As comemorações do 10 de Junho, iniciadas com missa celebrada às nove horas na Igreja de Santa Maria, pelo frei Gilberto Teixeira e o seu colega Lameque André Micha gula, sufragando a alma de todos os portugueses falecidos na África do Sul, seguida de homenagem, a Maria Emília Rodrigues, falecida a 25/9/2005 e a Américo Gomes Ferreira Teles, este que nos deixou a 28/11/2011, com o descerramento de azulejos e colocação de coroa de flores, no jardim de lembranças da paróquia de Santa Maria, acto a que se associou um bom número de compatriotas e foi vivido com grande sentimento.

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O coordenador das celebrações, Carlos Calado, agradeceu a todos quantos se associaram à homenagem, com destaque para as entidades oficiais, a Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna de Portugal, Isabel Oneto, o embaixador Manuel de Carvalho, o cônsul-geral de Portugal, em Joanesburgo, Francisco-Xavier de Meireles, do conselheiro da embaixada e gerente da Secção Consular, Eduardo Rafael, e de Frédéric Rabeshala, do consulado de Portugal em Madagáscar.

Começou por agradecer a presença de todos na homenagem póstuma, neste dia em que era feito um tributo a duas pessoas que deixaram uma marca positiva na nossa comunidade, que exerceram funções de líderes e profissionais, pessoas que pela sua postura passaram à geração futura todo o seu conhecimento, e deixar um bom positivismo para que a nossa comunidade crescesse e melhoras-se em todos os aspectos.

A dra. Maria Emília Rodrigues que foi professora nas escolas de Português que então funcionavam na ACPP, e Américo Teles como desportista, treinador e árbitro de fu-tebol, uma pessoa muito positiva, muito chegada e amada pela comunidade, e como tal merecedores desta homenagem.

A seguir foi Manuela Calado, presidente da Liga da Mulher Portuguesa, a descrever o percurso da homenageada, “que como muito culta e com grande dedicação à literatura portuguesa e profundos conhecimentos sobre os nossos grandes escritores, a par de uma admiração especial a Luís de Camões e Fernando Pessoa, e como tradutora oficial, fora uma das fundadoras da Liga da Mulher Portuguesa e professora do ensino secundário na ACPP, dando sempre o seu melhor nas comemorações ligadas ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que com a sua morte perdemos um grande vulto da comunidade e uma grande senhora da Liga da Mulher”.

Convidada a proferir algumas palavras, a Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, começando por reconhecer pessoas que nos orientam e nos ajudam a enfrentar a vida, podem partir, mas ficam sempre cá, no nosso coração sempre connosco e é bom salientar o contributo que estes concidadãos deram para o fortalecimento desta nossa comunidade, salientando a concluir:

“São pessoas que ficam sempre nos nossos corações e lembradas onde quer que estejamos aqui, ou em Portugal, a permanecer sempre uma saudade difícil de apagar nas nossas memórias, e o seu contributo em prol do bem comum difícil de esquecer”.

 

Monumento a Bartolomeu Dias

Dali rumou-se ao monumento a Bartolomeu Dias, em Arcádia Park, a que voltaram a marcar presença no acto cívico, as entidades oficiais e outro razoável número de compatriotas, onde foram depostas duas coroas de flores, uma da embaixada, pelo embaixador Manuel de Carvalho, e a Secretária de Estado Isabel Oneto, e outra dos Lusíadas pela sua presidente Paula de Castro, entoado em coro pelos presentes o hino nacional, e servido um “Porto de Honra” acompanhado de alguns petiscos, à semelhança do ano passado, oferecidos pelo casal José Rodrigues/Helena Rosa Rodrigues.

Junto a este padrão foi primeiro orador o coordenador das celebrações, Carlos Calado, que depois de a todos saudar e agradecer a presença de cada um naquela manhã, invocar a seguir o comendador António Braz, pessoa que em 1988 mandou construir o monumento onde se encontravam neste Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que em cada ano celebramos, com o passado e com olhos no futuro, tal como Bartolomeu Dias, que com a sua fé e visão conseguiu uma façanha até hoje incomparável na história de Portugal da qual nos orgulhamos, que a história não apaga, antes pelo contrário, faz-nos recordar que nunca deixaremos de ser grandes no presente e no futuro, concluindo:

“Estamos presentes nos quatro cantos do mundo, fomos os primeiros europeus na Áfri-ca do Sul, somos uma das maiores comunidades a contribuir para este país, com a nossa língua falada por milhões de pessoas, sendo a sexta língua mais falada no mundo”.

