A vitória de Boris Johnson nas eleições legislativas do Reino Unido, realizadas esta quinta-feira, vai permitir uma definição clara em relação ao Brexit, considerada “essencial” para tranquilizar os emigrantes portugueses que vivem no Reino Unido e garantir uma “saída ordenada” da União Europeia que muito satisfaz o Governo Regional da Madeira.
A opinião é de Sancho Gomes, Diretor do Centro das Comunidades Madeirenses e Migrações.
«O que favorece a nossa comunidade é a definição deste processo», revela ao DIÁRIO, salientando que a grande indefinição sobre este tema tem sido «o grande entrave até do ponto de vista económico, para os nossos empresários e empreendedores no Reino Unido», mostrando-se optimista em relação ao futuro. Sendo o Brexit uma realidade a partir de 31 de Janeiro, enaltece os acordos bilaterais de protecção dos cidadãos e aos interesses económicos entre Portugal e o Reino Unido.
Confessa que tem sentido alguns emigrantes madeirenses «apreensivos» com toda esta situação do Brexit, mas relembra que qualquer mudança causa sempre algum apreensão às pessoas. «Quando começou este processo, as pessoas estavam muito mais apreensivas e cautelosas, porque ninguém sabia o que viria nem como se processaria a defesa dos direitos e dos interesses dos britânicos que residem em Portugal e dos portugueses que residem no RU», referiu Sancho Gomes, salientando que agora as coisas estão mais clara e definidas.
«Foram feitos acordos entre Portugal e o Reino Unido, foi-se conhecendo os termos do Brexit, foi-se percebendo que continuam salvaguardados todos os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e, neste momento, sinto a comunidade muito mais tranquila do que já esteve.»
A tranquilidade e a segurança surgem a partir do momento em que «perceberam que não serão expulsas do Reino Unido e que a Comunidade portuguesa e a madeirenses, naturalmente, são uma comunidade querida naquele país», adiante o Director do Centro das Comunidades e Migrações.
Por isso, sugere que as pessoas «façam a sua inscrição conforme têm sido solicitadas a fazer, que se mantenham tranquilas e que vão acompanhando o que se passa diariamente com alguma prudência, atenção, mas sem pânico», uma vez que o Brexit «não prejudicará nem a nossa comunidade no Reino Unido, nem os interesses económicos daquele país».
Madeirense satisfeito com o resultado
Márcio Abreu, ex-jornalista madeirense e emigrante há cerca de 15 anos no Reino Unido, considera que o Brexit é «a democracia em funcionamento», pois «o povo decidiu há três anos» este resultado e «está na hora de acabar com a incerteza que tem causado muitos danos», refere o técnico de informática.
«As empresas não investem, as pessoas não compram carros, casas ou bens de alto valor porque ninguém sabe o que vai acontecer. E assim a economia não se desenvolve», afirma, mostrando-se «contente com o resultado das eleições» por entende que «este era o único partido que tinha uma ideia de andar Com isto para a frente e acabar com a incerteza de uma vez por todas».
Caso contrário, adianta, «daqui a um ano ou dois, ainda andávamos a brincar aos referendos».
O madeirense sabe que tem os direitos garantidos e nÃo se mostra preocupado pelo facto de ser português. «Sinto-me integrado na sociedade inglesa e muito raramente me senti discriminado por ser europeu. Basta preencher os trâmites legais e a vida continua na normalidade», refere, mostrando-se convicto de que a situação traga estabilidade.
In «DIÁRIO»