Uma sociedade de dois emigrantes madeirenses na Venezuela prepara-se para investir "muito dinheiro" num grande investimento imobiliário na zona alta de Santa Cruz. Sem revelar os números do negócio, apenas confirmam que já adquiriram os terrenos onde estão implantados 66 lotes em cerca de 150 mil metros quadrados de área útil, situada nas imediações do Campo de Futebol das Eiras.

Emigrantes investem muito dinheiro nas eiras

 

O loteamento realizado há 12 anos encontrava-se abandonado, consequência da grave crise económica que entretanto surgira nos anos imediatos.
O loteamento renasce agora pela mão dos dois investidores madeirenses, determinados em recuperar e transformar a 'urbanização', estando para já prevista a construção das primeiras quatro moradias. Os projetos para a execução das mesmas já está pronto, falta apenas submetê-los a apreciação dos técnicos de Urbanismo da Câmara Municipal de Santa Cruz. tal só deverá acontecer entre o final do verão e início do outono, depois de concluídos os trabalhos de regularização nas infraestruturas públicas - acessos.
"No terreno já temos sete homens (trabalhadores) e uma máquina a limpar, de modo a preparar as condições para avançar com o investimento previsto", revelou ao DIÁRIO Nelson Coelho, um dos investidores, no final da reunião que manteve esta terça-feira com o diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, Rui Abreu.
Sem querer para já revelar muitos pormenores do investimento previsto, até porque "o segredo é a alma do negócio", o emigrante de grande sucesso empresarial na Cidade de Maracay, Estado de Arágua, apenas adiantou que assim que estejam repostas as condições infra-estruturais nos arruamentos que servem significativamente loteamento - nomeadamente a reposição de cabos elétricos que já desapareceram, e colocação da rede de águas - o investimento avança para a fase de construção.
"São 66 lotes para habitação numa área a rondar os 150 mil metros quadrados de área útil e vamos começar por construir quatro moradias para servir de montra. Já temos o projeto feito, só aguardamos a reposição necessária das infra-estruturas 'públicas' do loteamento para poder ser entregue na Câmara Municipal de Santa Cruz", justificou. Espera até o último trimestre deste ano reunir as condições para submeter os projetos que farão nascer a nova urbanização que poderá vir a designar-se de 'Vista Alegre das Eiras'.
A título de curiosidade, revela que o lote mais pequeno tem cerca de 940 metros quadrados e o maior mais do dobro de área útil.

Empresário e Filantropo
Antigo presidente do Centro Português de Maracay, do lar Geriátrico Luso-Venezolano e da Federação dos Centros Portugueses na Venezuela, além do histórico de sucesso empresarial, nomeadamente no sector imobiliário e comércio - é proprietário de Centro Comercial com 286 lojas - , Nelson Coelho, atualmente com 77 anos de idade, revela ainda muita vontade empreendedora para continuar a investir e assim garantir trabalho e proporcionar riqueza. Inclusive na Venezuela, país que fala com a voz embargada pela situação que vive, mas sobre o qual não perde a esperança de voltar a encontrar condições para regressar e voltar a investir. "Se abrem, vou investir mais na Venezuela", afirma, com o inevitável brilho nos olhos que a máscara facial não esconde.
Na Madeira desde outubro de 2017, este emigrante natural de Câmara de Lobos - "a mais linda cidade da Madeira", como refere com orgulho - emigrou para o outro lado do Atlântico no início da segunda metade do século passado, tinha apenas 9 anos de idade. Além do sucesso empresarial em Maracay, Nelson Coelho é figura ligada o associativismo e à filantropia.
Diz-se homem "inquieto" para justificar o forte sentido empreendedor. "A minha mulher diz que sou louco", afirma entre risos, quando fala em continuar a investir.
Há quase três anos 'retido' na Madeira, empurrado pela crise instalada na Venezuela, dá "graças a Deus" não dever nada a ninguém e também por estar na sua terra Natal nesta fase da pandemia Covid-19.
"É com grande alegria poder estar aqui na Madeira. Felizmente o Governo [Regional] tomou medidas atempadas, por isso estamos a desfrutar", concretizou.

In DN-Madeira 29.07.2020