D. Nuno Brás recorda «um dos mais aflitivos momentos da história».
Funchal, 20 fev 2020 (Ecclesia) – D. Nuno Brás, bispo do Funchal, presidiu hoje a uma Eucaristia que assinalou os dez anos do aluvião na Madeira, “um dos mais aflitivos momentos da sua história” e um “testemunho da fé de um povo que não se deixou consumir pela angústia e desespero”.
“O mundo assistiu, impotente, às águas e lamas que se precipitavam pelas encostas, pelas ribeiras, levando atrás de si quanto encontravam. O inferno parecia ter irrompido no Paraíso do Atlântico. E, desta vez, o inferno não era de fogo, mas de água e lama”, recorda o bispo na sua homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA.
D. Nuno Brás destaca que, apesar de todas as “vidas perdidas, casas destruídas e famílias enlutadas” o povo deu testemunho de fé.
“O mundo assistiu ao testemunho da fé de um povo que não se deixou consumir pela angústia e desespero, mas que, entreajudando-se, e unindo esforços, foi capaz de reerguer um novo futuro, quase com a mesma rapidez com que tinha surgido a aluvião”, refere.
A Madeira lembra aquele “20 de fevereiro de 2010 onde “pela primeira vez”, a Ilha esteve nos “noticiários do mundo inteiro pelas piores razões” e a “população que parecia impotente perante a fúria da natureza”.
“É por isso que, diante das catástrofes, não podemos deixar de cuidar uns dos outros e de, com o coração em Deus, participar no cuidado de todos e por todos, quem quer que seja. Esse, mais que qualquer outro, é o momento de mostrar como a fé é vida e todos abraça naquele amor indestrutível”, afirmou o responsável católico.
O bispo do Funchal apontou ainda que “a fé, a vida com Deus”, dá “um modo de viver” que permite encarar de outro modo todos os obstáculos, todas as tempestades, todos os perigos”.
“Neste dia em que celebramos o centenário da passagem desta vida de Santa Jacinta Marto e em que celebramos a memória dos dois pastorinhos neste dia, queremos, junto do altar do Senhor, recordar aqueles que perderam a sua vida na aluvião de há dez anos, um dos quais funcionário desta nossa catedral” , recordou D. Nuno Brás.
A Madeira viveu há dez anos uma das piores tragédias da sua história, quando um temporal provocou 47 mortos, quatro desaparecidos, 600 desalojados e 250 feridos.