O Centro das Comunidades Madeirenses tem sido, desde a sua fundação em 1977, uma excelente ferramenta não só de aconselhamento, mas também de apoio a muitos níveis para quem labuta e vive lá fora, bem como para aqueles que por uma ou outra razão pensaram em deixar a Região rumo a outras paragens.

JoseAgoncalves

A mudança de instalações do CCM da Vila Passos para o coração do Funchal (Avenida Arriaga) acontece graças à visão política e ao mesmo tempo sensibilidade para com as Comunidades Madeirenses por parte de quem tutela e muito bem, este importante pelouro.

Apesar da excelência das instalações anteriores, a verdade é que para as pessoas de idade ou para quem não possui automóvel, esta nova localização facilita e em muito o acesso físico a estes serviços.

Tenho acompanhado, desde há muitos anos, o trabalho do Centro das Comunidades Madeirenses e verdade seja dita, a equipa deste Centro merece toda a nossa gratidão pela forma como tem desenvolvido e desenvolve o seu trabalho. O seu verdadeiro espírito de missão é digno de registo e exemplar. Bem hajam!

Dito isto e porque os tempos do “El Dorado” na Europa já passaram infelizmente à história, dando lugar a um aproveitamento perigoso por parte de “angariadores” mal-intencionados e sem escrúpulos, insisto que os nossos conterrâneos antes de deixarem a Madeira a fim de começar uma nova vida consultem, sem receios, os serviços de aconselhamento do Centro das Comunidades Madeirenses.

Quando se emigra, regra geral, é em busca duma vida melhor. Salvo alguns casos em que se o faz por razões de ordem de transferência ou formação profissional ou procura de novas experiências o que é salutar. Daí o importante não é só de saber quando se vai ganhar mas é também conhecer o custo de vida do país de destino e sobretudo quanto fica nos bolsos depois do pagamento dos impostos e deduzidos todos os gastos não supérfluos. Isto, sem esquecer os custos da habitação e respetivo aquecimento. Às vezes as surpresas são assustadoras. Saber se o contrato que tem em mão é válido deve ser também uma das preocupações que o Centro das Comunidades Madeirenses pode, de certa maneira, ajudar a decifrar.

Mudando de assunto, nesta minha ultima visita à Madeira tive a oportunidade de ver ao vivo o nosso cortejo de Carnaval, o que não acontecia há 35 anos... e já agora e porque sei que muitos o fazem por “carolice”, aproveito o ensejo para, como madeirense, agradecer a todos os que tornam possível este e outros cartazes turísticos da nossa terra que envolvem largas centenas de participantes de forma benévola. Sinceramente gostei muito não só pelo Cortejo em si mas também pelo ambiente que se respira à volta do mesmo. Tenho a certeza de que estes momentos de “Carnaval” fizeram bem à moral de muita e boa gente.

Pena é que ainda há quem do outro lado do Atlântico mesmo em semana de Carnaval e talvez por isso, se dirija à Madeira e por conseguinte aos madeirenses como dependentes do retângulo e fazendo por esquecer o que os 1.270.000 madeirenses espalhados pela Região Autónoma da Madeira e resto do mundo fazem por Portugal no seu todo.

A este propósito, lembro-me dum amigo que desempenhava funções de relevo em Madrid e que fazia questão de, sempre que visitava Portugal acompanhado de investidores espanhóis potenciais, vir de automóvel. Isto dizia, é porque em Espanha há, nos dias de hoje, quem pense que Portugal é ainda uma terra provinciana. O vir de carro era uma oportunidade para, sem comentários, confrontá-los com a imagem de Portugal como país moderno e de oportunidades e com acessibilidades de fazer inveja.

Seguindo o raciocínio desse meu amigo, será que alguém tem uma ideia de como trazer à nossa Região Autónoma esses “Senhores” do retângulo que teimam em olhar para a Madeira e Porto Santo apenas como um ponto perdido no mar do Atlântico e os madeirenses como um povo adormecido?

Viva a Madeira!

In «Jornal da Madeira»