O conselheiro das comunidades Fernando Campos considera que os portugueses de Caracas estão preocupados com a crise político-económica venezuelana, mas à espera de sinais de confiança na economia para reinvestir num país que tem "muitas possibilidades" de crescimento.

ComunidadeVenezuelaconfiante

"A comunidade tem esperanças, neste momento muito reduzidas, sobre o que poderá ser 2018. As pessoas estão muito preocupadas porque não veem um crescimento económico importante, que haja medidas do ponto de vista económico e social que permitam o crescimento económico, que possam permitir um investimento com segurança", disse Fernando Campos.

Em declarações à agência Lusa, o empresário e conselheiro das comunidades explicou que os portugueses esperam que possa haver um "reconhecimento, de parte do Governo, de que o caminho que está a tomar a economia neste momento não é o adequado" e que sejam tomadas "outras ações que permitam esse crescimento, que possam criar confiança".

"Se essas medidas aparecerem, se a confiança voltar à comunidade, os portugueses vão ser dos primeiros a reinvestir os seus lucros, os seus dinheiros, na economia venezuelana, porque continuam a acreditar que este país tem muitas possibilidades. A grande maioria dos portugueses acredita nisso", frisou.

Fernando Campos recordou que os portugueses chegaram à Venezuela sem nada, e com "trabalho são" (legal), levantaram famílias, conseguiram uma vida estável, apesar de nem todos terem feito fortuna.

"A Venezuela ainda tem muitas coisas para dar. Acredito que nalgum momento vamos ter, talvez não a Venezuela dos anos 60 e 70, mas [uma Venezuela] que nos vai retribuir todo o esforço e trabalho que temos feito por este país" sublinhou.

Quanto a 2017 explicou que "foi muito complicado" para os portugueses e "para a sociedade venezuelana em geral".

"A comunidade foi muito afetada. Os portugueses estão nas áreas do comércio, da indústria, que têm caído de uma forma bárbara, a pique, por muitas coisas: falta de matéria-prima, produtos, por uma economia talvez um bocado errada que não tem permitido que as pessoas continuem a acreditar no país e a investir ou reinvestir os seus lucros", disse.

Segundo o conselheiro essa situação tem levado os portugueses a "reduzirem os seus investimentos e muitas companhias, indústrias e comércios têm fechado".

"A comunidade está a reduzir-se, sobretudo a segunda e terceiras gerações. Os filhos estão a sair [do país], em busca de outras oportunidades, afetados mais que tudo pela economia. Sobretudo profissionais jovens, que não encontram oportunidades de trabalho que sejam reflexo dos seus estudos e de que os seus ingressos possam ser de acordo com os seus níveis académicos", disse.

Nesse sentido, alertou que a primeira geração de portuguesa está a ficar só e são "pessoas que estão já numa idade em que não produzem nada, e tinham negócios e comércios que estavam a produzir, mas que pela situação económica do país a tendência é fechar".

"A insegurança é um tema também que preocupa muito a comunidade, porque somos um objetivo importante. Os sequestros aumentaram de uma forma importante, porque é uma forma rápida que os criminosos têm para fazer algum dinheiro", disse.

Por outro lado, apelou ao Governo português que continue a apoiar a comunidade, "que nalgum momento foi uma fonte importante de divisas" para Portugal.

"Nem todos os que emigraram fizeram fortuna, há pessoas em condições difíceis. É o momento de o Governo apoiar a comunidade", disse.

Segundo o conselheiro também os lusodescendentes que estão a ir para Portugal precisam de apoio, que os seus títulos académicos e profissionais sejam reconhecidos, para ter acesso à educação e ao mercado de trabalho.

O conselheiro das comunidades frisou ainda ver com bons olhos "uma aproximação entre os governos sem cair no contexto político" e mais comércio bilateral que beneficia a economia portuguesa e protege a grande comunidade no local.

in PORT.COM