O primeiro almoço da Academia do Bacalhau de Joanesburgo da era pós-José Contente começou com o repasto a ser oferecido pelo compadre José Ferreira na sua Pastelaria “Princesa”, em Kensington.

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A reunião semanal juntou 43 compadres, comadres e convidados na tarde de quinta-feira 4 de Abril. Os convivas da tertúlia foram recebidos com entradas de pataniscas de bacalhau, chouriço assado e “jaquinzinhos” fritos. As entradas foram do agrado de todos os presentes e muito elogiadas.

O novo presidente da Academia-Mãe do Bacalhau, Manuel de Arede, fez soar o badalo pelas 13h30 da tarde. Começou não por fazer-se o tradicional brinde “Gavião de Penacho”, mas o presidente falou aos presentes. “Hoje é um dia que me sinto regozijado por me terem eleito presidente desta distinta casa. É um lugar muito difícil porque o pior que existe é a censura dos indivíduos que pouco ou nada fazem e muito criticam. Quero unir e não desunir. Tenho interesse em dar o meu melhor a quem mais precisa da ajuda desta casa. Os presidentes e direcções passadas fizeram tanto e cada um fez o que pode, deu o seu tempo e o seu dinheiro. E o futuro, o que eu quero é a conciliação do Passado, com o Presente e o Futuro, e assim levarmos a nau ao porto, para dar algum conforto aos infelizes. Pensei muito nesta frase da nossa Marcha e temos que condignamente dar o nosso melhor e o nosso coração àqueles que fora da porta precisam muito.”

“Fora da porta passam fome, vêm ter com a Academia do Bacalhau e com a Beneficência. O nosso compadre cônsul-geral e o compadre embaixador de Portugal, por vezes dizem à Academia do Bacalhau para ajudar e, nós estamos precisamente para isso. Somos o tampão das necessidades dos portugueses que não auferem de ajudas de Portugal.

Quero anunciar que o nosso compadre de Meireles é compadre desde que o badalo toca no início até que o badalo toca a significar o fim do almoço. Quero pedir-lhe ajuda numa aproximação às Misericórdias em Portugal e sei que vamos contar com a ajuda dos nossos compadres de Meireles e de Carvalho”, declarou o presidente.

Deu depois a palavra ao compadre Francisco-Xavier de Meireles. Os compadres e co-madres em torno da mesa perguntaram “então e o “Gavião de Penacho?”. O compadre de Meireles interveio.

“Caras comadres e caros compadres, boa tarde. Tenho insistido muito nisto e não quero alimentar nenhuma confusão que possa haver. Eu aqui não sou só o compadre Francisco-Xavier de Meireles, sou compadre com todo o orgulho, mas sou cônsul-geral sempre.”

“Onde eu estou, está o cônsul-geral e não consigo fazer doutra maneira”, declarou o compadre de Meireles.

“O Estado português confiou-me uma missão de serviço à Comunidade portuguesa na África do Sul. Por muito que eu quisesse fazer de forma diferente, são funções de Estado, não estão à disposição do indivíduo. Tudo que o cônsul-geral diz, dilo em representação do Estado português.

Desde que me tornei compadre da Academia de Windhoek, que tenho muito orgulho de o ser. Tive muitas oportunidades lá em ir aos almoços apenas como compadre. Aqui, isso é-me impossível”, explicou.

Acrescentou o compadre de Meireles que os actos consulares gratuitos, como os registos de nascimento, subiram em 513%. E também informou os presentes que sem serem pagas, as funcionárias do Consulado-Geral de Portugal em Joanesburgo, fizeram 117 horas extraordinárias no mês de Janeiro, 99 em Fevereiro e 122 em Março.

Só depois destas duas longas intervenções, é que foi feito o brinde “Gavião de Pe-nacho” cujo “tom” foi dado pelo compadre Nelson Reis.

O presidente de Arede afirmou que “ a minha intenção não é acabar com o “carrasco” mas é acabar com as multas de whiskey e vinho do Porto à mesa. Temos que arranjar uma solução para isto, portanto compadres estou aberto a sugestões da vossa parte”.

Para “carrasco” o presidente escolheu o compadre Nelson Reis.

O primeiro prato, o da sopa de caldo-verde, foi servido. O prato da sopa estava perfeito, com o caldo de batata bem fluido, mas sem ser aguado, a couve perfeitamente cortada e escaldada e uma a duas rodelas de chouriço nas malgas da sopa. O caldo-verde foi largamente elogiado por todos os presentes. O prato principal foi logo servido em seguida, com o “fiel amigo” preparado como “à Brás”. De notar a muita quantidade de bacalhau desfiado presente. De notar, a comadre Júlia Ferreira e o compadre José Ferreira sempre a vigiar as mesas, com ajuda do neto Cláudio Ferreira e da nora Paula Ferreira, a certificarem-se que o repasto decorria nas melhores condições e que a comida não faltava a ninguém.

De notar a alta qualidade da refeição apresentada pela Pastelaria “Princesa”.

Logo a seguir ao prato principal ter sido levantado da mesa, o presidente tornou a soar o badalo.

“Desculpem lá compadres interromper as vossas conversas, quero aqui agradecer às pessoas que vão acompanhar o meu executivo e nomeá-lo”. Para a vice-presidência da Academia-Mãe do Bacalhau, o presidente Manuel de Arede nomeou o compadre António Rebelo, compadre honorário João Carreira, compadre honorário Pedro Silva, compadre honorário Tony Pestana e compadre honorário Michael Gillbee.

