pioneiro da máquina de tirar liaça ou rachar liaça, explicando que é uma máquina que divide o vime em três, posteriormente, cada uma dessas fitas volta à máquina, mas, agora com um orifício mais reduzido e afiado.
“Fiquei muito feliz. A máquina que eu desenhei, a minha invenção, não vi em parte nenhuma. Ainda me lembro de passar noites, muitas noites a fio, pensando na máquina de fazer liaça. Era necessário inventar uma máquina para aquele fim, era trabalho muito moroso e difícil de fazer com as nossas mãos”, confessa.