Foi no passado 1 de julho, que os Conselheiros da Diáspora pelo Brasil, Maria Sarinha, pelos Estados Unidos da América, José Leonel Teixeira, pela África do Sul, José Nascimento, pela Austrália, José Góis, por Jersey, João Carlos Nunes, e pela Venezuela, José Fernandes, estiveram presentes no Programa “Madeira 2020” da RTP-M, para assinalar o Dia da Região e das Comunidades Madeirenses.

CONSELHEIROS RTP M

 


Num programa virado para os madeirenses, que um dia deixaram a Região em busca de um futuro melhor, são muitos os que, à distância, continuam a sentir a Terra que os viu nascer. Percorrendo várias latitudes, a RTP-Madeira levou-nos, primeiro, até a Conselheira das Comunidades Madeirenses pelo Brasil.
Maria Sardinha afirmou que para a comunidade madeirense no Brasil o Dia da Madeira é um dia muito especial. “Vivemos a Madeira aqui todos os dias, nas nossas tradições e nas nossas recordações”.
O Dia da Região normalmente é celebrado com uma grande festa promovida pela Casa Ilha da Madeira de São Paulo, mas este ano devido à crise sanitária provocada pela covid-19, Maria Sardinha optou por juntar apenas 5 pessoas e o grupo folclórico. Organizou uma ‘live’ via internet “para levar um pouquinho da Madeira a todos os madeirenses que estão no Brasil e no resto do Mundo”.
Em relação à forma como a pandemia está a ser vivida no Brasil, aqueles que são mais responsáveis ficam em casa “fazendo o que é preciso fazer”, referiu Maria Sardinha, continuando: “Os madeirenses daqui souberam educar os seus filhos” que estão a se proteger e a proteger os seus pais, mantendo-se em casa seguros.
Claro há muitos que continuam a trabalhar nos serviços de saúde, no comércio, “mas sempre cumprindo com as regras de segurança e com responsabilidade”, sendo que “os nossos idosos estão bem guardados”.
Em São Paulo houve um abrandamento económico, mas a atividade económica não parou totalmente, tendo ficado com 70% dos sectores ativos, adiantou a conselheira, referindo que existem “muitos portugueses em sectores considerados essenciais (alimentação, transportes, saúde) que não chegaram a parar”.
Em relação aos madeirenses que estão no Brasil, Maria Sardinha garante que nenhum se esqueceu da sua Terra natal. “Nesta nossa cultura considerada brasileira, tem muito de influência madeirense: a nossa viola, os nossos arraiais e a Casa da Madeira, onde realizamos um evento por mês”. Também aqueles que têm mais condições, passam as suas férias na Madeira. E a ilha também é atrativa para os filhos e os netos dos emigrantes. Alguns pensam até em ir morar para Portugal, porque “o Brasil como esta situação em que se conhece, e os madeirenses destemidos como são, herdeiros de sangue madeirense, acham que podem tudo”, concluiu.
Depois foi a vez de José Leonel, conselheiro das Comunidades Madeirenses pelos Estados Unidos da América a ter voz no “Madeira 2020”, referir que a comunidade madeirense naquele país, à semelhança de todas as outras, raramente regressa ao país de origem. Apenas em férias. “A emigração dos Estados Unidos é de fixação. Gostam de visitar o país de origem, talvez comprar uma casa, mas não fazem grandes investimentos”
Ainda assim, as raízes não são esquecidas. A maior festa portuguesa do mundo é celebrada em New Bredford. “Esse é o exemplo de integração e de orgulho dos emigrantes que se integram nos Estados Unidos”. São quatro dias de festa, adiantou, dizendo que este ´evento “dá uma grande projeção da comunidade.”
No que respeita à situação de pandemia naquele país, José Leonel refere que existem mais de 2 milhões de pessoas infetadas pelo covid-19, com alguns dos 50 estados em pior situação do que outros, uma vez que os governadores de cada estado implementam medidas diferentes para conter a crise sanitária.
“Em Rhode Island, as medidas implementadas resultaram. No Texas, na Florida e no Arizona a situação está pior, estão a crescer em termos de número de casos e de mortos”.
Segundo o conselheiro trata-se de uma crise sanitária e de uma crise económica, por isso entende que “é importante que a economia abra, mas acompanhada sempre dos cuidados sanitários”.
Para José Leonel é um “grande orgulho saber as boas notícias que se recebe da Madeira, relativamente à contenção do vírus. A Madeira é um exemplo”.
Da África do Sul a RTP-M falou com o conselheiro José Nascimento, que salientou que o Dia da Região é festejado no dia 1 de julho, tal como na Madeira, mas este ano “devido à covid-19 não possibilidade de festejar” a efeméride.
Na África do Sul, “a restauração esteve fechada e agora abriu com muitas restrições. Somos encorajados a não sair de casa e seguir um confinamento social bastante restrito. Vamos celebrar enviando mensagens uns aos outros”, anunciou, mostrando a primeira página da publicação sul-africana “Voz Portuguesa” que dá destaque ao Dia da Região e das Comunidades.
Em tempos de pandemia, José Nascimento garante que a comunidade madeirense “está a seguir as regras” para evitar a propagação epidémica, nomeadamente “o distanciamento social, a utilização de máscara de proteção individual, a lavagem regular das mãos, aqueles que podem trabalhar a partir de casa estão a fazê-lo, bem como evitar aglomerações”.
