Realizou-se na terça-feira à noite, em Joanesburgo, o encontro entre a Aliança HIP, que integra as comunidades helénica, italiana, portuguesa e cipriota, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

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Tratou-se de um encontro em que predominou a frontalidade e revelou um político que sabe conviver com a crítica. De salientar o forte apoio do Fórum Português neste evento, que arrastou mais de 60% das 2.200 pessoas que encheram o salão, e onde foi notória a presença de agricultores na sua maioria madeirenses ou oriundos de famílias madeirenses.


Este evento contou com a presença de vários membros do corpo diplomático e consular onde se incluíram o Embaixador de Portugal, Manuel Maria Cansado Carvalho, e o Cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Francisco Xavier-Meireles. Esteve também presente o Patriarca de Alexandria e de toda a África e três sacerdotes gregos.


Uma profusão de preocupações foram expressas ao mais alto magistrado da nação sul-africana, em forma de repulsa, nomeadamente falta de emprego para jovens, segurança, corrupção, proliferação de armas nas cidades, tendo os assuntos merecido reação do presidente.
O Advogado José Nascimento, coordenador da ala portuguesa do HIP, manifestou de forma explicita e sem ambiguidades a disponibilidade da comunidade portuguesa em querer colaborar de forma ativa com o governo da África do Sul e propôs que membros da comunidade portuguesa, luso-descendentes ou pessoas com conhecimentos pudessem ser nomeados para lugares de destaque, como por exemplo no parlamento, autarquias, embaixadas ou posições que possam desempenhar com eficácia em prol da África do Sul.

 

Reconquistar confiança

Posto isto, o política retorquiu imediatamente, dizendo que José Nascimento acabava de lhe tocar no coração e, ato contínuo, elogiou a propensão e disponibilidade da comunidade portuguesa, ele próprio aplaudindo José Nascimento, o que por simpatia o público presente bateu palmas pela reação do Presidente e também de aprovação ao proposto pelo Conselheiro da Diáspora Madeirenses na África do Sul.
Manuel Ferreirinha, Presidente do Fórum Português, após saudar o Presidente Ramaphosa, começou por dizer que os homens de negócios portugueses residentes na África do Sul têm uma difusão de negócios que impactam profunda e positivamente toda a comunidade do país.
«Isto, por si só, prova que a África do Sul tem um futuro muito positivo pela frente, mas diz respeito também aos sul-africanos para que ponham aos ombros a roda do diálogo e de parcerias com o governo, de forma a encontrar soluções para os desafios.
Sob o tema «Thu ma Mina» (Me manda), quando faltam 42 dias para as eleições gerais no país, Ramaphosa não deixou de exortar ao voto no seu partido, o ANC, mencionando que se encontrava extremamente agradecido à liderança da Aliança HIP por ter tornado possível um diálogo com membros destas comunidades. «Posso dizer que estas comunidades têm raízes profundas no nosso país, na nossa história e são parte integral do nosso tecido nacional. É certo que cometemos vários erros, mas aprendemos com eles.
Estamos aqui para servir o povo da África do Sul e é assim que queremos que a nação nos veja, e através da nossa ação queremos reganhar confiança no nosso povo», defendeu o Presidente.


A promessa do Presidente
Marcou presença no evento uma das figuras mais célebres da luta anti-apartheid, George Bizos, combate da liberdade e amigo intimo de Nelson Mandela, o qual foi apresentado por Ramaphosa e recebeu uma estrondosa ovação.
«Bizos é de descendência grega, advogado e um dos obreiros da melhor Constituição do Mundo», disse Ramaphosa, dirigindo-se a ele e pedindo-lhe para autografar o livro «Odissey to Fredom». «Presidente peço-te que consideres, sempre, que a África do Sul é de todos quantos vivem nela», pediu Bizos a Ramaphosa, conforme o JM teve a oportunidade de testemunhar.
Cyril Ramaphosa, colocando a sua mão no ombro de George Bizos, disse-lhe olhos nos olhos: «A África do Sul é para todos quantos vivem nela». Seguiu-se um abraço bastante expressivo entre estes dois combatentes da luta anti-apartheid.
Surpreendeu a organização o número de ministros e secretários de Estado presentes que se mantiveram até ao fim, à exceção da ministra dos Negócios Estrangeiros que se retirou porque tinha encontro marcado com o seu homólogo da Venezuela.
«Os portugueses, conforme foi fito, estão há muito tempo na África do Sul, fazem parte deste país e tencionam manter-se. A comunidade aposta neste país e ficou claro através dos seus interlocutores que está disposta a trabalhar para um país melhor», disse ao JM o Embaixador de Portugal.
Quanto às questões colocados ao Presidente, o embaixador respondeu ao JM que Cyril Ramaphosa, estando num evento de uma campanha eleitoral, onde afirmou que vai ganhar as eleições, e falou com essa segurança, deu sinais de que o racismo, xenofobia e combate à corrupção estão na sua agenda e que a África do Sul será um país para todos.

In «JM»