Um país em crise, mais crianças, adultos e idosos que precisam de ajuda e de medicamentos são alguns dos novos desafios que enfrenta a Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas, fundada há 50 anos na Venezuela.
Para assinalar o aniversário, as “Damas da Beneficência”, como são popularmente conhecidas, organizaram um almoço que reuniu quase meio milhar de pessoas, no Centro Português de Caracas, entre elas a fundadora, Susana Meave Teixeira de Sampaio.
“À beneficência chegam pessoas de todas as idades à procura de ajuda. Crianças, não tão crianças e adultos e velhinhos”, começou por explicar a presidente à Agência Lusa.
Segundo Fátima Pita, as crianças precisam principalmente de medicamentos, as “não tão crianças [jovens] de ajuda económica para estudar, porque os pais não podem e elas precisam de se preparar”.
“Os adultos é porque não têm trabalho ou porque ganham muito pouco. Os ‘maiores’ [idosos] chegam à procura de um lugar onde passar o resto das suas vidas e vão para o Lar Padre Joaquim Ferreira”, que foi projetado pelas “Damas” e fundado há 15 anos, acolhendo em média 70 pessoas, precisou.
Por outro lado, explicou, há também portugueses que precisam de “ajuda espiritual, de uma palavra amiga”, o que sai um pouco das funções da beneficência, mas nisso as “Damas” têm também um papel ativo.
“Sempre que as pessoas contam os seus problemas tratamos de dar-lhes também essa ajuda espiritual, porque uma palavra amiga para eles significa muito, muito, mais ainda nestes tempos [crise] como o que estamos a passar aqui na Venezuela, onde faltam medicamentos, alimentos e muitas coisas mais”, disse.
Questionada sobre se o agravar da crise atrapalharia o funcionamento da beneficência, disse que “há muitas, muitas pessoas amigas, conhecidas, que têm essa força para continuar a ajudar”.
“A beneficência vai continuar e esperamos que as pessoas que agora nos ajudam continuem a ajudar-nos. Talvez sejam os filhos dessas pessoas os que nos ajudem, porque aprenderam a dar, porque têm visto como dão os seus pais”, referiu.
No entanto, as “Damas da Beneficência” têm um outro novo desafio, o de manter a atividade com um número de senhoras que está a reduzir-se, porque a crise está a afastar as pessoas do país.
“Éramos pelo menos 25 senhoras, mas muitas delas, devido à situação [crise] no país, regressaram às suas origens, a Portugal e à Madeira. Atualmente somos 15 senhoras a trabalhar”, frisou.
Por isso apela às portuguesas e lusodescendentes, radicadas na Venezuela, para que “se unam à beneficência”, que façam parte de uma obra “que é tão linda”.
“Estamos com os braços abertos para receber as pessoas que queiram compartilhar esta obra tão linda que é ajudar as pessoas mais necessitadas”, concluiu.
A Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas foi fundada em 1969, ano em que, a 02 de dezembro, realizou a sua primeira atividade benéfica, a bordo do barco Santa Maria (que transportava portugueses para a Venezuela) e que além das autoridades portuguesas, contou com a presença do ex-Presidente da Venezuela, Rafael Caldera (nasceu em San Felipe a 24 de janeiro de 1916 e faleceu em Caracas a 24 de dezembro de 2009).
Almoços, jantares, bingos, festas e festivais, são algumas das atividades que as “Damas da Beneficência” realizam periodicamente, para recolher fundos, para ajudar a portugueses carenciados.