Joaquim da Silva, 89 anos, faz todos os dias o mesmo caminho. Apanha o autocarro para ir trabalhar naquilo que faz desde sempre, consertar sapatos.
Vive em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Português de nascença, foi para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial para fugir à crise.
Fez o primeiro sapato tinha apenas 11 anos. Agora, com 89 anos, continua de martelo na mão, numa loja que não deve ter mais do que 10 metros quadrados.
"Trabalhar naquilo que gosto é muito bom", diz Joaquim. "Tive várias propostas para fazer outras coisas mas nunca aceitei.", admite, com um sotaque de portguês do brasil que se entranha no português de Portugal ainda bem visível.
Entrar na sapataria de Joaquim é como voltar atrás no tempo. As técnicas que usa são as mesmas que usava nos tempos em que aprendeu a manejar a arte que já praticamente não existe nas ruas do Rio de Janeiro. A cidade mudou com o tempo, diz Joaquim, mas nada que o assuste.
"Ai, eu gosto muito disto. Tirando o desconforto que é a gente não ter tranquilidade, gosto muito disto.", diz. "Gosto do ambiente, das pessoas, do clima. Se estivesse em Portugal já tinha vindo embora, porque não gosto de frio.", diz Joaquim, com gargalhadas a acompanhar.
Conhecido por todos, não tem planos para se reformar, mas sim para não perder o autocarro que o leva ao cantinho onde é feliz.