O Presidente da República já está em território chinês. Na 'bagagem' levou a ambição de fortalecer laços e potenciar relações comerciais entre os dois países.
Marcelo Rebelo de Sousa já está em território chinês para uma visita que se prolongará durante seis dias. E este percurso teve início na visita simbólica à Muralha da China. Todos os presidentes da democracia portuguesa, explicou Marcelo em declarações aos jornalistas, "estiveram aqui e é tradicional começar a visita pela Muralha".
O Presidente da República, que vai participar em Pequim no fórum 'Faixa e Rota', aproveitou a oportunidade para realçar que o momento que se vive "nas relações entre os dois países é excelente", o que, no seu entendimento, "ficou provado pelas visitas recíprocas dos primeiros-ministros primeiro, e dos Presidentes depois".
O chefe de Estado admitiu que não é apenas através da "recordação das relações de cinco séculos" que se conhece bem a China e os chineses. É através do "salto qualitativo" potenciado por esta visita que se fomenta um "relacionamento político ao nível de países como a França", o que implicará "encontros anuais entre primeiros-ministros. Trata-se de salto qualitativo entre potências mundiais e países de grande afirmação europeia".
Enfatizou ainda Marcelo que a China reconhece a Portugal "um papel cimeiro", quer "no quadro da União Europeia, quer no relacionamento com países de língua portuguesa no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)". E, acrescentou, "isto acontece ao mesmo tempo que há um crescimento mais acentuado do ponto de vista do relacionamento económico, financeiro e cultural, não apenas diplomático".
Já no plano económico, considera o Presidente que a relação com a China "vai bem". Almeja Marcelo com esta visita apelar "ao investimento chinês no terreno" e reforçar "relações no sentido de potenciar exportações portuguesas no domínio onde Portugal tem competências para isso".
Marcelo não quis perder a oportunidade de frisar que Portugal tem "uma parceira cooperativa em domínios importantes à escala mundial com a China, como é por exemplo o caso das alterações climáticas. Aí não é uma parceria concorrência, é uma cooperação efetiva que temos e vamos continuar a estimular".
Já questionado sobre se o fim da OPA à EDP poderá funcionar como um entrave a este fortalecimento de laços portugueses e chineses, Marcelo comentou, de forma sucinta, "que não houve intervenção dos Estados. É o mercado a funcionar", rematou.
Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa vai participar em Pequim no fórum 'Faixa e Rota', iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas da Ásia à Europa, no qual intervirá, no sábado, e depois fará uma visita de Estado à República Popular da China, entre segunda e quarta-feira. Segundo a lista anunciada pela China, participam na segunda edição deste fórum os chefes de Estado ou de Governo de outros 36 países, além de Portugal, dos quais seis são membros da União Europeia, Itália, Grécia, Áustria, Chipre, Hungria e República Checa.
Entre os participantes estão também o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
Durante esta visita, Marcelo Rebelo de Sousa terá encontros com as principais empresas chinesas investidoras em Portugal, com exportadores portugueses para o mercado chinês e com altas autoridades de Xangai e da Região Administrativa Especial de Macau - os outros dois pontos do seu itinerário.
Na segunda-feira, será recebido por Xi Jinping com honras militares no Palácio do Povo e terá também uma reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.