O Diretor Regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu, retomou ontem as videoconferências com os Conselheiros Madeirenses, para tomar o pulso às comunidades da Diáspora, numa altura em que a pandemia forçou os países europeus a aumentar as restrições, para conter a propagação do vírus SRAS-Cov-2.
Em conversa com os Conselheiros Madeirenses em Londres e em Jersey, José Silva e João Carlos Nunes, respetivamente, o governante inteirou-se sobre a realidade vivida pelos madeirenses nas duas regiões e sobre o impacto das novas medidas impostas pelas autoridades britânicas.
Tratam-se de “duas realidades bem distintas” adiantou Rui Abreu. Enquanto o Reino Unido o novo confinamento entra em vigor já amanhã, com medidas mais restritivas para travar o aumento do número de infeções, na Ilha de Jersey estas medidas não serão tão apertadas porque o número de infetados, neste momento, é muito baixo e a situação está relativamente controlada.
José Silva e João Carlos Nunes lamentaram o facto de o Reino Unido entrar num “novo ‘lockdown’”, pelo impacto económico que irá ter nos trabalhadores e nas empresas já fragilizadas devido ao primeiro confinamento. Isto apesar do apoio financeiro que o governo britânico tem disponibilizado às empresas e aos trabalhadores desde março. Um apoio que se prevê, diminuir nesta segunda fase, referiu José Silva.
“Após a primeira vaga pandémica a economia britânica estava a retomar a normalidade e os serviços estavam a funcionar”, lembrou o conselheiro madeirense em Londres, constatando que “neste momento vivemos momentos de grande incerteza”.
José Silva informou que no Continente “todos os negócios que não sejam de primeira necessidade vão encerrar, incluindo os restaurantes que só poderão servir comida para take-away. Nos sectores da Indústria e da Construção Civil, apenas as empresas que conseguirem manter a distância de segurança entre os trabalhadores, é que serão autorizadas a laborar.”
A partir de amanhã, também será obrigatório o uso de máscara nos espaços fechados, e nos serviços públicos. Na rua não haverá essa obrigatoriedade, a menos que as pessoas circulem em zonas movimentadas, acrescentou o conselheiro.
Este confinamento, para além da “incerteza”, traz consigo uma “falta de confiança”, referiu José Silva, que acredita que os apoios financeiros do governo britânico não irão manter-se ao mesmo nível do que aqueles que foram disponibilizados na primeira fase da pandemia.
Rui Abreu, por seu turno, sublinhou que que “este confinamento não é igual ao primeiro e não será tão severo”. Para além disso, “é natural que haja uma crise de confiança no Reino Unido: é o que está a acontecer no mundo inteiro, porque não temos ainda perspetiva de como a situação estará em 2021.
O conselheiro madeirense em Londres corrobora, afirmando que este “não é um problema do Reino Unido, não é um problema da Europa. É um problema do mundo inteiro.” De qualquer modo, refere que aquilo que todos querem é regressar à normalidade o mais rapidamente possível, para que as pessoas possam seguir com a sua vida.
José Silva aproveitou a ocasião para deixar um alerta: “O governo britânico vai conceder apoios, mas não tantos como aqueles que houve. Por isso, temos de ter muito cuidado para não perdermos aquilo que ganhámos em 30-40 anos de trabalho.”
Em Jersey nada ou quase nada muda. “Os serviços, as lojas e os restaurantes vão continuar abertos, em princípio com os mesmos horários. As restantes empresas também. As escolas continuam com o funcionamento normal.”, informou o Conselheiro Madeirense em Jersey. João Carlos Nunes salientou que a única diferença é a obrigatoriedade do uso da máscara de proteção individual em espaços fechados e em zonas movimentadas. Algo que considera ser “um bom passo para prevenir o contágio.”
Na ilha, ao contrário daquilo que aconteceu no Continente, conseguiu-se controlar melhor o vírus, devido à sua condição insular, sublinhou. “Atualmente temos 71 casos ativos, apenas 3 de transmissão local. Ou seja, a maioria são casos importados, e são detetados logo à chegada, através da realização de testes à covid-19 que é obrigatório para os passageiros que chegam de avião ou de barco”.
João Carlos Nunes refere, ainda, que já foram realizados mais de 150 mil testes, sendo que apenas 71 deram positivos. Assim “o confinamento na ilha não será tão rigoroso, especialmente se as pessoas continuarem a cumprir com as regras implementadas”.
“Caso a situação se altere em Jersey, as medidas restritivas serão apertadas, por isso convém que toda a gente cumpra”, concluiu.
Voo semanal Funchal-Jersey-Funchal mantém-se
Devido ao baixo número de infeções na Ilha do Canal, o voo semanal funchal-Jersey-Funchal mantém-se, escapando também às restrições das viagens impostas neste segundo confinamento.
Para João Carlos Nunes são “boas notícias”, porque “em Jersey nas épocas de pausa letiva que duram cerca de uma semana, as pessoas aproveitam para passar umas mini-férias à Madeira”.
Já o conselheiro madeirense em Londres, espera que as interdições às viagens sejam levantadas logo que possível. “Temos um grupo de 30 pessoas que já compraram passagem para irem de férias à Madeira pela altura do fim-do-ano. Esperemos que até lá, tudo se resolva”.