Portugal e Brasil assinaram na quarta-feira, na Organização das Nações Unidas (ONU), um memorando de entendimento para o ensino de português na escola desta organização internacional, em Nova Iorque, tornando-se este idioma o 10.º a ser aqui lecionado.
Na ocasião estiveram presentes o secretário-geral da ONU, António Guterres, que não fez declarações à imprensa, os representantes permanentes na ONU de vários países de língua portuguesa e um representante da Escola Internacional das Nações Unidas (UNIS, na sigla em inglês).
O português, um curso extracurricular que está a ser lecionado para 20 alunos desde a semana passada, torna-se, assim, a décima língua a ser ensinada nesta instituição de ensino privada, localizada em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, e que tem mais de 1.600 alunos de mais de 50 nacionalidades.
“No início [é] como atividade extracurricular, mas depois temos a esperança de que, com a sustentabilidade que a colaboração dos dois países dá a este projeto, se possa aos poucos transformar ou possa haver uma hipótese de o português ser também oferecido curricularmente”, declarou o embaixador de Portugal nas Nações Unidas, Francisco Duarte Lopes.
Segundo o embaixador português, trata-se de uma “oportunidade” para os alunos da UNIS aumentarem os conhecimentos sobre todos os países de língua portuguesa e de uma “hipótese” para “aumentarem as suas possibilidades nos mercados de trabalho”.
O representante permanente do Brasil junto da ONU, Mauro Vieira, considerou que as aulas, dadas por José Carlos Adão, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, e por uma professora brasileira, representam a “diversidade da língua e da forma de pensar” em cada um dos países de língua portuguesa e da “cultura, culinária, turismo”, tornando-se uma “plataforma excelente de divulgação e introdução do idioma português”.
Mauro Vieira disse ainda que os países de língua portuguesa, localizados em quatro continentes, “estão num bom momento de desenvolvimento económico e isso, obviamente, expõe os países mais aos contactos com o exterior”.
A ideia surgiu com a vinda do presidente do Camões, Luís Faro Ramos, a Nova Iorque, no Dia da Língua Portuguesa nas Nações Unidas, em 05 de maio, e foi oficialmente anunciada em 10 de outubro, em Lisboa, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros português e brasileiro.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, desejou felicidades e sucesso ao projeto e, dirigindo-se aos diplomatas presentes, declarou que o momento era “uma grande alegria” e demonstrando o desejo de que o ensino da língua tenha sequência “no sentido de aumentar a utilização do português no sistema das Nações Unidas”.
Os custos da manutenção do curso e dos professores são suportados pelas missões permanentes de Portugal e do Brasil junto da ONU e a cooperação estabelecida neste protocolo é acompanhada pelo coordenador do Ensino de Português nos Estados Unidos da América.
O professor responsável pelo curso de português, José Carlos Adão, informou que são lecionados três níveis de português, correspondendo ao ensino primário, básico e secundário.