Na Missa na Casa Santa Marta esta quinta-feira (16/04), Francisco agradeceu aos farmacêuticos que trabalham, neste tempo caracterizado pela pandemia, para ajudar as pessoas doentes.

PapaFrancisco

Na homilia, afirmou que a grande força que temos para pregar o Evangelho é a alegria do Senhor, alegria que é fruto do Espírito Santo.

O Papa presidiu a Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira (16/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos farmacêuticos:

Nestes dias me reclamaram porque me esqueci de agradecer a um grupo de pessoas que também trabalha... Agradeci aos médicos, enfermeiros, voluntários... “Mas o senhor se esqueceu dos farmacêuticos”: também eles trabalham muito para ajudar os doentes a sair da enfermidade. Rezemos também por eles.

Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia (Lc 24,35-48) em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, assustados e cheios de medo, porque pensavam que estavam vendo um fantasma, e lhes abre a inteligência para entenderem as Escrituras. E pela alegria não conseguiam acreditar. Ser repletos de alegria – ressaltou o Papa – é a experiência mais alta da consolação. É a plenitude da presença do Senhor, é o fruto do Espírito Santo, é uma graça. Citou a Exortação apostólica de Paulo VI “Evangelii nuntiandi” que fala de evangelizadores alegres. A grande força que temos para pregar o Evangelho, e seguir avante como testemunhas de vida, é a alegria do Senhor, que é fruto do Espírito Santo. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Nestes dias, em Jerusalém, as pessoas tinham muitos sentimentos: o medo, o espanto, a dúvida. “Naqueles dias, enquanto o coxo curado não deixava mais Pedro e João, todo o povo, fora de si pelo espanto...”: há um ambiente não tranquilo porque aconteciam coisas que não se entendia. O Senhor apareceu a seus discípulos. Também eles já sabiam que tinha ressuscitado, inclusive Pedro o sabia porque tinha falado com Ele naquela manhã. Esses dois que tinham retornado de Emaús o sabiam, mas quando o Senhor apareceu se assustaram. “Assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma”; a mesma experiência que tiveram no lago, quando Jesus veio caminhando sobre as águas. Mas naquele tempo Pedro, tomando coragem, apostou no Senhor, disse: “Se és tu, faze-me caminhar sobre as águas”. Este dia Pedro estava calado, tinha falado com o Senhor, naquela manhã, e daquele diálogo ninguém sabe o que foi dito entre eles e por isso estava calado. Mas estavam cheio de medo, assustados, acreditavam ver um fantasma. E diz: “Por que estais preocupados, e porque tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés...”, mostra-lhes as chagas. Aquele tesouro de Jesus que Ele levou para o Céu a fim de mostrá-lo ao Pai e interceder por nós. “Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos”.

E depois vem uma frase que me dá muita consolação e, por isso, esta passagem do Evangelho é uma das minhas preferidas: “Mas eles não podiam acreditar, porque estavam muito alegres”, ainda e estavam repletos de surpresa, a alegria os impedia de acreditar. Era tamanha aquela alegria que “não, isso não pode ser verdade. Essa alegria não é real, é demasiada alegria”. E isso os impedia de acreditar. A alegria. Os momentos de grande alegria. Estavam repletos de alegria, mas paralisados pela alegria. E a alegria é um dos votos que Paulo faz aos seus de Roma: “Que o Deus da esperança vos torne repletos de alegria”, lhes diz. Encher de alegria, ser repletos de alegria. É a experiência da mais alta consolação, quando o Senhor nos faz entender que isso é diferente do estar alegre, positivo, luminoso... Não, é outra coisa. Ser alegre, mas repleto de alegria, uma alegria transbordante que verdadeiramente nos invade. E por isso Paulo lhes deseja que “o Deus da esperança vos torne repletos de alegria”, aos Romanos.

E aquela palavra, aquela expressão, encher de alegria é repetida, muitas, muitas vezes. Por exemplo, quando se dá no cárcere e Pedro salva a vida do carcereiro que estava para suicidar-se porque as portas se abriram com o terremoto e depois lhe anuncia o Evangelho, o batiza, e o carcereiro , diz a Bíblia, estava “repleto de alegria” por ter acreditado. O mesmo acontece com o ministro da economia de Candace, quando Filipe o batizou, desapareceu, ele seguiu seu caminho “repleto de alegria”. O mesmo acontece no dia da Ascensão: os discípulos voltaram para Jerusalém, diz a Bíblia “cheios de alegria”. É a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor.
Porque, como Paulo diz aos Gálatas, “a alegria é o fruto do Espírito Santo”, não é a consequência de emoções que nascem por uma coisa maravilhosa... Não, é mais que isso. Esta alegria, esta que nos toma é o fruto do Espírito Santo. Sem o Espírito não se pode ter esta alegria. É uma graça receber a alegria do Espírito.

Veem-me à mente os últimos números, os últimos parágrafos da Exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI, quando fala dos cristãos alegres, dos evangelizadores alegres, e não daqueles que vivem sempre tristonhos. Hoje é um dia bonito para lê-los. Repletos de alegria. É isso que a Bíblia nos diz: “Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres...”, era tanta que não acreditavam.

Há uma passagem do livro de Neemias que nos ajudará hoje nesta reflexão sobre a alegria. O povo tendo voltado para Jerusalém reencontrou o livro da Lei, foi descoberto novamente – porque eles sabiam a Lei de cor, não encontravam o livro da Lei –, grande festa e todo o povo se reuniu para ouvir o sacerdote. Esdras que lia o livro da Lei. O povo comovido chorava, chorava de alegria porque tinha encontrado o livro da Lei e chorava, estava alegre, o choro... Quando o sacerdote Esdras terminou, Neemias disse ao povo: “Estejam tranquilos, agora não chorem mais, conservem a alegria, porque a alegria no Senhor é a força de vocês”.

Esta palavra do livro de Neemias nos ajudará hoje. A grande força que temos para transformar, para pregar o Evangelho, para seguir adiante como testemunhas de vida é a alegria do Senhor que é fruto do Espírito Santo, e hoje peçamos a Ele que nos conceda esse fruto.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!

Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!

Ressuscitou como disse. Aleluia!

Rogai por nós a Deus. Aleluia!

D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!

C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

In «Vatican News»