O JM foi ao encontro de alguns passageiros, e da agência que ajudou na organização do voo, para perceber melhor como tudo se realizou nesta viagem que trouxe quase 370 pessoas até Lisboa, sendo que 68 tinham a Madeira como destino final.
Francisco Teixeira, luso descendente de 56 anos, com residência e empresas em Portugal, ficou retido junto com a família esposa e duas filhas na Venezuela durante a pandemia. Aguardava uma oportunidade para sair o quanto antes, devido a compromissos empresariais e de família.
“Nasci neste país nisso este país e as pessoas. Tenho muitas responsabilidades em Lisboa, é esse o meu único motivo para fazer esta viagem de regresso com a família".
Acrescentando: "felicito as autoridades portuguesas pela iniciativa, assim como as autoridades venezuelanas", pela "excelente organização no aeroporto de Malquetia". Para lusodescendente "foi um trabalho em conjunto e harmonioso entre os dois países", deixando ainda palavras de reconhecimento também para a agência de viagens que participou na organização, assim como para a linha aérea operou o voo.
Ulisses Moreira, da Agência Atlas, empresa com muitos dos anos de tradição na organização de viagens de portugueses a Portugal foi contactada para apoiar na organização do voo. Ao JM afirmou que foram contactados e que "orgulhosamente trabalhamos neste projeto, juntos, diga-se Consulado de Espanha, Itália, Holanda, França, Inglaterra, Roménia, Quénia, Portugal e grupo de voluntários da Unicef".
O mesmo agente não poupa elogios e destaca ainda a empresa convidada para dar apoio terrestre ou seu pessoal no 'check-in' e ainda toda a equipa que faz parte do aeroporto de Maiquetía, na pessoa do seu presidente Almirante Carlos Vieira.
Também Frederica Rubartelli, italiana e residente em Madrid, destaca "a eficiência da organização do voo, o excelente serviço a bordo, como também o cuidado e profissionalismo da embaixada italiana na organização", avançando que foi contactada "pessoalmente pelo embaixador de Itália".
"Até senti alguma vergonha" assumiu.“Pediram a minha localização física e enviaram-me a licença de circulação para poder aceder ao voo. Não tenho palavras para conhecer o trabalho desta iniciativa", uma vez que necessitava urgentemente de regressar aos meus trabalhos estudantis e profissionais em Madrid."
“Nó na garganta"
Vários portugueses, entre os quais muitos madeirenses, agradeceram a Portugal por ter organizado o voo que sábado feliz regressar 181 conterrâneos que ficaram retidos na Venezuela devido à Covid-19 e que aterrou no aeroporto Humberto Delgado na manhã de ontem, sublinhando que penso regressar em breve a Caracas para continuar a investir "cá e lá".
"Vou com um nó na garganta a Venezuela é uma terra abençoada que nos marca e a partida é sempre triste", disse à Agência Lusa o madeirense Aleixo Vieira. Para este empresário, nascido na Madeira, “ com o voo de repatriamento, Portugal as autoridades portuguesas na Venezuela, as autoridades portuguesas de Portugal e as autoridades venezuelanas estão de parabéns". "Foi um esforço conjunto de forças. A comunidade precisava deste voo", frisou.
Aleixo Vieira explicou que o ambiente na Venezuela “está muito calmo, tranquilo, nota-se muita segurança" e que as autoridades locais "têm feito um excelente trabalho para conter" o novo coronavírus.
Por outro lado, José António Maia Pereira tem negócios na Venezuela há 35 anos, na área da panificação, na cidade de Valência e com orgulho afirmou: "somos trabalhadores, estamos a trabalhar", insistindo que tem também "algumas coisas em Portugal" onde “ paga impostos".
"A quarentena tem sido muito difícil porque é acostumar-se a uma vida nova as questões de retina, quotidianas tem que fazer-se de uma maneira diferente", disse.
Com o negócios na Venezuela e em Portugal, o advogado António José Gonçalves de Abreu também foi apanhado pela quarentena e felicitou consulado pelo sucesso do voo.
“A minha família está lá e quero voltar a vê-la. A quarentena foi ficar em casa, andar com muito cuidado", contou , precisando que ao chegar a Portugal ficará uns dias no Continente e em julho regressará a Madeira.
Apanhado pela quarentena José António damas branco, representante local da Caixa Geral de Depósitos, teve viagem marcada para 9 abril e 18 maio. “Vou porque tenho que ir ao médico e porque a minha mulher tem medicamentos a acabar que cá não há, e foi realmente uma oportunidade em aproveitar este voo. É o primeiro voo, está excelente. Na Venezuela temos muita sorte de ter aqui um cônsul e um embaixador extraordinários", salientou.
Por outro lado confia que a crise provocada pela Covid-19 vai melhorar, o que será importante para a economia. Prometeu regressar à Venezuela já em julho, para estar ao lado de uma comunidade de imigrantes que classificou como "os mais sacrificados do mundo".
Angelina Rodrigues, reformada está a viver em Portugal desde há três anos e não conseguiu todos os medicamentos que necessitava na Venezuela, durante a quarentena. "Só lhe vou dizer uma coisa e a tudo vocês, o jornalistas deviam de ir para as portas dos consulados, para ver a gente que lá está, a perguntar por isso estes voos. Ou seja, tem de haver mais vos de este tipo porque Há muita gente à espera", vincou.
Portugal repatriou 181 portugueses, entre eles 68 nacionais oriundos da Madeira, que ficaram retidos na Venezuela devido a quarentena, e conforme o JM apurou, alguns destes madeirenses que fizeram já no dia de ontem novo com destino final na Madeira. Desde março tinham sido repatriados 51 portugueses em outros voos organizados pelo União Europeia e por Espanha. Os voos nacionais internacionais estão restringidos no país.
in JM-Madeira 15.06.2020