A Faculdade de Estudos Hispânicos e Portugueses é a mais recente estrutura da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim (Beiwai). É também a primeira faculdade dedicada ao português na China continental.
“É um passo natural, que nos permitirá ter mais recursos, mais possibilidades e mais alunos e professores”, explicou à Lusa a diretora da recém-formada faculdade.
Era na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim que estava implementado o mais antigo departamento de ensino do português na China continental, aberto em 1961.
Agora, o ensino da língua portuguesa sai do âmbito de um departamento (o Departamento de Espanhol e Português da universidade) e passa a ser ministrado na nova faculdade, o que implica um aumento do orçamento para contratação de corpo docente e organização de atividades e palestras.
Até 1999, apenas a Beiwai e a Universidade de Estudos Internacionais de Xangai ofereciam licenciaturas em português.
Desde então, as instituições de ensino superior da China continental a incluir licenciaturas em português aumentaram de três para 25. No total, mais de 1.500 estudantes chineses frequentam agora cursos em português.
Com a abertura de uma Faculdade, o objetivo é complementar o ensino da língua com conhecimentos “mais aprofundados” sobre os países lusófonos e “aumentar o intercâmbio internacional”, revelou Patrícia Jin à Lusa.
“Com esta evolução, abriremos mais cadeiras, em cinco área de estudo: linguística, tradução, literatura, ciência política, economia e comércio”, acrescentou a diretora.
“Os alunos terão uma parte obrigatória e central, ensinada em português, mas também acesso aos cursos de outras faculdades”, disse.
A instituição abarcará quatro centros, incluindo o Centro Beiwai – Universidade de Lisboa – Instituto Camões; uma fundação e uma editora de manuais de ensino da língua portuguesa.
O aumento do orçamento permitirá ainda alargar o corpo docente, atualmente composto por oito professores chineses, uma leitora portuguesa e um leitor brasileiro, e organizar palestras. “Só neste semestre realizamos seis palestras académicas, com a participação de professores chineses, portugueses e brasileiros, de diferentes disciplinas”, sintetizou Jin.
A aposta da ‘Beiwai’ reflete a crescente necessidade da China em formar melhores quadros para trabalhar com os países de língua portuguesa, face à evolução das trocas comerciais, que só em 2018 se cifraram em 147.354 milhões de dólares (131.206 milhões de euros), um aumento de 25,31%, em termos homólogos.
O destaque vai sobretudo para Angola e Brasil, cujas trocas com a China compõem a maioria deste comércio.