Convidado a usar da palavra o embaixador Manuel de Carvalho, depois de saudar e cumprimentar os presentes, como referiu, “uma comunidade que tenta recordar o passado de que muitos nos orgulhamos e projectar o futuro enquanto portugueses, e que aqui em Pretória, onde nos encontramos por esta ocasião para lembrar e admirar o grande navegador que foi Bartolomeu Dias, não só pelas suas qualidades de navegador, mas também pela capacidade demonstrada, e como ele não se deixa abater, mesmo quando as coisas parecem não ter solução”.

Lembrando figuras como Afonso de Albuquerque, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e outros que como nobres a merecerem ser também recordados, onde Bartolomeu Dias como último dos bons pescadores mandados para o mar, veio a provar saber o que estava a fazer, mas nem por isso se vangloriando, nem sendo homenageado por essa via, mas incumbido de comandar uma das caravelas da frota de Pedro Álvares Cabral à India , e como grande navegador que amava o mar, a que juntou as suas lágrimas de sal português de que nos falou.

Manuel de Carvalho historiou ainda “quando olhamos para este monumento aqui edificado na África do Sul há todas essas lembranças que nos invocam o passado glorioso e nos dão confiança rumo ao futuro, como o que aqui estamos a invocar neste 10 de Ju-nho, desta nossa comunidade a viver neste país cheio de oportunidades, e com essa confiança de identidade portuguesa que nos honra e de futuro que nos estimula”.

O embaixador finalizou o seu improviso com um forte “Viva Portugal”.

 

Jantar de convívio na ACP de Pretória

As comemorações foram encerradas à noite no salão nobre da ACPP, onde foi servido jantar de convívio tipo “self-service” de boas iguarias da nossa culinária ao bom número de presentes, entre os quais a Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto e a sua adjunta Helena Pires, pela embaixada o embaixador Manuel de Carvalho e esposa Joana, o secretário da e gerente da Secção Consular Eduardo Rafael, o conselheiro económico Sérgio Espadas, o coordenador do ensino de Português Carlos Gomes da Silva e a chanceler Carlota Amorim, o cônsul-geral de Joanesburgo, Francisco-Xavier de Meireles, o director do jornal “O Século de Joanesburgo” Rogério Varela Afonso e esposa, .

Também presentes estiveram os Freis Gilberto Teixeira e Lameque Michangula, este que ali procedeu à bênção da refeição, a conselheira da Comunidade por Pretória Helena Rodrigues, os comendadores Joe Quintal e Gilberto Martins, o coordenador das celebrações Carlos Calado, e em representação de colectividades e instituições citadinas, Paula de Castro pelos Lusíadas, Manuela Calado pela Liga da Mulher Portuguesa, Augusto Gil Baptista Rosa pela Casa Social da Madeira, e José Brunido pela Casa do Benfica desta mesma cidade.

Por neste convívio serem entregues os troféus correspondentes ao “Torneio de Golfe intitulado “Dia de Portugal”, que organizado pela ACPP fora disputado sexta-feira anterior no Pretoria Golf Club, e segundo os prémios ali entregues nesta mesma noite, saiu vencedor Tony Tavares, classificando-se em segundo lugar Mervyn Goldsmith, e na terceira posição Tony Gonçalves.

