Ricardo Araújo Pereira e Stereossauro marcaram presença num evento falado em português organizado pela UNESCO.
A celebração do dia da língua portuguesa na UNESCO, em Paris, contou com manifestações culturais dos diferentes países da CPLP, desde o humorista Ricardo Araújo Pereira ao DJ Stereossauro, passando pelo grupo moçambicano Kakana ou os brasileiros Bateria Show.
Foi difícil para as centenas de pessoas que acorreram ao maior auditório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla inglesa) manterem uma cara sisuda ou não darem um passo de dança nas celebrações do dia da língua portuguesa e da cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Fugindo a celebrações mais solenes, as representações dos países da CPLP optaram por um evento que integrou humor, com diversas expressões culturais vindas de todas as origens lusófonas, uma aparente “contradição” que pareceu resultar.
«[A minha presença] assinala a contradição que há entre a solenidade e a comédia. A comédia normalmente não é para este tipo de salão, mas pode ser que este contraste tenha graça», disse o humorista português Ricardo Araújo Pereira, em declarações aos jornalistas, antes de subir ao palco.
O humorista partilhou durante cerca de 30 minutos os holofotes com o humorista franco-cabo-verdiano Fary Lopes, numa conversa informal sobre o humor e a língua portuguesa.
Ricardo Araújo Pereira explicou que há certas particularidades da língua portuguesa que a tornam divertida e única, como a diferença entre «quente» e «quentinho».
Para António Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal na UNESCO, esta é uma oportunidade para mostrar as potencialidades da língua e reforçar a posição desta língua que, apesar de ser a quinta mais falada no mundo, não é língua oficial das Nações Unidas.
«[É um momento para] reforçar a língua portuguesa numa grande organização multilateral que é a UNESCO. (...) Se o português fosse língua oficial, talvez não fosse preciso chamar a atenção todo o tempo. Como não é língua oficial, precisamos manter o português na agenda do multilateralismo, fazer eventos e chamar a atenção dos nossos colegas embaixadores, fazendo todo o trabalho da valorização da língua», disse o antigo reitor da Universidade de Lisboa.
Mas também é preciso apostar na qualidade do ensino aos que já são falantes.
«O português já foi melhor e é isso que acontece com Cabo Verde e todos os outros países. Quando alargamos a base de ensino a todo o mundo, perde-se a qualidade, mas ganha-se em quantidade. O desafio do futuro é que se tenha mais quantidade e qualidade. A língua portuguesa é o nosso grande património», disse Hércules Cruz, embaixador de Cabo Verde em França e junto da UNESCO.
O património da língua portuguesa foi assinalado também através da música, com o grupo brasileiro Bateria Show, seguido por uma atuação do grupo moçambicano Kakana e um concerto do DJ Stereossauro, que teve como convidados o “rapper” português Chullage e o cantor português Dino D"Santiago.
A poesia também não foi esquecida, mostrando trabalhos feitos pelos alunos do ensino primário e secundário das secções de português de escolas francesas no âmbito do centenário de Sophia de Mello Breyner, assim como a literatura teve o seu espaço com um vídeo de Chico Buarque, distinguido este ano com o Prémio Camões.