A PORT.COM recolheu os testemunhos de algumas portuguesas ‘de garra’ na Diáspora que, mesmo estando fora do seu país, conseguiram enfrentar os desafios e triunfar além-fronteiras.

MulheresDiaspora

No dia 8 de março celebra-se a Mulher e a sua luta pela igualdade, respeito e dignidade perante uma sociedade complexa que faz, diversas vezes, com que as conquistas alcançadas não sejam universais. Hoje já existem milhares de casos que contrariam a tendência e mostram não aceitar que a discriminação que recai sobre as mulheres seja só parte da norma. A PORT.COM recolheu os testemunhos de algumas portuguesas ‘de garra’ na Diáspora que, mesmo estando fora do seu país, conseguiram enfrentar os desafios e triunfar além-fronteiras.

Sofia Castro Lopes, investigadora, África do Sul

«O que começou por ser uma grande vontade de experimentar o mundo e de dar o meu contributo tornou-se depois uma forma de estar. Foi desta vontade que nasceram os mais improváveis percursos que me levaram a diversos contextos, muito diferentes da minha

origem. Da Nicarágua à Guiné-Bissau, passando por Barcelona, e agora na Cidade do Cabo, na África do Sul, em todas as paragens houve momentos bons, de triunfo e também dificuldades e contratempos.

Triunfar num contexto novo, na minha experiência, tem duas vertentes: a profissional e a pessoal. Profissionalmente, significa compreender a filosofia e a cultura do local de trabalho, perceber as expectativas específicas do contexto e sentir que faço parte da equipa. Tudo isto para além de cumprir os projetos, objetivos e tarefas que tenho em mãos. Pessoalmente, significa encontrar uma rede de amigos, compreender e experimentar a cultura, e realizar atividades, novas ou velhas, associadas ao lazer e prazer. Por fim, ter uma rotina e encontrar sítios preferidos para ir e visitar.

Manter a ligação àquilo que somos e de onde viemos é importante para este sucesso. Faz-nos sentir tranquilos na nossa pele e centrados no nosso percurso, contudo é também a fonte das “tão nossas” saudades.

Não ter a família, os amigos de sempre, os lugares seguros onde gosto de tomar café e demorar-me, e as ruas do Porto, que centenas de vezes percorri, são, talvez, as principais dificuldades no meu percurso. Depois, as barreiras culturais e linguísticas. Os lost in translation que acontecem com alguma frequência, o humor que nem sempre é partilhado fazem-me sentir algo só e, por vezes, uma verdadeira outsider. E claro, a falta de uma boa sopa, uma pescada frita com arroz de feijão e o nosso bacalhau espiritual que tanto me conforta a alma.

A disponibilidade para estar, ouvir e experimentar são, na minha realidade, os elementos essenciais para o triunfo de uma portuguesa pelo mundo».

In «Revista Port»