Com os hinos de Portugal e da África do Sul cantados em palco pelo jovem cançonetista da comunidade Roberto Adão, e acompanhados em coro pelos presentes, de pé, no salão, seguiram-se depois das boas-vindas, por Américo Pimentel, aos presentes naquela noite, e agradecimentos aos organizadores do torneio de golfe, Paulo Ferreira, José Rodrigues, Mário Jorge e PS Reddy, aos patrocinadores da competição Nocross Tal, Harrop Allin, Boutel e Huges PC, ao Pretoria Golf Club e a todos os golfistas que participaram na prova, finalizando com o seu reconhecimento a todos os presentes ali nessa noite, de modo especial às entidades oficiais civis e religiosas que assim deram mais brilho ao encerramento das comemoração que com muita dignidade ali decorreram, dando de seguida a palavra ao coordenador das comemorações na cidade de Pretória, Carlos Calado, este que depois de a todos saudar com amizade viria a destacar na sua intervenção:

“O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas faz-nos sentir grandes e acima de tudo transportar-nos até às memórias dos nossos navegadores, que há quinhentos anos mostraram ao mundo a garra, determinação e brio em chegarem mais longe. Fomos os maiores empreendedores, assim como tivémos a melhor escola de engenharia à data, descobrimos o mundo, a quem demonstrámos que mesmo sendo um país pequeno, conseguimos ser grandes”.

“Temos hoje, como tivémos no passado, portugueses que se destacam entre os melhores do mundo nas mais distintas áreas, e devemos sentir orgulho sem limites nestas gerações que marcam o nosso quotidiano, dando-lhes todas as oportunidades para que possam alcançar o sucesso”.

E porque a poesia é o alimento da alma invocou Camões com o poema intitulado ‘As ar-mas e os barões assinalados’, para depois da referência à nossa gloriosa epopeia, des-tacar também o acordo assinado com o governo da África do Sul para integrar a língua portuguesa no ensino primário e secundário, assim como a oportunidade que Portugal nos deu para podermos votar como cidadãos, da mesma maneira como os residentes em território português, terminando com estas palavras:

“Portugal tem uma história da qual nos orgulhamos e não pode ser apagada, antes pelo contrário, faz-nos recordar que nunca deixaremos de ser grandes no presente e no futuro”.

Carlos Calado finalizou os seus dizeres com um forte “Viva Portugal”.

Convidado a proferir algumas palavras o embaixador Manuel de Carvalho, depois de saudar a todos com amizade, agradeceu à comissão coordenadora das celebrações e a todas as pessoas que trabalharam e fizeram em Pretória esta semana de festas de que todos muito nos orgulhou, e face ao encerramento que decorreu neste salão que frequenta com regularidade, era para si um orgulho que lhe enchia o coração a forma como ali era assinalado Portugal, Camões e as Comunidades portuguesas.

“Com dez milhões em território nacional e mais cinco milhões fora, temos seguramente mais presença mundial, e com isso uma honra para todos os portugueses, tanto residentes em Portugal, como espalhados pelo mundo, com parabéns para os radicados na África do Sul”.

“Agrada-me muito ver também aqui muitos nossos compatriotas de Joanesburgo, que assim se juntaram a nós, para como portugueses que somos lembrar Camões e a tudo mais que nos liga e engrandece”.

Fazendo suas as palavras do coordenador das celebrações, ao enumerar as personalidades presentes, assim como certas coisas que as autoridades têm vindo a fazer, e na parte que é destacado o trabalho da embaixada, deixar ali um reconhecimento à sua equipa, porque sem esse contributo certas delas não teriam acontecido, para em seu nome e de toda essa equipa que o acompanhava referir ser com prazer, gosto e alegria que o fazemos, destacando nesse prisma o acordo de inserir o Português no sistema de ensino na África do Sul, estendendo nesse sentido o seu reconhecimento ao coordenador de ensino e professores que todos os dias, por várias partes da África do Sul, por vezes em sítios bastante difíceis, mas como importante procurar alargar esta mensagem da língua portuguesa, terminando o seu improviso com um forte “Viva Portugal”.

Convidada a dizer algumas palavras, a Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, começou por cumprimentar o coordenador das celebrações, Carlos Calado, e nele toda a comissão que organizou este encontro, cumprimentar o embaixador e todos os presentes, dizer ser para si uma honra estar ali em nome do governo português, neste terceiro dia da sua primeira visita à África do Sul, e sentir o calor humano que leva para Portugal ali bem expresso no salão e nesse convívio, prosseguindo:

“Tem sido uma recessão muito calorosa, tenho sentido da parte da comunidade portuguesa uma ligação muito forte a Portugal, e um desejo muito grande de continuarem todos com o seu projecto de vida, mas sempre ligados ao nosso país, ao nosso Portugal, e isso faz que nós também ao sentirmos essa força e vontade que têm tido ao longo dos anos para, estando aqui têm o seu coração lá, fazer que todos os portugueses de lá saibam o esforço que aqui tem sido feito.