É claro, nota o conselheiro, que a comunidade madeirense está inserida na sociedade sul-africana e como tal envolvida em quase todos os sectores económicos, desde o comércio, o turismo, passando pela agricultura e pelas pescas, até as profissões liberais, sendo assim uma época “difícil para todos”, à semelhança daquilo que se passa em todos os países, onde o vírus está ativo.
“É uma época difícil em termos económicos. Mas isto é global, todos os países estão a sofrer com esta crise”. Na África do Sul “tivemos um confinamento total de seis semanas, todos os negócios, escritórios, construção… tudo parou e isso tem efeitos negativos para todos”
José Nascimento falou sobre as ligações aéreas entre Portugal e a África do Sul, que “é outra das preocupações da comunidade que gostaria de ter uma rota que fizesse uma ligação Joanesburgo-Lisboa”. Agora, continua, “foi-nos prometido voos entre a Cidade do Cabo e Lisboa”. Claro que “é benéfico”, mas não é bem aquilo que melhor serve a comunidade lusa.
O conselheiro falou sobre outros anseios da comunidade madeirense, nomeadamente sobre a representação da diáspora nos órgãos representativos do Governo da República e do Governo Regional, sobre os lesados do BES e do BANIF e sobre a questão das equivalências académicas e profissionais.
Por fim elogiou o Governo Regional pela forma como tem contido a pandemia na Madeira, através da implementação de boas medidas.
Seguiu-se o Conselheiro da Comunidade Madeirense pela Austrália, José Góis, que entrou no programa começando por dizer que naquele país o Dia da Região será diferente de todos os outros. “O ano passado demos uma grande festa no clube, mas este ano as condições são totalmente diferentes devido à crise pandémica. Vamos festejar em casa”.
José Góis referiu que apesar da epidemia “não há grandes preocupações na comunidade que vive na Austrália. “Há danos económicos a registar. Está tudo encerrado, as pessoas não estão a trabalhar, mas o governo australiano está a apoiar o máximo que pode, em cerca de 11 biliões por mês para aguentar a economia.”
Adiantando que os madeirenses que emigraram para a Austrália não querem regressar à ilha, “só mesmo para férias, mas este ano vai ser difícil viajar”, o conselheiro aproveitou, também a ocasião para elogiar o trabalho desenvolvido pela classe política e pelos profissionais de saúde na Madeira.
“Têm feito um excelente trabalho na Madeira e espero que continuem a fazer o melhor para evitar a propagação do vírus”.
De Jersey, foi a vez do conselheiro João Carlos Nunes dizer que este ano o Dia da Região vai ser festejado de forma mais contida. Em vez dos três dias habituais de festa, foi marcado um jantar num hotel local, onde não faltarão as iguarias e as bebidas tradicionais madeirenses.
Depois do desconfinamento em Jersey, uma vez que o vírus naquela ilha do Canal está controlado “a comunidade madeirense comemora o Dia da Região com uma ida a um hotel. Vamos viver um dia à madeirense, com espetada regional tradicional, com as nossas iguarias, que nos fazem lembrar a nossa terra”.
Em relação à crise sanitária e económica, João Carlos Nunes, referiu que a comunidade tem aderido bem às restrições e por isso não tem havido problemas de maior em termos de saúde na ilha de Jersey. “Houve mortos em Jersey, mas felizmente nenhum era português”.
Mas ressalva que em termos económicos o impacto atinge todas as pessoas. Apesar de tudo, salienta que o governo [local] tem ajudado muito. “O governo tem suportado as empresas que ainda não abriram e tem suportado 80% das remunerações dos trabalhadores que não estão a trabalhar. Isto é uma alavanca que vai aliviar as empresas”, destacou.
Referiu ainda estar esperançado com a abertura do espaço aéreo e com as ligações aéreas diretas entre Jersey e Funchal, para que os madeirenses possam visitar a sua Terra.
Por último foi a vez de José Fernandes, Conselheiro da Comunidade Madeirense pela Venezuela. Aquele país sul-americano, está atualmente na fase inicial da pandemia. Segundo as informações oficiais que são “vagas” e “escassas”, existem cerca de 1.000 pessoas infetadas. A economia está ativa, mas aconselha-se a que as pessoas fiquem em casa.
A Venezuela, disse José Fernandes, já estava numa situação económica difícil antes da pandemia. Agora “há muitas pessoas que estão a tentar sair da Venezuela para procurar um futuro melhor em outros países, até porque neste momento as poupanças já começam a diminuir”.
No entanto, da mesma forma que há pessoas a sair da Venezuela, há outros a regressar. “Quando se sai de um país para outro, as pessoas encontram dificuldades diferentes nos países para os quais emigram. Por isso alguns acabam por voltar à Venezuela”, explica.
Em relação à comemoração do Dia da Região e das Comunidades na Venezuela, o Conselheiro lembra que “nesse dia fazíamos uma grande festa, com grupos folclóricos, comida e bebida típica madeirense e com a celebração de uma missa”, o que não será possível este ano. Por isso “vamos reunir um pequeno grupo de pessoas para assinalar o Dia da Região”.
José Fernandes transmitiu algumas das apreensões sentidas pela comunidade madeirense, especialmente no que concerne o transporte aéreo. “A TAP é a única companhia que faz a ligação entre a Venezuela e Portugal, e como tem o monopólio, pratica preços muito elevados”, exemplificando: “Uma passagem daqui até Portugal custa mais de 1.000€. Para ir até Espanha é metade do preço”, remata.