Cada emigrante é uma história vivida entre dois países. Conhecer essas histórias é também conhecermo-nos a nós como povo.
Daniel Bastos fala-nos de uma obra que é trabalho de Manuela Bairos, antiga cônsul-geral de Portugal em Nova Iorque.
No início do presente mês, foi apresentada na capital portuguesa a obra “Vidas Com Sentido – 225 histórias de emigração”, um livro que retrata mais de duas centenas de histórias de emigrantes portugueses nos Estados Unidos, uma por cada um dos anos do consulado luso em Nova Iorque, e que é coordenado pela antiga cônsul-geral de Portugal do estado americano, Manuela Bairos.
A conceção e realização da obra provieram da comemoração do 225.º aniversário do Consulado-Geral de Portugal em Nova Iorque, uma avoenga estrutura consular lusa cujo percurso histórico e diplomático é revelador da presença portuguesa nos Estados Unidos.
Estima-se, que desde o primeiro quartel do séc. XIX, até ao último quartel do séc. XX, tenham emigrado para a América cerca de meio milhão de portugueses, a maior parte deles oriundos dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, e que ao nível socioeconómico se inseriram em atividades ligadas à pesca, indústria têxtil, pecuária e pequena indústria. Atualmente, a população luso-americana ultrapassará já um milhão de pessoas, estando a maioria concentrada na Califórnia, Massachusetts, Rhode Island e Nova Jérsia.
O recente projeto editorial, que foi desenvolvido durante dois anos, e contou com a colaboração do coordenador-adjunto do ensino de Português nos Estados Unidos da América, de professores e alunos de três escolas comunitárias portuguesas (Farmingville, Brentwood e Mineola), assim como de vários membros de clubes portugueses, assentou na recolha de testemunhos de emigrantes lusos, em particular das mais antigas gerações de emigrantes portugueses em Nova Iorque. Segundo a diplomata, atualmente embaixadora de Portugal no Chipre, o foco principal deste trabalho foi concentrado na primeira geração de emigrantes portugueses em Nova Iorque, porque “era muito importante fixar estas histórias” de compatriotas que “estão a acabar”.
Um trabalho que a mesma caracterizou como “comovente”, dado que permitiu aos filhos e netos conhecer melhor os percursos migratórios e de vida dos seus pais e avós, e que simultaneamente demonstra como as representações diplomáticas e consulares são fundamentais para a dinamização da história, cultura e língua portuguesa no mundo.