Os portugueses que têm chegado na última década a Hamburgo, no norte da Alemanha, têm um perfil «diferente e mais qualificado», de acordo com Luís Pacheco, presidente da Associação Luso-Hanseática.
Ainda assim, «a maior parte dos portugueses que vive em Hamburgo trabalha no porto, em restaurantes ou também nas limpezas», sublinhou Luís Pacheco, acrescentando que os novos emigrantes, que geralmente falam muito bem inglês, mas pouco alemão, se juntam a multinacionais, onde exigem «altas qualificações».
«O português está muito bem integrado, adaptou-se sem dificuldades, é bem visto. Nunca ouvi queixas de ninguém, o que às vezes acontece com outras nacionalidades. Adaptamo-nos, somos corretos, somos pontuais, não criamos problemas. Somos portugueses», considerou o presidente da Associação Luso-Hanseática, criada em 1996.
Com cerca de 320 sócios, mais alemães que portugueses, a associação organiza várias atividades com o objetivo de «mostrar um bocadinho de Portugal» aos alemães «que se apaixonaram pelo país, pelas pessoas simpáticas, pela comida e pela música».
«Organizamos, uma vez por mês, a 'ronda dos restaurantes' para sócios e não-sócios, durante a qual comemos, rimos, falamos sobre as férias e sobre o que se passa em Portugal e na Alemanha, percebemos que os problemas dos dois países são, muitas vezes, parecidos. Também organizamos uma sardinhada, temos um jornal que escrevemos e apresentamos duas vezes por ano, fazemos leituras guiadas para discutir livros, entre outras coisas», descreveu Luís Pacheco à agência Lusa.
Para o português, que vive desde os 11 anos na Alemanha, é fundamental manter a língua e a cultura vivas, organizando atividades que envolvam as várias gerações, dos mais jovens, que já nasceram no país, aos mais velhos que chegaram há várias décadas.
«A comunidade portuguesa em Hamburgo é muito ativa. Se olharmos para o Portugiesenviertel (bairro português), por exemplo, parece que estamos na Baixa de uma cidade portuguesa. Depende sempre do tempo, mas as pessoas circulam muito, trabalham, celebram», descreveu.
Luís Pacheco, há três anos à frente da Associação Luso-Hanseática, contou que é contactado por muitos portugueses que planeiam mudar-se para Hamburgo.
«Querem saber onde podem inscrever os filhos, por exemplo. Indicamos as escolas, os cuidados de saúde, porque cada país tem diferentes leis e é preciso ajudar nesse sentido», admitiu.
Hamburgo é a cidade alemã com o maior número de portugueses. De acordo com os dados revelados pela Embaixada de Portugal em Berlim, até ao final de 2018 eram 9.520 os cidadãos registados, mais 130 pessoas que até dezembro de 2017.