Cerca de uma centena de emigrantes e lusodescendentes oriundos da Venezuela participaram numa concentração e vigília no Funchal, junto à Assembleia Legislativa da Madeira, para alertar para a “situação caótica” do país.

VigiliaVenezuela

“Não podemos ficar indiferentes e estamos aqui para mostrar ao mundo que estamos preocupados”, afirmou Lídia Albornoz, membro do grupo promotor da iniciativa na região, designada “Uma vela pela Venezuela”, que decorreu este domingo simultaneamente em vários países.
No decurso da vigília, representantes do grupo encontraram-se com o vice-presidente do parlamento regional, Miguel de Sousa, a quem comunicaram as suas preocupações, numa altura em que as autoridades madeirenses registaram já o regresso de cerca de 7.000 emigrantes desde 2016 devido a crise na Venezuela.
“Os últimos acontecimentos [relacionados com o “apagão”] fizeram-nos pensar. Num só dia, quinze crianças morreram nos hospitais e, por isso, é impossível ficarmos indiferentes”, afirmou Lídia Albornoz.
A Venezuela esteve às escuras uma semana, na sequência de uma avaria na central hidroelétrica de El Guri, a principal do país, que afetou ainda dois sistemas secundários e a linha central de transmissão.
O “apagão” ocorreu na tarde de 7 de março e obrigou à suspensão das atividades laborais e escolares.
Entretanto os venezuelanos retomaram as atividades profissionais na última quinta-feira, prevendo-se que na segunda-feira os alunos regressem às aulas.
O Governo anunciou, por outro lado, que o sistema estava “recuperado a 100%”, mas persistem “apagões” em várias regiões do país, inclusive em urbanizações da capital.
No Funchal, os manifestantes proferiram várias palavras de ordem contra o executivo de Nicolás Maduro e ergueram cartazes com alertas, tais como “Maduro Assassino”, “Eu quero + democracia”, “+ paz”, sendo que alguns envergavam também camisolas com mensagens contra o Presidente da Venezuela.
“Nenhum país, nem sequer na II Guerra Mundial, esteve tanto tempo sem eletricidade”, lamentou Lídia Albornoz, sublinhando que “estas coisas estão a acontecer no século XXI, num país onde o progresso era tanto e caiu na decadência total em apenas 20 anos”.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o opositor e presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Cerca de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, já reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na Venezuela residem oficialmente cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, número que a própria comunidade diz estar distante da realidade, insistindo que são mais de um milhão, se incluir-mos os luso-venezuelanos e descendentes que não têm documentação portuguesa.

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