O IVBAM - Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira candidata hoje o Bordado Madeira ao concurso nacional 7 Maravilhas da Cultura Popular, na categoria de Artesanato.
Junta-se assim ao Borracho, candidatado pela Associação Grupo Cultural Flores de Maio na categoria Artefactos; aos Fachos na de Rituais e Costumes; e às Bonecas de Massa na de Artesanato também. Estas últimas duas inscrições foram apresentadas por entidades de Machico e do Caniço. O prazo para concorrer termina domingo.
Sendo um produto trabalhado à mão e com longa história e reconhecimento internacional, acredita a presidente do IBAM que tem hipótese de ser eleito como uma das Maravilhas. “Muita gente conhece o Bordado Madeira sem conhecer nem Portugal nem a Madeira”, frisou Paula Jardim, destacando ainda o ter sido um dos primeiros produtos na área do têxtil a nível nacional a receber certificação de qualidade. “O pedido do registo da Denominação de Origem foi em 1985, tendo sido concedido em 1989 com o registo número seis”. Mas há mais: foi pioneiro na regulamentação da relação entre empregador e executante ao domicílio. Segundo a presidente do IVBAM, em 1935 já havia uma legislação em que criava o Estatuto da Bordadeira de Casa e dos Industriais do Bordado.
O Bordado Madeira, a par da sua importância enquanto produto/marca da Região, foi também muito relevante para as famílias madeirenses e em particular para as mulheres, tendo funcionado como "um veículo emancipador” em termos financeiros, sobretudo na época de doença na vinha em que as famílias perderam rendimento e foi o dinheiro do bordado que amparou muitas casas, recordou. Hoje tem menor impacto do que teve no passado. Ainda assim há 3.000 bordadeiras inscritas no IVBAM e 1.200 entregam regularmente bordados, contando com esta actividade para o seu rendimento.
O Bordado Madeira é um produto de luxo, são peças únicas confeccionadas à mão que passam por um controle de qualidade. Mas estão cada vez menos presentes na vida das famílias madeirenses. Por um lado porque o estilo de vida moderno não se compadece com os cuidados que requerem e nem todos podem pagar pela peças. Há também desinteresse. “Os jovens hoje em dia nem querem saber no seu enxoval destas peças, é lamentável que isto aconteça.”.
Paula Jardim acredita no poder das campanhas para inverter a situação e destaca a importância de voltar o produto para os mercados externa, para um mercado com poder de compra, um trabalho a desenvolver pelos industriais do sector. Há também a necessidade de adaptar o Bordado Madeira "às circunstâncias da vida actual”.
Da parte do IVBAM, há campanhas regulares, embora havia algumas acções de promoção previstas fora do país, mas a questão do coronavírus deverá levar ao adiamento, revelou. O Borda. do Madeira já entrou em desfiles da Chanel e a nível nacional nos de Filipe Faísca. A presidente do IVBAM gostava que os estilistas nacionais abraçassem mais este produto e que a nivel internacional conseguisse entrar em grandes marcas, ainda que com pequenos apontamentos.
A candidatura a apresentar hoje compreende uma pequena memória descritiva sobre o que é o Bordado Madeira e sobre a importância deste na cultura e em termos comerciais. Será submetida à votação do júri, e depois do público se passar a primeira fase.
Paula Jardim quer o Bordado "entre os melhores dos melhores”. “Estamos confiantes, o Bordado Madeira é único”. “Tem tudo para ganhar”, acredita a presidente do IVBAM.
In «DIÁRIO»