Dando seguimento ao nosso último artigo publicado a 9 de Novembro no qual refiro que há todo um trabalho a fazer de aproximação com as Embaixadas e Consulados de Portugal no mundo, é importante salientar que muitos são os portugueses não residentes que desconhecem a verdadeira missão duma Embaixada e ainda menos a de um Consulado e, sejamos francos, muitos dos nossos diplomatas de carreira nada fazem para inverter essa situação. Saber porquê…

 

JoseAntonioGoncalves

 

Há que reconhecer embora e em abono da verdade, que a situação tem evoluído nos últimos tempos, mas lamentavelmente ainda encontramos em países importantes de acolhimento, Embaixadores e Cônsules de carreira que esquecem que a sua missão só é positiva, para não dizer completa, se conseguirem estabelecer um contacto de qualidade com a Comunidade, baseado no respeito e auscultação da mesma.

Para que serve um número de telefone de emergência consular (louvável iniciativa que merece ser generalizada), se o mesmo não for de conhecimento público?

Porque não levar a cabo nas Embaixadas e/ou Consulados, uma série de eventos tipo “portas abertas” de diferente índole, dos quais já existem, aliás, precedentes?

Assim poder-se-ia valorizar a comunidade portuguesa da área consular respetiva, em particular através da divulgação dos talentos, empresas e serviços dos nossos compatriotas e seus descendentes pelo mundo fora. Isto, em simultâneo com a presença dum módulo “Embaixada e Consulados” com o objetivo de dar a conhecer os serviços de apoio e de ligação à Comunidade bem como o associativismo local.

Temos a certeza de que este tipo de eventos teria o condão de atrair muitos dos nossos compatriotas e seus descendentes, provocando um diálogo salutar entre todos e permitindo, ao mesmo tempo, constituir uma base de dados para ações futuras de interesse para o nosso país. É importante também ter em mente que uma tal iniciativa constituiria um instrumento válido para ajudar a realizar um melhor e mais eficaz recenseamento dos portugueses não residentes, completando aquele que existe atualmente. Neste contexto, é imperativo passar a mensagem, de que para sermos ouvidos e considerados como desejamos, devemos abandonar a nossa inércia e passar a exercer de uma forma sistemática o direito cívico de todo o português que se preze, que é o de votar para a Presidência da República, Assembleia da República e no caso dos portugueses originários da Região Autónoma da Madeira e se a legislação o vier a permitir como esperamos, para a Assembleia Legislativa Regional.

Como referência à base de dados atrás mencionada, recordamos que houve, há alguns anos, uma ideia da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas da criação duma “ferramenta” intitulada NETINVEST cujo objetivo era o de fazer um levantamento de toda a Comunidade Empresarial Portuguesa no estrangeiro.

A Comissão Permanente dos Assuntos Económicos das Comunidades Portuguesas, da qual fiz parte, depois de uma análise exaustiva do documento alusivo à criação de um tal instrumento, recomendou que, além de se proceder à procura de empreendedores e/ou parceiros visando e bem a internacionalização da nossa economia, a NETINVEST tivesse um âmbito mais vasto e com o apoio das Embaixadas, delegações da AICEP e o mundo associativo das Comunidades Portuguesas, procedesse à inventariação de empresas, de gente empreendedora e de investidores potenciais bem como dos de profissões liberais, dos centros sociais e dos núcleos de cultura portugueses no estrangeiro, constituindo assim um “quem é quem” nas nossas Comunidades. Enfim, um trabalho que permitisse duma forma clara e inequívoca revelar a importância dos portugueses não residentes e o tipo de oportunidades e/ou intercâmbios possíveis de oferecer e por segmento, tendo em vista o maior aproveitamento possível das diferentes sinergias não só a bem de Portugal mas também das próprias Comunidades.

Uma ideia louvável da Secretaria das Comunidades Portuguesas que chegou a beneficiar de um grande investimento inicial e até da nomeação de responsáveis mas que, por razões que desconhecemos, foi, mais tarde e depois de considerar como positiva a proposta da Comissão Permanente dos Assuntos Económicos do CCP, simplesmente abandonada.

Infelizmente e, como muitas vezes aconteceu com o Conselho das Comunidades Portuguesas de que fiz parte, muitas das suas recomendações e projetos que mereceram elogios e aplausos de Instituições e de organismos oficiais não tiveram qualquer concretização prática. Diremos mesmo, que só avançaram um metro, ou seja da secretária onde se encontravam para análise e despacho, para o “arquivo vertical”. E, é nisto e recordando o que digo no meu último artigo de opinião, que os órgãos representativos das Comunidades Madeirenses se diferenciaram do das Comunidades Portuguesas nos últimos anos, ou seja, no aproveitamento efetivo feito do trabalho dos seus Congressistas e Conselheiros das Comunidades, por quem de direito! 

 

In «JN»