“Atravessando o vasto oceano, a Madeira emerge como um milagre verde e vertical que transporta, mesmo quem já viu muito mundo, até ao seu princípio. Talvez as ilhas permitam essa espécie de reencontro com o paraíso e daí o seu interminável fascínio.
A Madeira não é o finisterra, os confins do mundo ou uma das suas fronteiras remotas. A Madeira é o início do mundo, é qualquer coisa antes da história (...). A Madeira não é uma jangada à deriva no tempo. A Madeira é um útero, um vácuo cósmico onde o tempo não corre, o colo de um vulcão maternal.”
José Tolentino Mendonça,
no Fórum Madeira Global 2017
O verão é a época alta da ligação de Portugal com a sua diáspora, quando ao território nacional regressam os filhos da terra e os seus descendentes.
Nesse período estival, os emigrantes que regressam para o período de férias animam as suas terras-natal, revitalizando o interior e estimulando as pequenas economias locais.
A Região não é exceção, com a diferença de que na Madeira também dezembro é período de retornos e reencontros.
Este ano, o mês de julho será especialmente produtivo.
Ao nível nacional, teremos , nos dias 13 e 14 de julho, no Porto, o I Congresso Mundial das Redes da Diáspora, que tem como objetivo colocar em interação representantes e protagonistas das Redes da Diáspora, enquanto agentes particularmente ativos e reconhecidos, quer na comunidade portuguesa em que se inserem, quer na sociedade do respetivo país de acolhimento, Este Congresso será abrilhantado pela intervenção do Arcebispo madeirense D. José Tolentino Mendonça que, recorde-se, em 2017, proferiu uma laude à Madeira e aos seus filhos emigrados, aquando da sua participação no Fórum Madeira Global (trecho citado neste texto é apenas uma amostra da beleza do discurso).
Ao longo de todo o mês de julho, decorre o Curso de Língua Portuguesa e Cultura Madeirense para Lusodescendentes, uma organização da Secretaria Regional de Educação, através do Centro das Comunidades Madeirenses Migrações e da Universidade da Madeira. Este é um evento de extrema importância pois permite a aproximação dos jovens nascidos na Diáspora à cultura, às tradições e aos costumes da terra que os seus pais deixaram para trás.
No dia 24, tem lugar o grande encontro das comunidades madeirenses: o Fórum Madeira Global. Esta é já a quarta edição da assembleia magna das comunidades madeirenses, criada com base no desejo manifestado pelos emigrantes presentes no I Encontro que este Governo Regional realizou, em 2015. Vai decorrer no Savoy Palace e terá como tema a Participação Política das Comunidades, num ano em que tivemos um aumento do universo de votantes da diáspora (passou de 300 mil para bem mais de 1 milhão). No evento participarão responsáveis políticos, ativistas e políticos da diáspora, que nos irão ajudar a refletir sobre a participação política dos madeirenses nas sociedades de acolhimento e sobre o seu interesse e a sua mobilização para a participação na vida pública nacional e regional.
No dia 25, o Conselho da Diáspora Madeirense reúne pela última vez nesta legislatura. Este é um órgão de aconselhamento do Governo Regional, nomeado pelo Presidente e que, de acordo com o Decreto Legislativo Regional 5/2016, de 3 de fevereiro, que o criou, faz coincidir o mandato à legislatura, numa inequívoca manifestação democrática deste governo, que não impõe conselheiros a governos futuros.
Por fim, teremos, também no dia 25, o Encontro Intercalar de Investidores das Diáspora, que decorrerá igualmente no Savoy Palace e que tem como objetivo mostrar aos empresários da Diáspora as oportunidades de investimento que a Região e o país oferecem, bem como facilitar a internacionalização das empresas nacionais e ainda partilhar informações empresariais, oportunidades de negócio e de investimento nas diversas comunidades de acolhimento.
Como se comprova, julho é um mês particularmente importante, com diversas iniciativas para as comunidades.
Mas essencialmente revela a atenção que este Governo Regional tem dedicado à Diáspora Madeirense, dando corpo à máxima, presente no Programa de Governo e tantas vezes enfatizada por Miguel Albuquerque, de que a Madeira é onde estiver um madeirense. Neste sentido, é tão importante criar políticas e iniciativas para os madeirenses emigrados quanto para aqueles que se mantêm na sua terra natal. Porque todos somos filhos deste “(...) útero, vácuo cósmico onde o tempo não corre, o colo de um vulcão maternal”. A atividade do mês de julho é tão só a prova disso!