Associações lusófonas em França juntaram-se para discutir novas formas de promover a cidadania junto das comunidades e uma sugestão, apoiada por todos, foi oferecer café e um pastel de natal a quem se inscrever nas listas eleitorais.
O 16.º Encontro Nacional de associações lusófonas, promovido pela Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), aconteceu em Paris, reunindo cerca de 150 pessoas de 40 associações diferentes de toda a França e teve este ano como tema central o papel associativo na cidadania e novas formas de intervenção.
“Tenho a impressão que assistimos a uma mudança, há novas pessoas e novas associações. E tudo isso dá uma nova imagem da vida portuguesa e da comunidade. Acho que é fundamental que trabalhemos sobre domínios comuns a todos”, disse Marie-Hélène Euvrard, presidente da CCPF, em declarações à Agência Lusa.
Para Marie-Hélène Euvrard, estes desafios incluem a cultura, a língua, a construção da Europa, o ambiente e a cidadania. Assim, e como França vai ter já em março de 2020 eleições municipais onde os cidadãos portugueses podem votar, as associações presentes organizaram um atelier para propor novas formas de intervenção cívica.
“Uma das nossas propostas é convidar as pessoas para um café e uma nata para as motivar a votar! Pode funcionar”, sugeriu Antónia Fernandes, dirigente da associação Sol do Portugal, uma associação de Bordéus.
A sala respondeu de forma animada. Mas as sugestões não ficaram por aí. As associações acordaram que era necessária uma mensagem clara e unificada para difundir nas redes sociais dando conta da possibilidade da participação dos portugueses nas eleições municipais, assim como ajuda para se inscreverem junto das suas autarquias nas listas até 7 de fevereiro.
Mas a cidadania não fica pelo ato do voto. Para Hugo dos Santos, dirigente da Associação Alegres do Norte, de Ivry-sur-Seine, a partilha de testemunhos e ateliers de civismo são essenciais nas associações. “Seria importante fazer pequenos ateliers para refrescar as regras do civismo adaptados a crianças e adultos. Mas também partilha de testemunhos de figuras das nossas comunidades”, sugeriu.
Estas sugestões, segundo Marie-Hélène Euvrard, mostram que as associações ainda têm um papel ativo na vida da comunidade e terão sempre, especialmente no acolhimento de novos emigrantes.
“Haverá sempre os laços sociais que as associações podem garantir. Há pessoas que ainda estão a chegar de Portugal e precisam de ajuda para se instalar aqui. E temos também de ter consciência que há pessoas à margem da sociedade e com as quais temos de colaborar para ajudar. A solidariedade na vida associativa é muito importante”, afirmou a presidente da CCPF.
O encontro contou com a presença do embaixador de França em Portugal, Jorge Torres Pereira, assim como do cônsul de Portugal em Paris, António Moniz, e dos deputados eleitos pelo círculo da Europa, Paulo Pisco e Carlos Alberto Gonçalves.