Nós temos procurado acompanhar o trabalho que tem vindo a ser feito pelas comunidades, procurar saber as principais dificuldades e ir procurando resolvê-las à medida que nos vai sendo possível encontrar soluções para alguns dos problemas que vão sendo identificados e que procuramos dar resposta.

Entre eles está a atribuição da nacionalidade aos netos de portugueses, com a lei aprovada em 2015, mas só agora regulamentada, e cumprir os regulamentos que a lei determina, em permitir a aquisição originária dessa nacionalidade, mas muitos outros problemas que são do vosso dia-a-dia e da vossa ligação a Portugal, que nós estamos também a tentar resolver.

Um deles é a questão do registo dos filhos, daqueles que por várias vicissitudes da vida passaram por um divórcio, e alguns de vós certamente com muitas dificuldades de registar um filho, daí o Ministério dos Negócios Estrangeiros ter solicitado ao Ministério das Justiça o parecer, no sentido de dar orientação a todas as conservatórias, para que qualquer cidadão nascido em território estrangeiro, e que seja registado pelos pais, sejam eles casados ou não, qualquer que seja o seu estado civil, desde que se apresentem perante o consulado com o menor, podem proceder ao seu registo, um passo que vai também ajudar a que se mantenha esse elo, essa ligação que todos nós queremos que se mantenha a Portugal.

Procuramos também que os documentos, muitas vezes solicitados no relacionamento com os diversos aspectos do dia-a-dia e da ligação necessária a manter Portugal, que muitos dos documentos escritos em francês, espanhol ou inglês, que não necessitam de tradução, e que possam ser aceites pelas autoridades portuguesas, desde que entendam o seu significado nos nossos consulados, como passo na desbloquear todo o processo de obtenção das certidões necessárias, e de todo um conjunto de documentação.

Quanto ao recenseamento automático, nós entendemos que qualquer cidadão português, tem exactamente o mesmo direito no exercício de voto igual ao residente em Portugal, e por isso resolvemos fazer o recenseamento automático de todos os cidadãos residentes no estrangeiro, recorrendo para tal àquilo que em Portugal é feito aos cidadãos residentes, necessitando para o efeito do cartão de cidadão para esse registo.

Com isto aumentamos de trezentos e vinte mil eleitores, para um milhão e quatrocentos mil, e aquilo que apelamos é que votem, temos várias candidaturas e projectos para Portugal, e como hoje é Dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas, tornando associadas estas três realidades, e aquilo que nós mais pretendemos é que utilizem o vosso exercício de direito de voto e ajudem-nos também a decidir o destino daquilo que é o nosso e vosso país, não estando lá fisicamente, são parte do nosso país, e assim exercer e contribuir para decidir aquilo e reconhecimento internacional que é melhor para todos nós, e é a vossa presença espalhada pelo mundo transformar Portugal no país com a força e reconhecimento internacional que hoje tem, e nos permite ganhar a confiança dos nossos parceiros internacionais, onde temos nomes em organizações de vulto, como o do Secretário Geral das Nações Unidas e o presidente do Euro Grupo, lugares de destaque em assuntos que tratam de matérias de extrema importância, não só para nós, como para o resto do mundo.

Por isso levo daqui para o governo português a vossa mensagem relativamente aos problemas que enfrentam, e da nossa parte dar o contributo também, e acima de tudo sabendo que esta comunidade é muito forte e de grande coesão, e dizer que devemos ter orgulho desta comunidade que sabe lutar e vencer, e que com muito orgulho faz parte do nosso Portugal, finalizando o seu improviso com um “Viva Portugal”.

De referir que com música do conjunto 8th Avenue, actuaram os jovens artistas da comunidade, Kátia da Ponte, Roberto Adão e Miguel Pragueiro, e por Annelise Jorge foi entregue arranjo de flores à nossa embaixatriz Joana de Carvalho, tudo terminando em beleza, e com isso enaltecido o nome de Portugal.

In «O Século de Joanesburgo»