O primeiro-ministro António Costa presidiu nesta segunda-feira a uma cerimónia para assinalar a reposição dos quatro feriados retirados em 2012. No Palácio da Independência, em Lisboa, lugar que Costa considerou "simbólico", o primeiro-ministro fez questão de deixar uma crítica à decisão do anterior Governo: "Há princípios, valores e acontecimentos fundamentais cuja memória e celebração não podem estar à mercê de cálculos ocasionais, de impulsos ideológicos e de fins propagandísticos, mesmo quando se apresentam sob argumentos que os dissimulam ou disfarçam."

Feriados voltam

Para Costa é, "aliás, esta a raiz de muitos e graves problemas do nosso tempo: a subordinação de valores perenes a interesses efémeros, a confusão entre o essencial e o acessório, a desvalorização do simbólico". Para o primeiro-ministro, "a política faz-se com pragmatismo, mas, antes disso, faz-se com valores e princípios".

O que Costa quis dizer, no seu discurso, foi que "há valores permanentes acima das conveniências conjunturais", que "a história, a memória, a cultura e a identidade de Portugal não são valores efémeros, dispensáveis, instrumentais ou secundários que possam ser depreciados, transaccionados ou esquecidos em nome de considerações circunstanciais ou de propósitos imediatistas ou utilitaristas." Pelo contrário, para Costa, é perante "dificuldades, exigências e desafios" que mais se precisa de "inspiração lúcida e forte" para dar "sentido de comunidade".

Costa garantiu ainda que não fez esta reposição "por facilitismo ou pelo desejo" de serem "populares".

"Sem ignorar as muitas dificuldades que temos, acrescentadas pelas mudanças e riscos de um mundo cada vez mais imprevisível, perigoso e exigente, olhamos para os acontecimentos que estes feriados evocam e aprendemos com eles que, em situações tão ou mais graves do que a nossa, os portugueses souberam descobrir saídas e construir os caminhos do futuro", continuou Costa. E rematou com duas ideias: a de que "o restabelecimento destes feriados deve ser um acto de pedagogia cívica" e que, "agora, mais do que nunca, temos a obrigação de comemorar" estas datas.

O primeiro feriado que os portugueses já vão poder usufruir é 26 de Maio (Corpo de Deus).

in Público