Três traços fundamentais marcaram “o encontro caloroso” de Marcelo Rebelo de Sousa com Donald Trump. A contabilidade e a adjectivação é feita pelo própria chefe de Estado português no encontro que manteve com os jornalistas portugueses na embaixada de Portugal em Washington.

Madeiraonmipresente

Um “encontro caloroso”, que tem a ver com a história que une os dois países e com o papel fundamental da comunidade que faz a diferença. “Somos um milhão e 500 mil nos EUA. Trata-se de uma comunidade poderosa”.

Poderosa e sobretudo composta por gentes das ilhas. O presidente da República levará por isso na bagagem boas notícias para a Madeira e Açores depois da reunião com o presidente americano?, perguntou-lhe o DIÁRIO. Sem entrar em pormenores, Marcelo garantiu que toda a conversa com Trump teve o Atlântico sempre presente. A posição geoestratégica assim o exige. A dimensão de descoberta também.

Mas esta não foi a única referência à expressão insular de Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou “uma longa amizade e parceria” entre os dois países. “Fomos o primeiro país neutral a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América. Apesar de termos a Inglaterra como o nosso mais antigo aliado. Portanto, foi corajoso na altura”, salientou. E foi nesse contexto que a Madeira entra no discurso. “Não sei se sabe, mas os vossos pais fundadores celebraram a independência com um brinde com o nosso vinho, com o vinho da Madeira. É uma história muito longa a da nossa amizade e parceria, baseada em valores comuns: democracia, liberdade, o Estado de Direito, os Direitos Humanos”, referiu.

Num outro momento, a Região voltou a estar em foco. Não sendo os dominadores, há madeirenses na comunidade que tem peso nos EUA. “Portanto, não é apenas uma aliança militar, política, económica, é mais do que isso. É algo de muito humano”.

Humano também é falar de futebol e do Campeonato do Mundo. “Não se esqueça que Portugal tem o melhor jogador do mundo, que se chama Cristiano Ronaldo. Estou certo de que o seu filho sabe”, alertou Marcelo. “Por isso, se for à Rússia durante o campeonato, não se esqueça de que Portugal ainda lá está e quer ganhar”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, repetindo que a equipa portuguesa tem “o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo”.

Trump acabou a perguntar ao chefe de Estado português sobre se pensa que “Cristiano alguma vez irá concorrer à Presidência” de Portugal, como seu adversário. Marcelo retorquiu que, nessa matéria, Portugal “é um pouco diferente” dos Estados Unidos da América.

Neste ambiente é normal que um alucinante dia e meio de Marcelo terminasse com um brinde à América, com Vinho Madeira e na presença do presidente do Governo Regional. Por ter ocorrido já depois do fecho da nossa edição desta quinta-feira daremos conta amanhã.

Do encontro na Casa Branca, marcado também pelos cumprimentos dados a Trump encomendados pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, Marcelo retém a importâncias das relações bilaterais assente em dois domínios, o da defesa e o da energia. E ainda, um Terceiro traço, o multilateralismo, pois Portugal assumiu-se como ponte com o mundo em numerosíssimas áreas. “Sempre solidário com a UE”, adverte.

O Presidente garante que houve espaço para a aceitação das divergências, pois “nada que foi divergente deixou de ser tratado”. Garante mesmo que Trump respondeu a diversas questões, sobretudo em relação às fronteiras fortes. Dai que tenha a convicção que o encontro com O presidente norte-americano “atingiu os objectivos definidos”.

“Da parte portuguesa houve capacidade de expor os pontos de vista. Penso que consegui explicar-me. As partes ouviram-se mutuamente”, realça o Chefe de Estado abstendo-se de fazer análises de perfil. “O chefe de estado não comenta os traços e as características psicológicas e políticas dos seus homólogos”, esclarece.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para explicar aos jornalistas a “mudança das feições da política externa portuguesa. Que vai implicar “mais contactos internacionais, mais visitas de trabalho, embora mais curtas e mais intensas”.

Não é por acaso que “Portugal tem encontros de forma permanente e natural com outros países”, observa

In «Diário de Notícias da Madeira»