Jovens e dirigentes da Casa da Madeira de Joanesburgo e da Casa Social da Madeira prestaram hoje homenagem aos heróis da ‘Classe de 76’, perenizando assim a memória daqueles que pagaram com o sacrifício supremo, o preço da responsabilidade, da mudança que almejavam, acreditavam e sonhavam ver.

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O presidente de África do Sul, que presidiu às comemorações, realizadas esta manhã no Soweto, dirigiu-se às crianças que envergavam trajes madeirenses, os nomes e a escola a que pertenciam dizendo-lhes: “É com muito prazer que noto a vossa presença neste lugar tão importante para nós. Muito obrigado”.

Saliente-se que esta data marcou o 42º aniversário do levantamento estudantil, o dia em que os estudantes do ensino secundário do Soweto tomaram a iniciativa de liderar uma série de protestos contra o uso da língua afrikaans como modo de ensino em todas as escolas. Foi indubitavelmente o momento crítico que marcou a linha divisória, um dos dias mais sangrentos de sempre na história do país, o momento que marcou para sempre a história da África do Sul. Pela segunda vez consecutiva, jovens luso-descendentes na sua maioria com raízes na Madeira, marcaram presença, e deixaram o seu testemunho de respeito e gratidão pela mudança e liberdade.

Eram 07h30 quando um grupo de cerca de 1.000 estudantes começou a marchar nas ruas do Soweto, com placards, cantando e a cujo grupo se foram juntando outros estudantes das escolas mais próximas que formaram muito rapidamente 11 colunas que marchram em direcção à Administração municipal apesar de algumas “ esfregas com a polícia. Pouco tempo depois a o número de alunos era aproximadamente de 20.000. Pelas 09h00 a polícia barricava o caminho aos estudandes numa marcha pacífica, tendo usado gás lacrimogénio e feito disparos, tendo sido observado a queda de 4 estudantes e outros gritando e correndo nas mais diferentes direções.

Cerca das 10h30 muitas crianças voltavam a congregar-se nas proximidades de Escola de Orlando Oeste onde a polícia volta a usar gás lacrimogénio tentando em vão dispersar os estudantes os quais retaliaram apedrejando a polícia. Novos disparos feitos pela polícia fizeram com que dois alunos, Hastings Ndlovu de 15 anos e Hector Peterson de 12 anos, tombassem para jámais se levantarem, entrando assim na história da África do Sul que hoje no Soweto lhe rendeu uma vez mais uma merecida homenagem e também à Classe de 76 e que contará pela segunda vez com a presença de uma representação de pessoas oriundas da Madeira que deixarão o seu testemunho de respeito e gratidão pela mudança e liberdade.
De assinalar a presença do Cônsul-Geral de Joanesburgo, Francisco-Xavier Meireles, do Conselheiro Gilberto Martins, da presidente da Casa da Madeira de Joanesburgo, Guida de Freitas, da presidente do Rancho Folclórico da Casa Social da Madeira (Pretória) e da presidente do Associação do Folclores Português na África do Sul, Maria Inês Wendy Ferreira.

In «JN Madeira»