A comunidade portuguesa em Jersey insiste em reclamar a presença de um sacerdote português ou um padre que se expresse fluentemente na língua de Camões para que possam entender de princípio ao fim as eucaristias e todos os restantes serviços que são realizados.

PadreJersey

Um desejo tão antigo que ficou ontem registado pelo DIÁRIO e por Pedro Coelho, presidente do município de Câmara de Lobos, de visita à ilha do Canal.
Foi à entrada e também à saída de mais uma missa realizada na igreja de St. Thomas que alguns fiéis mais religiosos lamentaram que a igreja portuguesa, nomeadamente a Diocese do Funchal, ainda não tivesse dado sinais para poder satisfazer este sonho aos madeirenses que maioritariamente assistem às homilias.
João Carlos Nunes, Conselheiro das Comunidades Madeirenses, começou por agradecer o esforço do padre inglês, Benjamim Theobold que se esforça por se fazer entender, no entanto, considera que esta lacuna abre portas para que haja um maior distanciamento entre a comunidade portuguesa e a Igreja como ficou patenteado no número de presenças no amplo e bonito tempo.
«Parece-me que estamos esquecidos pela nossa igreja», começou por comungar. «estou cá há cerca de 45 anos e foram poucas, talvez duas visitas que um bispo da diocese do Funchal veio a Jersey», enumerou, sublinhando que essas deslocações foram ainda no tempo de D. Teodoro de Faria, ou seja, há mais de uma década.
«Ora, uma comunidade tão significativa como é a de Jersey, julgo que merecemos outra atenção», declarou, curiosamente numa altura em que a igreja madeirense passou a ser presidida por D. Nuno Brás, deixando um desafio de prelado: «Acho que seria importante que viesse cá para se inteirar dos problemas. Ver de próximo as necessidades para que possa ajudar a manter a fé católica, em vez de, mais tarde, lamentarmos o crescimento de outras religiões que começam a ter um crescimento nesta cidade. Deixo esse apelo».
Para contrabalançar este constrangimento, recorda que o padre Bernardino Trindade, padre da paróquia da Ribeira Brava, de quando em vez, é convidado a estar pressente nalguma cerimónia, designadamente na Festa de Nossa Senhora de Fátima, porém «apesar dessa ponte, isso não chega», manifesta.
Mesma opinião tem Cristina Oliveira. A câmara-lobense confidenciou ao autarca que tenta incutir os ensinamentos da fé católica à filha, uma assídua praticante, tal como a sua família, contudo entende que a igreja está a perder pujança porque «nem todos percebem inglês».
Ao lado, a poucos metros da igreja, na Casa de Chá, Délia Pinto confessava à vereadora Vanessa Azevedo que trabalha num lar de idosos e que o desejo da comunidade mais fiel é a garantia de ter um padre que fale português. «Estou em Jersey há 30 ano9s e já oiço isso desde que cá cheguei», revelou com sorriso no rosto.

Duas Irmãs
Cabe a duas Irmãs de nacionalidade portuguesa ajudar nos diversos serviços da igreja e da caridade e no auxílio aos mais idosos, um trabalho amplamente reconhecido mas igualmente desgastante que carece de ser reforçado face ao avolumar de problemas sociais.

In «DIÁRIO»