Como secretária-geral ficou incumbida a comadre Analiza Lousada. A comissão de desporto é constituída pelo compadre Manuel de Abreu, compadre Jorge “Maradona” Rodrigues, compadre Rui Policarpo, o compadre João Jardim, o compadre honorário Jorge Simons e o compadre Orlando Marques.

A comissão de festas é composta pela comadre Milita Vieira-Pereira, comadre Zilda Coelho, comadre Luísa Martins, a comadre honorária Matilde Abreu, a comadre Vera Nazareth e a comadre Esmé Pereira.

O conselho fiscal é composto pelo compadre honorário José Vieira-Pereira com uma equi-pa a formar por ele .

O compadre de Arede afirmou que vai “arranjar um secretário para arranjar fundos/

donativos e cobrar quotas aos compadres da Academia-Mãe que não as pagam. Bem como cobrar às Academias do Mundo.”

O plano de eventos da tertúlia em Abril, sem data certa, é o jantar de visita do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o compadre José Luís Carneiro, mas que ficou dito pelo presidente que será feito na terça-feira 16 de Abril. Em Maio, também sem data certa, está agendado o torneio da sueca. A 8 de Junho será o jantar de gala do aniversário da Academia-Mãe do Bacalhau, no Wanderers Club. De 16 a 20 de Outubro decorrá o Congresso Mundial das Academias do Bacalhau na cidade do Porto, Portugal. Em Novembro deste ano, sem data certa, terá lugar o dia de golfe da Academia-Mãe e ainda no mesmo mês, normalmente na mesma semana, o jantar de Natal e o Magusto no Lar Rainha Santa Isabel.

De seguida, foi a vez da intervenção do compadre Jorge Oliveira, da Academia de Luanda. “Comadres e compadres, boa tarde em primeiro lugar, queria agradecer a honra de estar presente no almoço da Academia-Mãe. Não podia deixar de estar no almoço. Os meus agradecimentos ao compadre presidente cessante, o compadre José Contente, pelo que fez pelas Academias do Bacalhau e desejar as maiores felicidades e um bom desempenho ao novo presidente Arede. A Academia de Luanda luta e sempre se bateu pela manutenção dcas normas e regras das Academias. Não tem sido devidamente entendida essa posição nos Congressos, mas se não houver harmonia poderá haver fragmentação nas Academias, que são já 60. Há normas, há novas normas e a Academia do Bacalhau de Luanda nos últimos congressos apresentou moções para manter a harmonia das Academias. Não pode haver solidariedade com outras organizações, que as Academias apoiarem, para outras Academias se não houver harmonia dentro de cada tertúlia. Pensem e tentem fazer uma coisa já prevista há muito tempo, que é a publicação das moções aprovadas em Congresso, para informação de todas as Academias. Foram aprovadas quase todas por unanimidade. São estes os meus desejos, que no próximo Congresso no Porto, que seja tudo actualizado e cumprido”, rematou o compadre Oliveira.

A palavra foi dada ao “carrasco” da tarde, que apresentou a sua sentença. “Todos os Sportinguistas irão pagar as garrafas de whiskey e vinho do Porto pela vitória frente ao Benfica”. Depois, ambos os compadres Reis e Oliveira ausentaram-se devido a uma consulta médica.

Os convidados do compadre Hélio Brás apresentaram-se. Primeiro, Jorge Reis e depois João Frezas Vital que afirmou “ouvimos falar muito em Lisboa, onde moramos, da Academia do Bacalhau, mas não tínhamos noção do que era até estarmos presentes e vermos aqui hoje este almoço. Honra em estar presentes, é este o sentimento que temos hoje e não sabíamos da dimensão e força da Academia. Muito obrigado pela forma como nos receberam. Continuem a representar bem o país com tanto sentimento e, daqui levamos muitas vivências, mas garanto que o centro das vivências vai ser este almoço de hoje”, afirmou João Frezas Vital que depois recebeu uma forte salva de palmas.

O compadre Joaquim Melo também interveio no almoço para dar os parabéns e desejar os maiores sucessos à nova presidência da tertúlia. Inquiriu o presidente se o donativo anual da Academia-Mãe, que detem uma parceria com o Luso Cycling, à Casa do Gaiato em Maputo, continuará a ser feito. E se a nova direcção contempla incluir elementos do Luso Cycling na comissão de desporto, devido à parceria existente entre as duas instituições, visto que os ciclistas do Luso África têm o emblema da Academia-Mãe do Bacalhau na camisola que envergam.

O compadre José Contente entregou ao compadre honorário Pedro Silva o seu certificado de honorário e também entregou ao compadre Joaquim Matos, o certificado de presidente honorário da Academia do Bacalhau de Pietermaritzburg, decisão tomada em Congresso Mundial em Joanesburgo.

O compadre presidente honorário Joaquim Matos agradeceu muito o gesto. “É com muito orgulho que recebo o diploma como fruto do trabalho de muitos anos. Grato em especial à Academia-Mãe”, declarou o compadre Matos.

Foi depois mostrada a bandeira da nova tertúlia, a Academia do Bacalhau de Kinshasa, a ser oficializada a 6 de Abril. A bandeira e o badalo da nova tertúlia, como tem sido feito há muitos anos, foram doados pelo compadre Paulo Mariano.

O compadre José Ferreira agradeceu a escolha da Pastelaria “Princesa” para o primeiro convívio da nova presidência e desejou as maiores felicidades.

O almoço foi encerrado com o “Gavião de Penacho”. As sobremesas, gelatina e gelado foram servidas com pastéis-de-nata, a acompanhar os cafés e os digestivos.

In «O Século de Joanesburgo»